• Qui. Nov 14th, 2024

Feijoada Politica

Notícias

Omar Berrada, a cabeça que pensou em Amorim – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 13, 2024

A determinada altura de uma das várias intervenções que teve no painel “Uma parceria perfeita em desporto e tecnologia”, Omar Berrada assumiu que estava a falar de algo que não era propriamente seu. “Só estou no clube há quatro meses, o crédito deve ser atribuído aos colegas que conseguiram. Existe cada vez mais ligação entre tecnologia, entretenimento e desporto. Trabalhamos com a Snapdragon enquanto parceiro para crescermos também na área da tecnologia porque sabemos que os gostos dos fãs estão a mudar. Uma marca assim pode ajudar-nos muito”, admitiu o diretor executivo do Manchester United, que depois de ter sido o primeiro dirigente a receber Ruben Amorim no Complexo de Treinos de Carrington na tarde desta segunda-feira marcou presença num dos palcos da Web Summit que decorre esta semana em Lisboa.

Berrada, mais do que ninguém, sabe a importância de colocar um “cunho pessoal” em qualquer projeto. A partir do momento em que trocou entre rivais de Manchester passando do City para o United, o francês já tinha em mãos um negócio que renderá aos red devils um total de 375 milhões de dólares por cinco anos, o equivalente a um valor a rondar 352 milhões de euros (pouco mais de 70 milhões por temporada, sendo o patrocínio das camisolas das equipas masculina e feminina a face mais visível do milionário acordo). Antes, mais concretamente há duas semanas, esteve na capital portuguesa por algo que envolveu valores mais modestos mas que ficará como marca de uma nova era quer abrir no clube: contratar Rúben Amorim.

“Estamos muito entusiasmados e com muito contentes com a sua contratação. O Ruben começou ontem e no meu caso é um regresso porque estive cá há duas semanas. Estou muito contente por poder voltar. Agora acreditamos que se vai integrar com a restante estrutura e esperamos que seja um projeto de sucesso porque é isso que os donos e os adeptos mais querem”, apontou o dirigente logo no início do painel. Ele, mais do que ninguém, tem razões para sentir e acreditar nisso mesmo ou não tivesse sido a principal figura na altura de decidir o próximo passo depois do inevitável fim do ciclo Erik ten Hag (que até pode ter chegado tarde…).

O trajeto de Berrada, que depois de terminar de falar no seu painel atravessou todos os pavilhões da Web Summit a partir do 5 a ser filmado e fotografado mas sem prestar declarações, também ajuda a perceber o contexto com que decidiu o novo técnico. Aliás, o número de Amorim era tudo menos desconhecido, tendo em conta que até há pouco tempo era uma das pessoas mais próximas de Txiki Beguiristain no Manchester City, onde exercia funções na direção comercial e de operações. Antes, estiveram juntos no Barcelona, clube de ambos desde crianças e onde trabalharam juntos com caminhos diametralmente opostos. O de Txiki, que em breve será substituído no cargo por Hugo Viana, passou pelos relvados entre Real Sociedad e Barça; o de Berrada, esse, passou um pouco por todo o lado até chegar a um patamar que não imaginava.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nascido em Paris filho de pais marroquinos, cresceu nos EUA, mudou-se para Barcelona, regressou depois via Universidade de Massachussets a território norte-americano para tirar uma licenciatura em Engenharia, regressou à Europa apenas seis meses depois para fazer Gestão de Empresas na EU Business School. Foi trabalhar depois para a Tiscali, uma empresa de telecomunicações sem qualquer ligação ao futebol, mas quis o destino que fosse convidado para trabalhar no Barça quando o seu CEO assumiu a direção do marketing do clube. Subiu, subiu, subiu e acabou por ser ele a desbravar a “invasão” catalã que colocou o Manchester City na rota dos títulos com pessoas com quem trabalhava: Pep Guardiola, Txiki e Ferran Soriano. Começou no Departamento de Assuntos Internacionais, chegou a diretor de operações, tornou-se alguém com mercado como se fosse um jogador entre convites para a MLS e até NFL. Só Jim Ratcliffe o conseguiu desviar.

Como um dia referiu em entrevista citando uma letra de John Lennon, Beautiful Boy (Darling Boy), “a vida é o que acontece quando estamos ocupados a fazer outros planos”. Berrada, de 46 anos, foi uma aposta forte para iniciar um virar de página no Manchester United e foi isso também que quis assegurar aos adeptos. “Ao embarcar na minha nova função como CEO deste clube histórico, estamos todos focados em trabalhar em conjunto para criar um futuro brilhante, com o sucesso no futebol no centro do mesmo. Estamos a trabalhar para uma maior sustentabilidade financeira e a fazer alterações nas nossas operações para torná-las mais eficientes, para garantir que estamos a direcionar os nossos recursos para melhorar o desempenho no terreno. Em última análise, a força do United é impulsionada pela paixão e lealdade dos nossos adeptos. O nosso objetivo claro é devolver o clube ao topo do futebol europeu”, salientou em setembro deste ano.

Em termos internos, e ainda antes da dispensa de Erik ten Hag quando todos ficaram rendidos ao óbvio de um contexto que era mais problema do que solução, Berrada tinha explicado em termos internos aquele que era o seu projeto a médio prazo e que seria coroado com a vitória na Premier League em 2028, por ser uma data que coincide com o 150.º aniversário – daí ter chamado “Projeto 150”, que ambiciona também fazer chegar esse sucesso em campo a uma Premier League feminina cada vez mais competitiva. “O derradeiro objetivo do Manchester United, e que será sempre o mesmo, é o de lutar pela vitória na Premier League e na Champions. É um dos maiores clubes do mundo”, balizou nessa mesma conversa no clube.

Foi por isso que Berrada quis fazer prevalecer também o seu conhecimento (e instinto) em relação ao novo treinador do Manchester United, viajando para Lisboa para convencer Ruben Amorim depois de já ter feito o mesmo em relação aos restantes dirigentes. Parte deles, segundo a imprensa inglesa, preferia alguém com mais experiência, currículo e idade. Berrada, aproveitando o facto de todos perceberem que era um técnico em crescendo na carreira, fez prevalecer a sua aposta quase como uma recriação do contexto em que Alex Ferguson chegou ao clube, apenas com títulos nacionais. Dan Ashworth, diretor desportivo dos red devils contratado nos últimos meses, também viajou para Lisboa no momento das negociações com a SAD do Sporting mas foi em torno do dirigente francês que tudo se foi centrando até fechar de vez o negócio.

Para já, enquanto Ruben Amorim vai começando a conhecer os cantos à casa esperando o visto de trabalho (esta terça-feira o clube partilhou imagens do técnico a cumprimentar e abraçar jogadores que ficaram em Manchester durante a paragem das seleções), Berrada voltou a Lisboa para reforçar o posicionamento do United como um dos maiores clubes do mundo, como o próprio acordo com a Snapdragon, que faz parte da multinacional Qualcomm. “Andamos sempre à procura de uma narrativa genuína para apresentar aos nossos fãs, aos nossos adeptos. A forma como usamos a tecnologia pode ajudar-nos porque não somos bons a perceber a forma como o desporto será consumido nos próximos dez ou 15 anos, que será diferente”, explicou. “Se a opção for renovar Old Trafford ou construir um novo estádio, também contamos com a Snapdragon esteja connosco para nos adaptarmos da melhor forma aos tempos modernos”, acrescentou.





Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *