A declaração de lei marcial na Coreia do Sul semeou o caos no país. A decisão do Presidente sul-coreano, entretanto revogada, foi fortemente contestada e a situação escalou para tentativa de controlo do parlamento pelos militares. Um dos momentos marcantes foi o confronto direto entre um militar do exército e a porta-voz do Partido Democrático, que lidera a oposição no país. Agora, a protagonista explicou a situação e porque tomou aquela atitude.
An Gwi-ryeong começa por afirmar, em declarações à CNN, que se sentiu como a “última linha” de defesa para impedir que as forças de segurança entrassem no parlamento.“Eu perguntei: ‘Vocês não têm vergonha?’”, começou por contar, acrescentando que, “mesmo que estivessem a cumprir ordens, soldados armados a apontar armas para cidadãos na Assembleia Nacional e a interferir nos trabalhos dos deputados é inegavelmente ilegal”.
As imagens de uma noite de protestos e tensão na Coreia do Sul depois de Presidente impor lei marcial e o parlamento votar contra
O vídeo do momento ocorrido na quarta-feira, e que tem milhões de visualizações, mostra confrontos entre as forças de segurança e manifestantes. No meio dos tumultos, Gwi-ryeong envolve-se em confronto físico direto com um elemento armado, “lutando” pela posse da arma. “Durante o confronto físico, tentei bloqueá-los com o meu corpo. Enquanto eles me agarravam o braço e me empurravam, resisti a ser empurrada para trás, e acho que afastei a arma para longe”, disse, também citada pela CNN.
A dirigente partidária, que já foi jornalista, confessou que nunca tinha segurado uma arma antes e que se sentiu “assustada e intimidada”. Ainda assim, “naquele momento, a necessidade de detê-los era muito mais forte”, completou. As imagens mostram que o militar apontou a arma diretamente na direção de Gwi-ryeong.
Após a declaração do Chefe de Estado, 190 deputados da Assembleia Nacional sul-coreana aprovaram uma resolução que determinou a anulação da declaração de lei marcial por parte do Presidente Yoon Suk Yeol. Sobre esta votação, a porta-voz do Partido Democrático revela que elementos do partido e alguns manifestantes colocaram móveis e objetos pesados na porta de entrada do edifício da Assembleia Nacional para impedir o acesso dos soldados.
“Se as tropas tivessem entrado e interrompido a votação, não teríamos conseguido suspender a lei marcial e não estaríamos aqui hoje”, justificou Gwi-ryeong.
Entretanto, também 190 parlamentares apresentaram uma moção que visa a destituição do chefe de Estado, que ainda vai ser votada.
Oposição sul-coreana apresenta moção de destituição do Presidente