Marcelo Rebelo de Sousa garante que não está preocupado com as previsões do Banco de Portugal, que estimam que as contas públicas portuguesas vão voltar a ser deficitárias nos próximos três anos, interrompendo assim dois anos de excedentes. “Não estou preocupado”, respondeu o Presidente da República aos jornalistas este sábado, à margem de um almoço solidário em Lisboa com pessoas em situação de sem-abrigo.
“É mais do que uma previsão, é um aviso político do governador de Portugal”, diz Marcelo sobre as previsões do Boletim Económico de dezembro, divulgado esta sexta-feira e apresentado por Mário Centeno em conferência de imprensa em Lisboa. O Banco de Portugal prevê que as contas públicas voltem a uma execução deficitária em 2025, de -0,1% do PIB, contrastando com as previsões de um excedente de 0,3% do PIB que estão no Orçamento do Estado recentemente aprovado.
“O que o governador [do Banco de Portugal] quis dizer ao Governo foi: não estiquem muito as despesas, porque havia folga, ainda há folga, mas a folga tem limites. Com aumentos vários em vários setores da administração pública, de prestações que estavam prometidas e devidas há muito tempo. Calhou tudo num período concentrado de tempo.”
O Presidente da República considera que Mário Centento sempre foi “exigente” e “ortodoxo” no que respeita à despesa pública. “Já como ministro das finanças era muito agarrado e apertado no sentido de mais vale prevenir do que remediar. Tinha sempre uma grande preocupação em relação à despesa pública”, continuou, lembrando que Centento “foi sempre em matéria de finanças muito exigente e muito ortodoxo”. “Portanto não muda. Naquela idade já não muda”, rematou. “Prefere prevenir sempre, apertar sempre”.
Banco de Portugal. Centeno prevê défice das contas públicas e alerta para risco de falhar metas europeias por causa da despesa
Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se “preocupado com a situação internacional”, mas notou que o executivo de Luís Montenegro tem 12 meses de margem para reagir. “O Governo tem espaço de manobra para ver o que se passa e para não gastar aquilo que possa dar um défice”, comentou.