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muita rua, muita conversa e o fator pandemia – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 27, 2024

Ainda mal são 7h30 da manhã deste primeiro dia de campanha eleitoral e Marta Temido, que parece ansiosa por começar a distribuir folhetos, já pergunta à comitiva socialista quando é que vão começar a passar mais pessoas na rua. Uns minutos depois as pessoas até passam, mas fazem-no em passo rápido, de cara fechada e focadas no barco que têm de apanhar, em Cacilhas, para chegar a Lisboa. Temido vai constatando que a estratégia não é eficaz e o contexto não ajuda — “as pessoas vão trabalhar e a última coisa que querem encontrar é um grupo a fazer campanha…” — e começa a assumir uma atitude mais pró-ativa, dando pequenas corridas à procura de quem aceite os seus panfletos. “Já sei que me mexi, mas vocês querem que eu faça campanha quieta, que é uma coisa impossível…”, justifica momentos depois à equipa.

A manhã começa assim, fria e lenta, mas gradualmente aquece e acelera. E Marta Temido, como prometido, não pára quieta um segundo. Na primeira manhã de campanha, faz quase cinco horas seguidas dos chamados momentos de “contacto com a população”, incluindo um que nem sequer estava na agenda. E destas cinco horas fica a impressão de que seria capaz de fazer conversa com uma pedra. Se é sobre Europa ou não, não importa: os socialistas dão-se por satisfeitos por ver que a candidata se mexe bem na rua e que tem sempre mais uma palavra simpática para dizer a quem passa. De volta, recebe palavras maioritariamente simpáticas também, com foco naquele que o PS espera que seja o trunfo da cabeça de lista nestas eleições: a experiência da pandemia.

Se dúvidas houvesse, algures a meio da manhã, quando a candidata já saiu da estação de Cacilhas para começar a percorrer as ruas de Almada, depois de andar no metro de superfície até ao Pragal, os ‘jotas’ que a seguem lançam ao ar um cântico sugestivo: “Venceu a pandemia/Com saber e empatia”. É uma espécie de ‘bingo’ das qualidades de Marta Temido que o PS quer destacar: tem a experiência como ex-ministra da Saúde, enfrentou tempos difíceis e é uma pessoa “empática”, que, como admitirá mais tarde, funciona melhor na rua do que em debates. Na rua também se fala menos de Europa — mas fala-se dos seus tempos como governante, e de tudo um pouco (o que dá espaço para potenciais gafes).

O diálogo que tem com um homem que passeia pelas ruas de Almada é ilustrativo, e pouco difere de outros tantos que irá tendo ao longo do dia. “O meu voto vai para si pela forma como geriu a pandemia”, diz-lhe o eleitor prometido. “Fomos todos”, responde Temido. “Foi graças a si”, volta ele a contrariar. A candidata agradece e segue caminho. Minutos depois, volta a ouvir agradecimentos e assegura que “todos fizemos” um papel importante na pandemia. “Uns mais do que os outros”, responde a interlocutora.

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Num café de Almada, a cena repete-se: um homem diz que “conhece” Marta Temido, ao que a número dois da lista, Ana Catarina Mendes, pergunta: “Quem é que não a conhece?”. O homem concorda: “Com a Covid, quem é que não a conhece…”, sentenciando que Temido é uma “heroína da Covid”. “Heróis somos todos”, volta a discordar a antiga governante, que na rua ainda ouve quem a trate por “ministra”, respondendo que já não é — e ouvindo de volta que “pode voltar a ser”.



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