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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai receber na sexta-feira todos os partidos com assento parlamentar “sobre o Orçamento do Estado para 2025”. E, sabe desde já, que o documento vai ser chumbado pelo Bloco de Esquerda.
“Este é um orçamento que vira o país ao contrário. É um orçamento de desigualdades. É um orçamento que tira recursos de baixo para entregar em cima, sem resolver nenhum dos problemas do país. E é por isso que o Bloco de Esquerda votará contra este orçamento”, anunciou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, após ser tornado pública a realização dos encontros.
Interrogada sobre se esta posição do PS pode colocar em causa uma possível aliança na Câmara Municipal de Lisboa à esquerda contra o social-democrata Carlos Moedas, Mariana Mortágua separou os dois planos, mas lembrou que o Governo da República é liderado por um partido de direita, tal como a autarquia da capital. “Essa é a questão essencial num acordo para autárquicas e, em particular, num acordo para a cidade de Lisboa: derrotar a direita e resolver os problemas da cidade de Lisboa. Se me pergunta se eu acho que é compreensível que o PS, entendendo que é preciso fazer isto em Lisboa, é preciso derrotar a especulação, ter uma política diferente do passado, que é preciso ter políticas de habitação, de transportes, políticas de proteção ambiental (…) se faz sentido que aprove um orçamento de direita de Luís Montenegro, não, acho que não faz nenhum sentido”, considerou, rematando: “Mas essa é uma contradição do PS, e não do BE.”
De acordo com uma nota à imprensa, as reuniões vão realizar-se na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, e começarão às 10h00 com o PAN, seguindo-se Livre, PCP, BE, IL, Chega, PS e, por último, uma reunião conjunta com PSD e CDS-PP às 18h30.
O Orçamento do Estado para 2025 tem de ser entregue no parlamento até 10 de outubro e os 80 deputados que suportam o executivo minoritário PSD/CDS-PP não são suficientes para a sua aprovação, sendo necessária ou a abstenção do PS (78 deputados) ou o voto favorável da bancada do Chega (50 parlamentares).
Na segunda-feira, a Comissão Política Nacional do PS mandatou o secretário-geral para iniciar um diálogo com o Governo em relação ao Orçamento do Estado, assegurando “boa-fé” nas negociações e recusando “linhas vermelhas”. À saída da reunião, Pedro Nuno Santos disse esperar que a iniciativa parte do executivo.
PS mandata Pedro Nuno Santos para negociar Orçamento, mas espera “iniciativa do Governo”
Ainda antes da divulgação da nota pelo gabinete do primeiro-ministro, já o presidente do Chega, André Ventura, tinha anunciado que o partido foi convidado pelo Governo para uma reunião na sexta-feira sobre o Orçamento do Estado para 2025, e insistiu que o executivo “tem de escolher” com que partido vai negociar. “É impossível ter um orçamento que agrade ao Chega e ao PS”, defendeu.
De acordo com a nota, a deputada única do PAN será recebida às 10h00, o Livre às 11h00, o PCP às 12h00, o BE às 14h00, a IL às 15h00, o Chega às 16h00, o PS às 17h00 e PSD/CDS-PP às 18h30.
A divulgação destes encontros acontece um dia antes do debate do estado da nação, marcado para quarta-feira às 9h00, na Assembleia da República.
Na semana passada, num Conselho Nacional do PSD, o líder social-democrata e primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou que, se o PS estiver a fazer jogo sobre a negociação do Orçamento, então tenha a coragem de deitar abaixo o Governo.
“Querem ver vertidas nas propostas orçamentais algumas das suas propostas, sim, têm parceria. Se por um acaso tudo isto não passar de um jogo, então tenham a coragem de deitar abaixo o Governo, porque nós cá estaremos para poder dizer aos portugueses o que é que está em causa”, disse.
Um dia depois, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusou o primeiro-ministro de ter feito uma “ameaça de eleições” no dia em que os socialistas tinham mostrado disponibilidade para negociar e viabilizar o Orçamento do Estado.
“No mesmo dia em a líder parlamentar [Alexandra Leitão] usa a palavra viabilizar [o Orçamento do Estado], o líder do Governo, o primeiro-ministro ameaça com eleições, desafia para a apresentação de uma moção de censura”, criticou Pedro Nuno Santos no encerramento das jornadas parlamentares do PS, em Castelo Branco.
PS em Castelo Branco para primeiras jornadas parlamentares da era Pedro Nuno Santos