“A situação é realmente muito grave. Foi exactamente assim que o governo de direita na Polónia foi derrubado!” – escreveu Zbigniew Ziobro na plataforma X, referindo-se às palavras do vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance. Durante a Conferência de Segurança de Munique, repreendeu os líderes europeus.
Os políticos do Direito e Justiça estão mais uma vez a tentar lucrar politicamente com a retórica controversa dos Estados Unidos, que ataca a política da UE. No sábado, Jarosław Kaczyński atacou Donald Tusk, acusando-o de “rebelião anti-americana”, e um dia depois Zbigniew Ziobro dirigiu-se ao vice-presidente dos EUA, tentando explicar que o Governo da Polónia tinha sido “derrubado”.
Ziobro ao vice-presidente dos EUA sobre “derrubar” o governo do PiS. O que escreveu?
Segundo Ziobro, “as elites de esquerda em Bruxelas estão a interferir enganosamente nas eleições usando chantagem financeira”. O antigo ministro da Justiça e líder da Polónia Soberana argumentou na publicação que a Polónia foi vítima de pressões políticas deliberadas por parte da União Europeia, o que, na sua opinião, levou a uma mudança de poder.
Ziobro criticou ainda a política da UE, dizendo que esta obriga “os Estados soberanos a subordinar as suas constituições às leis impostas pelos burocratas da UE, minando assim a independência dos Estados-membros”.
Acordo Verde e “valores de esquerda”
O político relacionou as suas críticas à União Europeia com os temas dos valores conservadores e da ecopolítica.
“As elites de esquerda impõem o Green Deal ou valores de esquerda, a que João Paulo II chamou a cultura da morte”, escreveu no X.
Esta não é a primeira vez que Ziobro se refere à política climática da UE desta forma. Já criticou abertamente as regulamentações da UE sobre as emissões de CO₂, as energias renováveis e as restrições à indústria pesada na Polónia, argumentando que visam contra a soberania económica polaca.
Ziobro: A Europa precisa de acordar!
Ziobro terminou a sua publicação com um apelo firme aos cidadãos da UE: “Investem milhares de milhões em propaganda, financiam os meios de comunicação social e as organizações de esquerda para atacar a identidade cristã e desmantelar as nossas tradições. A Europa tem de acordar!”
Segundo Ziobro, as instituições europeias procuram reformatar ideologicamente o continente, enfraquecer os valores nacionais e subordinar os Estados soberanos a uma única visão política.
Discurso de J.D. Vance e as suas consequências políticas
As palavras de Ziobro foram uma reação ao discurso do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique.
Vance disse que “a maior ameaça à Europa vem de dentro – o recuo da Europa de alguns dos seus valores mais fundamentais”.
Resposta e crítica europeia às palavras de Vance
No entanto, nem todos partilharam o entusiasmo de Ziobro pela declaração do político norte-americano. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, considerou as declarações de Vance “inaceitáveis”, sublinhando que “a democracia deve ser capaz de se defender contra os extremistas que procuram destruí-la”.
Outras autoridades viram o discurso de Vance como uma tentativa de dividir os países europeus e enfraquecer a unidade da UE. Alguns comentadores notaram que as declarações do vice-presidente dos EUA são consistentes com a narrativa de isolacionismo e com a política “America First”, característica da administração Donald Trump.