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Moderada, “ma non troppo”. Como Giorgia Meloni pôs Salvini no bolso e encantou Von der Leyen – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mar 29, 2024

A questão é inevitável: Giorgia Meloni moderou-se depois de chegar ao poder? As opiniões dividem-se. Cecilia Sottilotta, por exemplo, acha que a mudança é apenas de forma e não de conteúdo: “A imprensa estrangeira teve um papel aqui, exagerando a ameaça que ela representava antes da eleição, o que fez toda a gente ter expectativas muito baixas”, nota ao Observador a professora de Ciência Política na Universidade para Estrangeiros de Perugia. “Quando ela alcançou o poder e começou a comportar-se de forma institucional, toda a gente ficou agradavelmente surpreendida. Mas não creio que tenha mudado nem um bocadinho. É a líder de um partido de direita radical que está a jogar a longo prazo.”

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Já Daniele Albertazzi, professor de Ciência Política que acompanha o percurso de Meloni a partir do Reino Unido, considera que é matéria de facto que a primeira-ministra italiana está a aproximar-se do centro no que diz respeito “à relação com a União Europeia (UE), com os Estados Unidos e com a NATO”. “Mas, para fazer isso, ela continua a ter de agradar aos seus eleitores e a ser mais radical dentro de casa.”

À direita em Itália, ao centro quando sai do país. É essa a “estratégia óbvia” que Meloni tem vindo a usar desde que foi eleita, há quase ano e meio, diz este académico. Para já, parece estar a resultar: a líder dos Irmãos de Itália tem neste momento uma taxa de aprovação de mais de 50% no seu país (bem acima das de líderes como Olaf Scholz e Emmanuel Macron). Agora, a quase dois meses das eleições europeias (que serão a 9 de junho), Meloni começa a fazer o caminho para ser também bem sucedida a nível europeu e conseguir vir a influenciar a política da próxima Comissão Europeia.

“Tornámo-nos amigos.” Foi assim que o Presidente norte-americano, Joe Biden, classificou a sua relação com Giorgia Meloni quando a recebeu na Casa Branca, em julho do ano passado, num encontro em que elogiou repetidamente a postura pró-ocidental do executivo da italiana. Isto apesar de, um ano antes, Biden ter usado a eleição de Meloni como um dos exemplos de que “a democracia está em risco” em todo o mundo.

Ao contrário do que defendera no passado, quando Meloni chegou ao poder assumiu uma postura claramente atlanticista e pró-NATO. A sua defesa convicta da Ucrânia e condenação da Rússia, em contraste com a de outros partidos europeus de direita radical, consolidou essa perceção a nível mundial. “Até agora, ela tem estado muito bem na política externa”, comentava o histórico cientista político Francis Fukuyama em setembro do ano passado.

Os elogios não vieram só de Washington. Em Bruxelas, desde cedo se começaram a aplaudir em off “as maneiras educadas” e “a linguagem delicada” de Meloni. Em on, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixava claro que trabalhava facilmente com a líder italiana, aparecendo em vários eventos ao lado dela. Inclusivamente na ilha de Lampedusa — símbolo maior da questão da imigração na Europa, um tópico que em tempos fez Meloni usar uma retórica mais agressiva, prometendo um bloqueio naval a qualquer barco que se aproximasse da costa italiana.





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