No Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, Nuno Alves está a tentar mudar tudo isso. O cientista, licenciado em Biologia pela Universidade do Porto, doutorado em Imunologia no Academical Medical Center da Universidade de Amesterdãotem e com um pós-doutoramento no Instituto Pasteur em Paris, regressou ao Porto onde integrou o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC, atualmente integrado no i3s). E é lá que lidera, desde 2014, o grupo de investigação em Desenvolvimento e Função de Linfócitos, onde tem estudado o timo — a glândula essencial para o sistema imunitário, localizada no centro do peito, entre os pulmões e à frente do coração. E interessa-se, em particular, pelo papel deste órgão na “educação” dos linfócitos T, um tipo de glóbulos brancos que desempenha um papel importante na defesa do corpo.
Potencialmente há mais células T diferentes no nosso corpo do que estrelas na Via Láctea”, diz o investigador de 47 anos. E apesar de serem do mesmo tipo, não são todas iguais: desenvolvem especificidades que lhes permitem reconhecer diferentes tipos de ameaças, numa imensa diversidade. “Elas são a chave da especificidade da resposta imunitária: sem elas somos imunodeficientes.”
Isso significa que, quando há uma infeção, apenas um pequeno grupo destas células atua: “Se for uma infeção por Sars-CoV-2 é um grupo de células T que responde. Se houver uma infeção pelo vírus da gripe, responde outro grupo, se for uma bactéria responde outro conjunto delas.”
À medida que envelhecemos, o timo diminui de tamanho, há uma redução na quantidade e diversidade de células T e, após muitos anos de pressão imunológica, verifica-se também um desgaste. O que Nuno Alves está a tentar perceber com este projeto — que estuda os mecanismos moleculares que regulam a produção de linfócitos T e suas implicações na resposta imunitária — é como alterar isso. “Estamos a tentar encontrar formas de rejuvenescer o timo e a sua função, de forma a produzir células T com uma determinada especificidade.”