A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi uma homenagem exagerada à história da França, que se desenrola ao longo do Rio Sena, mas nem todos que assistiram eram fãs — incluindo o Vaticano.
A sede da Igreja Católica emitiu uma declaração no domingo, 4 de agosto, condenando certas cenas da cerimônia. Em particular, o Papa Francisco ficou “entristecido” com um quadro de drag queens e outros artistas que pareceu, para os críticos, uma zombaria de Leonardo da Vinci“Última Ceia” de
Essa pintura retrata a última refeição que Jesus Cristo teve com seus discípulos antes de sua prisão e crucificação. Embora os organizadores olímpicos tenham negado qualquer referência intencional à famosa obra de arte, ela despertou um bom número de críticas de celebridades cristãs conservadoras.
“A Santa Sé ficou triste com certas cenas na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris e não pode deixar de se juntar às vozes levantadas nos últimos dias para deplorar a ofensa feita a muitos cristãos e fiéis de outras religiões”, dizia o raro comunicado do gabinete de imprensa do Vaticano no fim de semana.
“Em um evento de prestígio onde o mundo inteiro se reúne em torno de valores comuns, não deve haver alusões ridicularizando as convicções religiosas de muitas pessoas”, acrescentou. “A liberdade de expressão, que obviamente não é posta em questão, encontra seu limite no respeito ao próximo.”
A declaração foi feita mais de uma semana após a cerimônia de abertura e bem depois de os organizadores olímpicos e o diretor do evento negarem qualquer conexão com a “Última Ceia”.
“É claro que nunca houve a intenção de desrespeitar nenhum grupo religioso. [The ceremony] tentou celebrar a tolerância da comunidade”, porta-voz de Paris 2024 Ana Descamps compartilhado em uma coletiva de imprensa. “Acreditamos que essa ambição foi alcançada. Se as pessoas se ofenderam, lamentamos muito.”
Diretor artistico Thomas Alegre disse que o quadro era um retorno às raízes comemorativas das Olimpíadas.
“Lá está Dionísio chegando em uma mesa. Por que ele está lá? Primeiro e principalmente porque ele é o deus da celebração na mitologia grega e o quadro é chamado de ‘Festividade’”, explicou Jolly à estação de TV francesa BFM. “Ele também é o deus do vinho, que também é uma das joias da França, e o pai de Séquana, a deusa do rio Sena. A ideia era representar uma grande celebração pagã, ligada aos deuses do Olimpo e, portanto, às Olimpíadas.”
“Você nunca encontrará em meu trabalho qualquer desejo de zombar ou denegrir alguém. Eu queria uma cerimônia que unisse as pessoas, que as reconciliasse, mas também uma cerimônia que afirmasse nossos valores republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade”, ele acrescentou.