No Parlamento nacional afastou-se da pasta da saúde. Aqui admite voltar a essa temática ou ainda não sabe exatamente as comissões para integrar?
Estamos, neste momento, em processo constitutivo também das comissões, as escolhas já foram feitas e as comissões vão ser anunciadas a muito curto prazo.
Mas vai usar esse know-how na saúde?
Há várias áreas que são tangenciais à saúde nas quais pretendia, gostaria e sinto que tenho capacidade de fazer um trabalho relacionado.
Quando os seus colegas eurodeputados lhe perguntarem se em Portugal existem lideranças fracas na gestão hospitalar, vai dizer que é verdade o que a ministra da Saúde ou vai desmentir essa ideia?
Nesse tema estaria a falar em causa própria. Neste momento sou temporariamente eurodeputada, fui ministra da Saúde temporariamente, fui deputada da Assembleia da República temporariamente, mas sou Administradora Hospitalar de carreira. E, portanto, as lideranças também são função dos líderes. Aliás, há alguma coisa que diz que fracos líderes fazem fraca a gente.
A culpa é da liderança das lideranças, é isso que quer dizer?
Não. Se fosse assim, além de estar a atirar pedras a mim própria e a falhar a um compromisso que eu tenho que é de solidariedade com os vários titulares da pasta… Nós temos é de vez em quando expressões infelizes e essa provavelmente foi uma que magoou mais as pessoas do que as acordou para a necessidade de melhorarem, porque eu também compreendo que todos nós temos necessidade sempre de ser melhores. Vou-lhe recordar uma expressão muito infeliz que tive, e é politicamente incorreto recordar um momento mau que eu tive, quando disse que os médicos precisavam de ser mais resilientes. O que eu queria dizer era que todos precisamos de ser mais resilientes porque a saúde precisa de mais resiliência. Fui profundamente mal interpretada. Portanto, vamos pôr as coisas no sítio que elas têm e olhar para aquilo que é importante e deixar-nos desta, às vezes, pequena intriga que já não é compatível com a política que precisamos nos dias de hoje, face a tão graves problemas.
No Parlamento Europeu os consensos entre PS e PSD são muito comuns. Era bom para o país que PS e PSD se entendessem para um Orçamento do Estado?
Todas as soluções que sejam vantajosas para os europeus são boas, todas as decisões que sejam vantajosas para os portugueses são boas, decorram elas de consensos ou não, desde que sejam positivas. Neste momento, há que manter aquilo que sempre foi dito pelo PS. Também aqui não podemos assumir uma decisão relativamente a algo que não está a ser negociado e que ainda não conhecemos na integralidade. Penso que a decisão ontem tomada pela Comissão Nacional foi no sentido de mandatar o secretário-geral para participar nessas negociações e negociar adequadamente o próximo Orçamento do Estado, garantindo que as políticas que são prioritárias para os socialistas e para o nosso eleitorado são respeitadas. Senão até podemos ter um orçamento, uma aparente solução, mas depois não resolve problemas a ninguém e isso também ninguém quer.
Se foi mandatado Pedro Nuno Santos é porque, à partida, o PS quer que haja um acordo entre o PS e o PSD e acha útil, certo?
É necessário que haja pelo menos, de total boa-fé e com total empenho, um trabalho que permita conduzir a um acordo ou, então, se não houver esse acordo, que fique muito claro porque é que não é possível, porque as pessoas, os nossos eleitores, precisam de perceber o fundamento das nossas decisões.
Cavaco Silva disse que é possível o Governo continuar em funções estando em duodécimos, apesar do Orçamento chumbado, isso é possível?
Possível é, desejável penso que toda a gente sabe que não. Já agora, ainda muito recentemente, tivemos uma decisão de solução de uma Assembleia da República, exatamente por essa impossibilidade.
Em coerência, se houvesse um Orçamento chumbado, Marcelo Rebelo de Sousa deveria fazer o que fez no passado?
Diria que não há outra hipótese, mas não sou o Presidente da República, portanto, também não cabe a mim.
O tema das gémeas continua a marcar a atualidade, já disse ter a certeza de que não tem nada a ver com o processo, o secretário de Estado da altura confirmou na comissão de inquérito que não falou consigo e disse que nunca chegou nenhum e-mail com indicações. Como ex-ministra da Saúde, entende que é possível duas crianças terem recebido aquele medicamento se não houve indicações de ninguém e já agora, sabendo o que é público hoje, teria admitido António Lacerda Sales?
É um tema demasiado complexo para se abordar em contrarrelógio. Também estou indicada para ser ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito e lá irei, prestarei todos os esclarecimentos e aqueles que estão ao meu alcance. Diria indubitavelmente que alguém autorizou a administração de medicamento para aquele caso excecional e só pode ter sido um clínico, porque um não-clínico não pode fazer essa autorização, é da natureza do ato de prescrição. O circuito, os motivos que levaram à decisão do clínico, eu não os conheço. Para mim, a decisão do clínico foi baseada estritamente em critérios clínicos, como são todas as decisões.
O que está em causa politicamente neste caso é como é que o caso chegou ao clínico para ele ter de decidir.
Certo, mas isso eu não sou, não sou, não faço parte da Comissão Parlamentar de Inquérito, nem faço investigação e não tenho mais informação do que aquela que já partilhei. Há um aspecto muito importante neste caso, que era o direito de acesso e ele existia.
Vamos passar agora para a fase de Carne ou Peixe em que tem que escolher uma de duas opções. Quem é que levaria a beber uma cerveja junto à catedral aqui em Estrasburgo: Sebastião Bugalho ou João Cotrim Figueiredo?
Os dois. Há que perceber que uma questão são as nossas posições partidárias, políticas, até às vezes alguma assertividade verbal, outra coisa são as relações de companheirismo e, sobretudo, quando estamos deslocalizados.
Num voo para Estrasburgo precisava de fazer uma escala de 10 horas e só podia escolher uma destas pessoas para lhe fazer companhia: António Tânger Corrêa ou a Jordan Bardella?
Nunca se ouviu dizer… antes só do que mal acompanhada.
Quem convidava para passar um fim de semana em Bruxelas: Carlos César ou Alexandre Leitão?
Qualquer um dos dois, com muito gosto. Tenho uma relação de maior proximidade com a Alexandra Leitão, evidentemente, até geracional, mas gosto muito do presidente do meu partido, que tem um sentido de humor finíssimo.
Para um tour pelo Porto, quem é que escolhia: José Luís Carneiro ou Manuel Pizarro?
Eu já vivi no Porto, a minha instituição de origem é o Porto, não creio que precisasse de nenhum dos dois para me fazer um tour.