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o jogo de Ronaldo frente à Eslovénia visto à lupa – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jul 2, 2024

No primeiro jogo do Mundial-2022, Ronaldo não resistiu à emoção de estar a jogar – quem sabe – o último Campeonato do Mundo da carreira e chorou enquanto se ouvia A Portuguesa. Hoje não chorou – no hino –, mas esteve quase. O capitão português ficou de olhos vermelhos, a acusar a possibilidade de ser hoje o seu último jogo num Europeu. Não foi, mas a emoção estava lá. Tanto que, ainda antes do também emotivo minuto de silêncio em memória de Manuel Fernandes, Ronaldo foi ao banco lavar as mãos e a cara com a água de uma garrafa. Depois pegou na bola, beijou-a, pô-la no relvado e assim que Bruno Fernandes deu o pontapé de saída arrancou a toda a velocidade para o meio-campo contrário. Ninguém nunca imaginaria o que viria a seguir em mais de 130 minutos de jogo.

A emoção de Ronaldo no momento do hino

Mas olhemos para os primeiros. CR7 foi uma espécie de vagabundo até aos 10′. Nos primeiros cinco minutos foi caindo para a ala esquerda. Dos cinco aos dez, foi caindo mais para a direita, sem nunca a jogar como pivô, nunca fixo no meio. Mas também nunca atacou muito os espaços, tanto que, ao minuto 20, Roberto Martínez aproveitou uma bola morta para falar com Ronaldo: pelos gestos, pedia que atacasse mais a profundidade, que tentasse rasgar mais a linha defensiva. Cristiano acenou com a cabeça e levantou o polegar. Só que as corridas que foi fazendo foram sempre “falsas”. O capitão nunca atacou verdadeiramente o espaço – a defesa da Eslovénia também não deixava –, mas tentou várias vezes um primeiro sprint, para depois travar, deixar os defesas seguir e receber mais atrás. Apostou várias vezes nessa estratégia – correr a fundo e mudar de direção – o que o deixou por três vezes livre de marcação para cabecear, mas aí faltaram sempre meia dúzia de centímetros para ser feliz. Só aos 30 minutos Ronaldo tocou de cabeça na bola pela primeira vez.

As várias tentativas foram frustrando o capitão. Ao minuto 35, depois de vários cabeceamentos falhados por pouco, Cristiano tem o primeiro momento de maior frustração. Volta a não tocar de cabeça por pouco e abre os braços a gritar para os céus. Ainda assim, o destinatário da raiva, notava-se, era só um e apenas um: ele mesmo. Com os companheiros, Ronaldo esteve irrepreensível. Ao minuto 21, Nuno Mendes falha um passe que nem ia para ele e o capitão aplaudiu. O mesmo já na segunda parte, quando o relógio começava a apertar. Aplaudiu os colegas aos 74′, aos 81′ gritou mesmo um visível “Bora, vamos lá” com novo aplauso e aos 90′ e 94′ pediu sucessivamente o apoio do público. Isto enquanto foi ouvindo constantemente das bancadas eslovenas cânticos de “Messi, Messi, Messi” sempre que algo não corria bem.

A atitude para com os companheiros nos primeiros 90 minutos foi de capitão, mas o desempenho futebolístico foi muito tímido na contribuição para a equipa, trunfo tão aclamado pelo Selecionador. Ronaldo ligou quatro jogadas de ataque, não foi pressionante na linha defensiva, baixou sempre muito tarde e teve apenas uma bola de golo em lance corrido, quase em cima do minuto 90. Nem mesmo as desmarcações que podiam abrir espaços para os companheiros aconteceram, como vimos CR7 fazer várias vezes frente à Turquia. Mas aqui justiça seja feita: os turcos não defendem tão baixo como os eslovenos e aí Ronaldo esteve mais acompanhado, ora por Bruno Fernandes, ora por Bernardo Silva. Diante da Eslovénia, foi um “vagabundo” na frente, muitas vezes sozinho e sempre completamente fechado.

Condições difíceis, que, juntando a uma noite desinspirada e quase de autoflagelação de Ronaldo, levaram a estes números, contabilizados pelo Observador na bancada do Deutsche-Bank Park.





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