Cerca de 20 motoristas de transporte individual de passageiros em veículo descaracterizado (TVDE) estão concentrados, esta quinta-feira, em frente à Câmara Municipal do Porto para reclamar por mais fiscalização e formação, bem como pela revisão das tarifas de transporte.
Em declarações aos jornalistas, um dos responsáveis pelo protesto dos motoristas TVDE, João Gomes, salientou que a manifestação “não é contra nenhum inimigo”, mas sim para “chamar a atenção” para as condições do setor.
“Esta ação de luta não visa um inimigo, nós não temos inimigos. Os parceiros com quem nós trabalhamos, que são as plataformas digitais, o Governo com quem nós queremos estabelecer contacto, os próprios utilizadores, que queremos que tenham confiança no setor e que percebam que nos não somos nenhuns bichos nem nenhumas pragas, não são nossos inimigos”, explicou.
Segundo aquele representante dos motoristas, o protesto, que teve início às 10h00 e que, pelas 10h30, reunia cerca de 20 participantes, pretende alertar para a necessidade de regulamentar mais o setor.
“O que nós queremos é que todas as partes cheguem a um consenso e que percebam que não é possível continuar desta forma”, referiu, lembrando que o protesto deverá prolongar-se até às 14h00.
Entre as dificuldades que o setor enfrenta, João Gomes salientou “o facto de os motoristas terem que passar 12, 13, 14 horas ligados a uma plataforma para conseguirem fazer aquilo que é o mínimo exigido para que uma empresa se mantenha à tona de água”.
O também motorista TVDE lembrou que as plataformas digitais cobram 25% do que é faturado: “Temos que rever a questão das tarifas, da formação, das licenças dos operadores e o paradigma que está montado e sentarmo-nos todos a uma mesa e conversar com sinceridade”.
O protesto desta quinta-feira está marcado para todo o país, com concentrações programadas também para Lisboa, Faro, Coimbra e Leiria e acontece cerca de um mês depois do último protesto e tem o apoio institucional da Associação Movimento Nacional (AMN) — TVDE.
Entre outras questões que levam ao protesto está a pretensão do pagamento de 50% do quilómetro da viagem até à recolha do cliente, dado que as plataformas atribuem, por vezes, viagens a 10 quilómetros da recolha dos passageiros sem que haja qualquer compensação para o motorista.
Os parceiros e motoristas querem igualmente o aumento da atual tarifa mínima ao cliente por viagem de 4,25 euros até três quilómetros, a redução da comissão das plataformas de 25% para 15% e a fiscalização das licenças do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).