Pelo menos 32 pessoas foram mortas em novos atos de violência entre sunitas e xiitas no noroeste do Paquistão, anunciou este sábado o governo local, dois dias depois de ataques contra xiitas terem feito 43 mortos.
Desde o verão, o conflito entre sunitas e xiitas em Kurram, um distrito da província de Khyber-Pakhtunkhwa, que faz fronteira com o Afeganistão, já causou cerca de 150 mortos.
Uma dezena de assaltantes disparou na quinta-feira contra dois comboios que transportavam famílias xiitas sob escolta policial na região montanhosa. Pelo menos 43 pessoas foram mortas e 11 feridos continuavam hoje em estado crítico, segundo as autoridades, citadas pela agência francesa AFP.
Na sexta-feira à noite, depois de um dia de procissões fúnebres de alta tensão em Kurram e de desfiles de xiitas, a maioria no Paquistão, “a situação deteriorou-se”, disse um oficial superior da polícia local. “Ao fim da tarde, xiitas furiosos atacaram o mercado de Bagan, que é maioritariamente dirigido por sunitas”, contou a mesma fonte.
Durante três horas, “os atacantes dispararam armas ligeiras, armas automáticas e morteiros. Os sunitas ripostaram”, afirmou.
A violência entre as comunidades xiita e sunita continuou este sábado em vários locais. “Os últimos números apontam para 32 mortos: 14 sunitas e 18 xiitas”, disse à AFP um membro da administração local, sob condição de não ser identificado.
Outro membro da administração local, Javed Ullah Mehsud, disse que centenas de lojas e casas foram incendiadas na zona do mercado de Bagan. Mehsud acrescentou que estavam a ser feitos esforços para restaurar a ordem e que as forças de segurança estavam a ser destacadas para a zona.
Também estavam a ser convocados os membros dos conselhos tribais (jirgas). Os conflitos entre tribos de diferentes convicções prendem-se, nomeadamente, com a questão da terra no distrito de Kurram, onde prevalecem os códigos tribais de honra. Muitas vezes, os códigos tribais de honra sobrepõem-se à ordem que as forças de segurança se esforçam por manter.
No Paquistão, um país muçulmano de maioria sunita, os xiitas há muito que se dizem vítimas de discriminação e violência.