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“Não temos medo de perder deputados. Não havendo Orçamento tem de ser dada a palavra ao povo” – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 12, 2024

Do “irrevogável” de André Ventura aos cenários hipotéticos que vão trazendo mais dúvidas do que certezas sobre a posição do Chega em relação ao próximo Orçamento do Estado. Apesar de tudo, as coisas podem ser resumidas nestes termos: se continuar tudo como está, Ventura chumba o documento de Luís Montenegro; se o PSD cortar com o PS e voltar a falar com o Chega, é muito difícil, mas logo se vê.

Em entrevista ao Observador, no programa Vichyssoise, Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, diz que negociar com o Governo está “fora de questão”, garante que só irá às próximas reuniões para receber informações — nunca para apresentar propostas — e assegura que, “neste momento”, está “excluída” a hipótese de o Chega viabilizar o Orçamento do Estado. Por outras palavras, “se há um acordo do Governo com o PS, o Chega vai chumbar o Orçamento”.

Para Pedro Pinto, aliás, não havendo Orçamento do Estado, “tem de ser dada a palavra ao povo”. O líder parlamentar do Chega diz que o partido está disposto a pagar o eventual preço de ser percecionado como corresponsável pela crise política e ser penalizado nas urnas. No entanto, contrapõe, pior seria ceder em toda a linha a Luís Montenegro e claudicar. “O Chega não se vende”, garante.

Tem havido alguma confusão em relação à posição do Chega sobre o Orçamento. André Ventura utilizou a expressão “irrevogável” sobre o voto contra o Orçamento do Estado. Nas mesmas declarações, disse que para regressar às negociações era preciso o Governo parar de falar com o PS. Em termos práticos, o Chega ainda pode voltar a negociar o Orçamento de Estado?
Em termos práticos o Chega está sempre disponível… Este processo teve várias fases. Uma fase em que o Governo queria falar com todos os partidos e marcou uma primeira reunião com todos os partidos, foi a fase onde disseram que Luís Montenegro ia estar presente nessa reunião. Luís Montenegro supostamente adoeceu e não foi a essa reunião. Depois, existe uma segunda fase, que foi durante o mês de agosto, onde houve variadíssimas declarações de protagonistas ligados ao PSD e ao CDS, que disseram que preferiam um acordo com o PS em vez do Chega. Houve também, e ninguém desmentiu até ao dia de ontem [quarta-feira], muitas conversas com o PS. Isto foi uma traição feita por Luís Montenegro ao Chega. Foi por isso André Ventura disse que era irrevogável.

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Mas o que mudou?
Na manhã de ontem [quarta-feira], houve uma reunião onde foi dito pelo ministro Leitão Amaro que não há nenhuma conversa com o PS.

Conversa preferencial.
Disseram que não houve nenhuma conversa com o PS. Ao não haver nenhuma conversa com o PS, a minha resposta foi clara: o Governo terá que vir a público dizer isso. Não é numa conversa privada, não é numa reunião informal. Como o Chega saiu das negociações do Orçamento de Estado já não levámos propostas. Na primeira reunião, levámos variadíssimas propostas que tínhamos no programa eleitoral. Na quarta-feira já não levámos. Leitão Amaro diz que [o Governo] não está a negociar nada com o PS às escondidas. Então, o Governo tem de vir a público e dizer “não queremos nada com o PS e queremos fazer um acordo com o Chega para viabilizar o Orçamento”. O Chega não deu nenhum passo atrás.

Então, não está excluída a hipótese de o Chega viabilizar o Orçamento do Estado?
Neste momento, está excluída essa hipótese. Ainda na quarta-feira, Luís Montenegro veio dizer que preferia um acordo com o PS. Portanto, se Luís Montenegro prefere um acordo com o PS, nunca pode ter o voto favorável do Chega. Nunca.

Quando é Luís Montenegro disse isso?
Quando lhe fizeram uma pergunta em relação à suposta mudança de posição do Chega, Luís Montenegro disse que, com o Chega, não há acordo nenhum e que o alvo preferencial — não sei utilizou estas palavras — é o PS. Portanto foi Luís Montenegro que fez a escolha e não venham agora pedir ao Chega. Nem venham nunca culpar o Chega se não tivermos um Orçamento do Estado em Portugal. Nunca aprovaremos um Orçamento do Estado onde estejam as medidas do PS, as medidas de esquerda que têm empobrecido o país durante estes anos todos.

Mas o Chega tem aprovado no Parlamento medidas do PS com impacto orçamental.
Não. O Chega tem aprovado medidas que são do Chega, que estavam no programa eleitoral do Chega. Como é que olharíamos para o nosso eleitorado e dizíamos que chumbámos a proposta de abolição das portagens porque veio do PS? Isto não é ser sério com os portugueses. Se calhar por isso é que a abstenção está quase nos 50%. Os políticos vão a eleições com um programa eleitoral e quando chegam à Assembleia da República esquecem-se do programa eleitoral com que foram eleições.





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