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Morreu Esmeralda Amoedo, vencedora da primeira Grande Noite do Fado de Lisboa – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Dez 27, 2024

A fadista Esmeralda Amoedo, 88 anos, vencedora da primeira Grande Noite do Fado de Lisboa, em 1953, morreu esta quinta-feira, disse à agência Lusa o investigador de teatro Miguel Villa.

A fadista residia em Caxias, nos arredores de Lisboa, sentiu-se mal e foi transportada para o hospital onde morreu, disse Miguel Villa que não precisou local da morte.

Esmeralda Amoedo editou o seu último álbum, “Fado no S. Luiz“, em outubro de 2004. Nessa ocasião, o produtor discográfico Branco de Oliveira afirmou que este disco demonstrava “a qualidade de uma voz única e a arte de bem cantar”.

Nascida em 15 de maio de 1936, no bairro lisboeta da Mouraria, Esmeralda Amoedo começou a cantar para os vizinhos, ainda menina, tendo sido apresentada pelo pai, numa sociedade recreativa da capital, Casa Apolo, onde interpretou o “Fado Manuel dos Santos” (Maria Nelson/Jaime Santos) e o “Fado Santa Luzia” (Armando Machado), marcando assim o início da sua carreira artística.

Aos 14 anos, ainda amadora, “já tinha um nome” no meio fadista, como recordou a cantora numa entrevista à agência Lusa, quando da edição do seu derradeiro álbum, tendo feito parte do elenco do programa radiofónico de muito sucesso, na década de 1960, “Serão para Trabalhadores“, da ex-Emissora Nacional, onde frequentou o centro de preparação para artistas dirigido por Mota Pereira.

Ao longo da sua carreira cantou em todas as sociedades de recreio lisboetas, e figurou nos cartazes de várias revistas, onde foi “primeira figura”, e fez a “volta dos casinos portugueses”, disse à Lusa.

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Partilhou o palco, entre outros, com Amália Rodrigues (1920-1999), no Casino da Madeira, e Charles Aznavour (1924-2018), no Casino de Espinho.

No teatro atuou ao lado de Ivone Silva (1935-1987), Camacho Costa (1940-2003), António Feio (1954-2010), Camilo de Oliveira (1924-2016), Francisco Nicholson (1938-2016), Irene Cruz, Manuela Maria e Helena Isabel, entre outros.

Esmeralda Amoedo fez parte dos elencos de várias casas de fado tanto em Lisboa como no Porto, nomeadamente Solar da Hermínia, Viela, Tágide, Adega Machado, Toca, Café Luso, Adega Mesquita e Painel do Fado, na capital, e Mal Cozinhado, no Porto.

A sua vitória na I Grande Noite do Fado de Lisboa, em 1953, aconteceu pelo bairro de Campo de Ourique. A artista foi, aliás, presença assídua do desfile das marchas populares da cidade na noite de 12 de junho. “Fui madrinha de muitas marchas e com muito gosto, pagando eu os fatos que usava”, recordou à Lusa.

Atuou várias vezes no estrangeiro, uma das últimas vezes, na Austrália. Ao longo de mais de 50 anos de carreira recebeu vários prémios, entre os quais o Microfone de Ouro, atribuído pela ex-Rádio Clube Português, Prémio Carreira, pelo Jornal de Notícias, e o Prémio Neves de Sousa, da Casa da Imprensa, que a agraciou em 2003 com um prémio especial, por ocasião do seu cinquentenário artístico.

Entre as suas criações constam “É mentira” (Jorge Rosa/João Vasconcelos), “À tua espera” (Maria Nelson/J.Fontes), “Mentiroso” (Ivete Pessoa/Pedro Rodrigues), “O Meu Nome” (J. Rosa/Alfredo Marceneiro) “Não sou Ciumenta” (Carlos Conde/Marcha do Marceneiro, de A. Marceneiro), “Juras” (Pedro Bandeira/Fado Fininho, de Alfredo Mendes), “Fumar é Matar Saudades” (Ary dos Santos/Fado Menor) e “Liberdade” (Carlos Conde/Armando Machado).

O seu repertório contava ainda com êxitos como “Fado vadio” e “Junto ao cais” (Francisco Nicholson/Joaquim Luís Gomes), “Nem ódio, nem vingança” (Gonçalves Preto/J.L.Gomes), e “Açores, Nove Lágrimas“, de sua autoria, que gravou na melodia do Fado Menor.

Esmeralda Amoedo também recriou temas dos repertórios de outros intérpretes como Teresa Tarouca, “O Meu Testamento“, Amália Rodrigues, “Sabe-se lá” e “Erva da Rua“, Tony de Matos, “O que sobrou da Mouraria“, Beatriz da Conceição, “Um fado para esta noite“. Também foram sucesso as suas interpretações de “Maria Sozinha” e “Júlia Florista“.





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