O Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, afirmou esta quinta-feira que os problemas do INEM “não nasceram esta semana, nem a semana passada” e disse esperar que “mais do que promessas”, o Ministério da Saúde responda aos problemas.
“Temos aqui dois problemas. Temos o problema que aconteceu nestas últimas duas semanas que foi de alguma forma agudizado tendo em conta um conjunto de greves que aconteceram, mas os problemas do INEM não nasceram esta semana, nem a semana passada”, afirmou o bastonário.
Carlos Cortes, que na tarde de quinta-feira visitou o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, no Porto, destacou que os problemas do INEM se foram acumulando ao longo dos anos e que os responsáveis da tutela da Saúde “nunca souberam resolver”.
“Nunca tiveram a devida preocupação e de alguma forma ignoraram o INEM”, considerou.
O bastonário salientou ainda que a Ordem dos Médicos “está preocupada” e que “mais do que apontar problemas” pretende apresentar soluções para “ajudar a virar esta página”.
Entre as soluções, Carlos Cortes destacou a necessidade de se avançar com uma “reforma dos recursos humanos” do INEM.
Questionado sobre as responsabilidades do Ministério da Saúde nesta matéria, o bastonário disse esperar que “mais do que intenções e promessas, haja uma concretização das soluções e propostas para ultrapassar este momento difícil”.
“A Ordem dos Médicos não tem de responsabilizar ou deixar de responsabilizar. Há já responsabilidades inerentes aos governantes, quem tem a responsabilidade de responder a esta situação é um conjunto de pessoas que tem cargo de tutela no Ministério e INEM”, referiu, dizendo que “mais do que apontar responsabilidades, o país tem de fazer tudo para evitar que o que aconteceu nas últimas semanas não volte a acontecer”.
O bastonário assegurou ainda que “não vai pedir a demissão de ninguém”, referindo-se à ministra da Saúde, e que pretende apenas que “assumam as suas responsabilidades na gestão do sistema de saúde em Portugal”.
Também questionado sobre as falhas que existiram na manhã de quinta-feira, Carlos Cortes afirmou que “não existiram atrasos no atendimento” na região Norte, mas registaram-se “dificuldades de resposta” nas regiões Centro e Sul.
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“Não são problemas desta semana. Todos os problemas que têm surgido nestas semanas são problemas recorrentes nestes últimos anos”, assinalou, acrescentando que a população deve ser informada de que estes “não são problemas novos”.
As mortes de 11 pessoas alegadamente associadas a falhas no atendimento do INEM motivaram a abertura de sete inquéritos pelo Ministério Público (MP), um dos quais já arquivado. Há ainda um inquérito em curso da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
A demora na resposta às chamadas de emergência agravou-se durante a greve de uma semana às horas extraordinárias dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que reclamam a revisão da carreira e melhores condições salariais.
A greve foi suspensa após a assinatura de um protocolo negocial entre o Governo e o sindicato do setor.