Fernando Magalhães Crespo morreu esta madrugada em Lisboa aos 94 anos. É um dos nomes essenciais da rádio em Portugal nos últimos 50 anos. Liderou o grupo Renascença por mais de 3 décadas e foi o responsável pela criação de novas marcas como a RFM, em 1987 ou a Mega Hits, em 1998, entre outras iniciativas. A notícia foi avançada esta manhã pelo grupo de comunicação da Igreja.
Engenheiro de formação, foi convidado em 1974 pelo cardeal e Patriarca de Lisboa, Dom António Ribeiro, para integrar o conselho de gerência da Emissora Católica Portuguesa. Segundo relembra a Renascença num artigo hoje publicado, a 7 de novembro de 1975, os emissores da RR na Buraca (Amadora) foram destruídos à bomba por ordem do Conselho da Revolução e a nova lei da rádio abria o caminho à nacionalização. Entre julho de 1974 e dezembro de 1975, as instalações da RR no Chiado, em Lisboa, estiveram ocupadas por forças de extrema-esquerda e por militares do COPCON. Magalhães Crespo lutou pela “libertação” da Renascença durante um período que definiu como “caótico”. O seu papel na reinvenção, construção e crescimento no grupo sempre foi reconhecido pelos seus pares e o seu nome é tido como uma referência na comunicação social portuguesa.
Em 2003 foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante e em 2018 recebeu o prémio Fé e Liberdade atribuído pelo IEP – Instituto de Estudos Políticos – da Universidade Católica Portuguesa pelo papel que desempenhou durante a crise da Renascença em pleno PREC.
Homem de fé, nascido numa família tradicional católica, reformou-se aos 75 anos, por limite de idade. Dizia que o lugar que ocupou durante mais de 30 anos na Renascença “preencheu totalmente o meu desejo de satisfação pessoal, o meu ego”.