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Músico demite-se de associação de jazz dirigida por professor contra quem surgem mais denúncias de assédio – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 14, 2024


Paulo Jorge Batista Santo decidiu cessar funções enquanto músico na Orquestra de Jazz de Leiria e enquanto professor da Escola de Jazz de Leiria. Motivo: não se rever na “posição” da Associação de Leiria, ligada a ambas as entidades e presidida por um músico e professor que foi afastado há dois anos de uma outra escola de jazz por uma “situação de assédio”. A situação surge depois de uma semana de denúncias de abusos no mundo da música, com epicentro no Hot Clube de Portugal.

“Não me revendo na posição que a AJL — Associação Jazz de Leiria adotou, sinto-me obrigado a cessar todas as minhas funções para com esta entidade”, escreveu Paulo Jorge Batista Santo numa publicação na rede social Instagram esta terça-feira. “Abandonei assim o cargo de vogal da direção, músico da Orquestra Jazz de Leiria e professor na Escola Jazz de Leiria.” Em declarações ao Observador, o músico acrescentou: “Não me revejo na posição que a AJL toma. Estar em silêncio é por si já uma posição. Não me revejo nisso”.

Batista Santo confirmou ainda que comunicou a saída das estruturas no sábado, dia 9 de novembro, depois das muitas denúncias de assédio no meio do jazz português. Algumas das denúncias visam precisamente um dos professores afastados da escola do Hot Clube de Portugal (HCP), escola de jazz de Lisboa (e uma das principais escolas de música do país), no ano letivo de 2021/2022. O também músico — saxofonista — é atualmente presidente da Associação de Jazz de Leiria, diretor pedagógico da Escola de Jazz de Leiria, e fundador e maestro da Orquestra Jazz de Leiria. O saxofonista não respondeu às várias tentativas de contacto do Observador.

Nas redes sociais, têm-se multiplicado denúncias ligadas à comunidade de jazz, muitas delas centralizadas num grupo do Telegram e num e-mail ([email protected]), criado por Liliana Cunha — para já a primeira e única a apresentar uma denúncia na Justiça — e Maia Balduz — ex-aluna do Hot Clube e atualmente cantora e professora de música. Nessa recolha de denúncias de assédio e abusos cometidos por pessoas da área da música constam queixas contra vários músicos, sendo o do saxofonista “um dos nomes mais focados”, confirma Maia Balduz ao Observador. “Temos cinco menções [sobre o músico em questão], apesar de sabermos que é muito maior do que este número.”

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Tratar-se-á de “um caso de agressão sexual e outros de assédio”, todos relacionados com “alunas” e “nenhuma delas menor”. Maia Balduz acredita que, tal como sucedeu com o primeiro nome avançado publicamente, o número pode aumentar com a exposição mediática. “Sei que existe um número muito maior de pessoas que não se chegaram à frente porque ainda não saiu nenhuma notícia. Há muita gente que ainda não teve coragem de nos contactar. Mas, tendo eu própria estado na escola do Hot Clube, era uma coisa que entre mulheres sabíamos, sabíamos que era uma pessoa com quem não nos metermos”, descreve a jovem.

[a publicação de Paulo Jorge Batista Santo no Instagram:]

Na semana passada, no rescaldo de uma acusação de violação contra o pianista João Pedro Coelho, que reclama “total inocência”, o Hot Clube veio demarcar-se do caso anunciando, contudo, e por usa própria iniciativa, que tinha afastado dois outros professores no ano letivo de 2021/2022 por “situações de assédio”. O Observador noticiou que os casos foram “reportados de forma informal com a direção pedagógica e com a intervenção de uma professora” levando “ao afastamento de duas pessoas”. Segundo o presidente da instituição, Pedro Moreira, que está no cargo desde fevereiro de 2023, houve um relatório interno e “no relatório [final], em ambos os casos se conclui que houve um abuso na relação de professor e aluna”.

Inês Homem Cunha, então presidente do Hot Clube, garante agora ao Observador que “na altura as denunciantes decidiram que não queriam avançar para a justiça” e que a instituição “foi alvo de um inquérito interno, e tomou as medidas que achou proporcionais”. “Falou-se com as denunciantes e perguntou-se se queriam tomar mais alguma medida ou diligência. Acharam que queriam ficar por ali”, diz, garantindo que esse ponto “está documentado em relatórios internos”.





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