O novo governo palestiniano, composto por cidadãos oriundos de Gaza, quatro mulheres e licenciados nos Estados Unidos, tomou posse este domingo em Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana, mas já suscita o ceticismo da população.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, está sob pressão da comunidade internacional, nomeadamente dos Estados Unidos, que exigem “reformas administrativas” que “beneficiem o povo”.
Depois de ter sido nomeado primeiro-ministro em meados de março, o economista Mohammed Mustafa, 69 anos, antigo funcionário do Banco Mundial em Washington e conselheiro próximo de Abbas, apresentou na quinta-feira um executivo composto por 23 ministros com perfis variados. Todos eles foram empossados um a um este domingo à noite em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
A prioridade do governo será trabalhar na “reunificação das instituições, incluindo a assunção da responsabilidade por Gaza”, disse Mustafa na quinta-feira, numa carta em que apresentava o seu programa governativo.
O chefe do governo, que é também ministro dos Negócios Estrangeiros, insistiu na “reconstrução” dos Territórios Palestinianos, principalmente da Faixa de Gaza, devastada pela guerra em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, matéria para a qual irá nomear um coordenador específico.
O movimento Hamas, rival da Fatah de Mahmoud Abbas, tomou o poder neste território em 2007.
Entre outros projetos importantes, Mustafa também levantou a questão política de Jerusalém Oriental, o setor da Cidade Santa ocupado e anexado por Israel desde 1967, e prometeu medidas para sanear as finanças públicas e reformar as instituições, com uma secção específica sobre a “luta contra a corrupção”.
Os seus novos ministros incluem quatro mulheres e seis pessoas da Faixa de Gaza, incluindo um antigo presidente da Câmara da Cidade de Gaza, Majed Abou Ramadan, responsável pela tutela da saúde.
Nas ruas em Ramallah e arredores, o clima era de algum ceticismo. “Mudar o governo não vai resolver a situação atual, porque a mudança só virá do exterior”, disse Souleiman Nassar, 56 anos, dos arredores de Ramallah, em declarações à agência francesa AFP. Também à AFP, Youssef Odeh, um talhante de 46 anos de Ramallah, afirmou que espera que este governo “atue para melhorar a situação económica”. “Mas parar ou continuar a guerra não está nas suas mãos”, concluiu.