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Lage e o autocarro montado para não dar um metro que só teve retrovisor (a crónica do Bayern Munique-Benfica) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 6, 2024

Bayern Munique à quarta-feira, FC Porto ao domingo. O Benfica tinha por estes dias a semana mais complicada da temporada até agora, com a visita a um hexacampeão europeu e o primeiro Clássico da época, e não existiam dúvidas na hora de sublinhar de que o primeiro resultado era importante nas contas da Liga dos Campeões e o segundo era relevante nas contas do Campeonato.

Vinda de três vitórias consecutivas depois da derrota com o Feyenoord na Luz, a primeira da nova era de Bruno Lage, a equipa dos encarnados chegava à visita à Alemanha com seis pontos em três jornadas e em posição de apuramento para o playoff de acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões — e com menos um jogo do que todos os clubes que atuaram esta terça-feira. Contudo, o novo formato da competição obriga a olhar também para a frente. E o Benfica já sabia que iria sair do Allianz Arena com visitas ao Mónaco e à Juventus e uma receção ao Barcelona por cumprir.

Ficha de jogo


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Bayern Munique-Benfica, 1-0

Fase de liga da Liga dos Campeões

Allianz Arena, em Munique (Alemanha)

Árbitro: Davide Massa (Itália)

Bayern Munique: Neuer, Kimmich, Kim Min-jae, Upamecano, Alphonso Davies, Konrad Laimer, João Palhinha, Jamal Musiala (Thomas Müller, 90+2′), Gnabry (Kingsley Coman, 72′), Harry Kane, Michael Olise (Leroy Sané, 56′)

Suplentes não utilizados: Daniel Peretz, Max Schmidtt, Goretzka, Eric Dier, Arijon Ibrahimovic, Raphael Guerreiro, Mathys Tel

Treinador: Vincent Kompany

Benfica: Trubin, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi, Issa Kaboré (Jan-Niklas Beste, 45′), Fredrik Aursnes, Renato Sanches (Rollheiser, 86′), Kökçü (Arthur Cabral, 79′), Álvaro Carreras, Aktürkoğlu (Di María, 56′), Amdouni (Pavlidis, 45′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, André Gomes, Schjelderup, Florentino, Leandro Santos, Adrian Bajrami

Treinador: Bruno Lage

Golos: Jamal Musiala (67′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Issa Kaboré (26′), a Kökçü (71′), a Jamal Musiala (73′)

Na antevisão, Bruno Lage foi questionado sobre o facto de o Benfica só ter somado derrotas em casa do Bayern Munique — e desvalorizou a história. “O peso da história só importava se fossem sempre as mesmas pessoas a jogar o mesmo jogo. Como são pessoas diferentes, acho que é esse o desafio. É o desafio de podermos vir aqui e jogar o nosso jogo. Isso é o mais importante, nós estarmos convictos daquilo que temos de fazer, o jogo que podemos fazer perante este adversário e conquistar pontos. Seria muito importante para nós nesta altura”, explicou o treinador encarnado.

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Ora, neste contexto, Bruno Lage surpreendia e operava uma verdadeira revolução no onze inicial. Sem Alexander Bah, que está lesionado e nem sequer viajou para a Alemanha, o treinador mudava o sistema tático e apostava numa linha de três centrais, com Issa Kaboré e Álvaro Carreras a surgirem nas laterais da defesa. Di María, Florentino e Pavlidis começavam todos no banco, com Renato Sanches e Amdouni a saltarem para a titularidade. Do outro lado, num Bayern Munique que tinha apenas três pontos em três jornadas — uma vitória, duas derrotas –, Vincent Kompany lançava Olise, Harry Kane e Gnabry no ataque, sendo que João Palhinha também era titular.

Os instantes iniciais demonstraram desde logo que o desenho tático que tinha sido antecipado estava correto: António Silva, Otamendi e Tomás Araújo surgiam em linha, Renato, Kökçü e Aursnes tomavam conta do meio-campo e Amdouni e Aktürkoğlu eram os dois elementos mais adiantados. O Benfica quase não tocou na bola nos primeiros dez minutos, com o Bayern a instalar-se por completo no meio-campo contrário e a exercer uma pressão alta que asfixiava os encarnados, mas a verdade é que os alemães também não tinham capacidade para criar perigo.

O Benfica tinha enorme densidade populacional no último terço defensivo, essencialmente no corredor central, e o Bayern não tinha espaço para jogar com passes curtos e rendilhados e de forma organizada, esbarrando quase sempre na muralha montada por Bruno Lage. Os encarnados só procuravam sair a jogar em contra-ataque e transição rápida, ainda que raramente tenha acontecido, mas a verdade é que o Bayern também demorou meia-hora a fazer um remate.

Quando fez, porém, desbloqueou esse aspeto. Konrad Laimer foi o primeiro e falhou o alvo (30′), Harry Kane rematou de fora de área para Trubin encaixar (32′), o mesmo Harry Kane atirou rasteiro para o guarda-redes ucraniano também defender (33′) e o Bayern acabou mesmo por ficar muito perto do golo já quase em cima do intervalo. No mesmo lance, tanto Kane como Gnabry forçaram Trubin a duas intervenções cruciais (38′), com o guarda-redes encarnado a ser o principal responsável pela manutenção do nulo no final da primeira parte.

Ao intervalo, já depois de Musiala também obrigar Trubin a outra defesa atenta (45′), Bayern e Benfica estavam empatados sem golos em Munique: os encarnados iam cumprindo o plano defensivo, permitindo muito pouco aos alemães, mas realizavam uma exibição demasiado escassa e cinzenta. Ainda assim, a verdade é que Bruno Lage e companhia estavam a 45 minutos de fazer o que o Benfica nunca tinha feito — pontuar em casa do Bayern.

Bruno Lage mexeu logo ao intervalo e trocou Kaboré e Amdouni por Beste e Pavlidis, apostando na qualidade do jogador alemão no corredor direito e no maior pragmatismo do avançado grego no ataque. A lógica mantinha-se, já que o Bayern tinha bola e estava completamente inserido no meio-campo contrário e o Benfica não conseguia ter bola e só respirava em transição rápida, mas ficava claro que a entrada de Pavlidis oferecia uma referência ofensiva e um outro critério na saída que não tinha surgido na primeira parte.

O treinador encarnado não gostava do que via e voltou a mexer ainda antes da hora de jogo, lançando Di María no lugar de Aktürkoğlu, enquanto que Kompany respondeu ao trocar Olise por Leroy Sané. O Bayern cresceu com o avançar da segunda parte, mas continuou a encontrar um gigante Trubin na baliza: o guarda-redes ucraniano defendeu um remate em jeito de Sané (59′) e outro de fora de área (64′) e ia segurando o nulo que se mantinha no marcador.

A muralha, porém, acabou por cair. Sané entrou em campo para dar muito trabalho a Álvaro Carreras e desequilibrar e cruzou na direita para o poste mais distante, onde Kane amorteceu de cabeça e viu Musiala aparecer na pequena área a cabecear para bater Trubin (67′). Kompany voltou a mexer pouco depois, trocando Gnabry por Coman para refrescar novamente o ataque, e o jogo entrou numa fase mais morna — sem reação encarnada e sem que os alemães implementassem muita intensidade a partir do momento em que desbloquearam o marcador.

Bruno Lage ainda lançou Arthur Cabral e Rollheiser, mas já nada mudou até ao apito final. O Benfica perdeu com o Bayern Munique na Alemanha, mantendo o registo totalmente negativo em casa dos bávaros, e somou a segunda derrota consecutiva na Liga dos Campeões. Os encarnados entraram na Allianz Arena de autocarro — mas esqueceram-se de que não podiam ter somente um espelho retrovisor.





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