• Seg. Nov 18th, 2024

Feijoada Politica

Notícias

Os erros do governo da AD – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 18, 2024

Ao longo dos últimos oito anos não me enganei na enumeração dos erros cometidos pelos governos de António Costa, como não me enganei com a descrição dos erros anteriores dos governos de José Sócrates. Tenho agora a convicção de não me enganar relativamente aos erros já visíveis no horizonte do governo da AD de Luís Montenegro. Para que fique para a história de um tempo futuro, vejamos alguns:

Ferrovia – A escolha da bitola ibérica nas novas linhas do Porto a Lisboa e de Lisboa a Madrid e a escolha das parcerias publico privadas em vez do financiamento da União Europeia, como acontece em todos os outros países europeus com bitolas diferentes, representa um crime económico e estratégico. Igual crime é a opção de uma ferrovia apenas para passageiros e deixando de fora as mercadorias, sabendo-se que a opção da União Europeia, da Espanha e dos países do Leste, com diferentes bitolas, é de novos comboios para passageiros e mercadorias em bitola europeia. Sabendo-se ainda que durante muitos anos e em todos os países existirá a coexistência entre as duas bitolas no plano interno, sabendo-se também que é mais fácil gerir essa diferença internamente do que nas ligações internacionais, onde haverá o domínio total da bitola UIC (europeia). Que o governo da AD siga caninamente e sem explicação a opção anterior de António Costa, é um erro de enormes proporções que, pelo menos, deveria ser explicado, como foi pedido recentemente por Bruxelas.

Economia – A ideia de que os graves problemas da economia se resolvem com sessenta medidas, que não criam a massa critica suficiente para a mudança, é uma ilusão e um erro, o qual já foi cometido com o PRR pelos governos anteriores, sendo incompreensível que Luís Montenegro e o seu governo não tenham aprendido nada. Mais grave, até hoje o ministro da Economia ainda não apresentou uma qualquer estratégia, ou opções, com vista ao crescimento da economia, nomeadamente a compreensão de que o modelo existente de pequenas empresas, quase sempre comerciais, a actuar no mercado interno, é um suicídio do ponto de vista económico. Como não apreenderam nada com o facto das duas melhores fases da economia portuguesa terem sido durante a EFTA e durante a AutoEuropa/Pedip, em que ambas as opções residiram no investimento estrangeiro, como indutor do investimento nacional na indústria e tendo como objectivo principal o crescimento das exportações.

Energia – O erro deste governo da AD, a exemplo dos governos anteriores, de investir apenas nas energias renováveis intermitentes, sem opções alternativas, quando não há vento ou sol, resulta em mais importações e na energia mais cara para a indústria portuguesa e para os consumidores em geral. O governo da AD, ao juntar a gestão da energia e do ambiente no mesmo ministério, acaba por não resolver nenhum dos problemas e desconhece que as opções são contraditórias e só podem ser resolvidas com políticas competentes em cada um dos sectores, reduzindo o consumo das energias fosseis, por exemplo nos transportes e na indústria e pelo crescimento dos meios de armazenagem da energia, nomeadamente hídrica, sendo que a ideia do offshore é demencial, pelos custos e pelos riscos que a opção implica.   Conciliar o inconciliável não é uma opção e só a luta entre as duas opções poderá ser criativa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ambiente – A defesa do meio natural é uma prioridade do nosso tempo, mas que deve ser realizada através de novas opções e tecnologias e não à custa do nível de vida dos povos. Por exemplo, em Portugal construímos autoestradas e desprezámos a ferrovia, estamos agora a privilegiar o transporte de mercadorias por via rodoviária em direcção á Europa, em contramão com as políticas europeias e não queremos ouvir falar nas novas tecnologias de produção nuclear, como se estivéssemos em plena idade média. Ou seja, não é com medidas e proibições defensivas que defendemos o ambiente, mas com inovação, criatividade e mudança e com a aceitação de novas tecnologias e soluções, por exemplo da indústria circular, onde tudo está ainda por fazer. Exemplo: a existência de fábricas para recuperar as materiais consumidas nos automóveis, como tenho defendido, é uma medida essencial, mas também uma verdadeira indústria de gestão dos residios urbanos, em vez do folclore que são os nossos sistemas no presente, geridos de forma incompetente e indisciplinada.

Educação – A insistência no privilégio do ensino superior à custa da revolução necessária nas creches e no pré-escolar, atira os resultados possíveis de realizar numa geração, para cinco ou seis gerações. É isso, infelizmente, o resultado da governação do País ser feita exclusivamente por licenciados e doutorados, que de forma corporativa apenas defendem o que conhecem melhor. Há anos que tento explicar que estamos a destruir gerações de filhos de famílias pobres que chegam ao ensino oficial aos sete anos com enormes diferenças de desenvolvimento em relação às crianças das famílias de maiores recursos, com o consequente insucesso escolar e profissional. Que a falta de instalações com a qualidade necessária, a ausência de educadores qualificados e a inexistência de transporte, sejam temas ignorados por este governo, como aliás pelos governos anteriores, transcende a minha compreensão. Igualmente, a incompreensão sobre a urgência da educação dos comportamentos, tira-me do sério.

Aeroporto – Tal como governo anterior, este governo e o ministro da pasta andam a esconder o que pretendem fazer com a empresa a quem deram o monopólio aeroportuário e sem explicar qual a participação da empresa na construção do novo aeroporto. Negócio à vista?

Há muitos mais exemplos da minha revolta de que este governo da AD esteja a seguir as políticas erradas de governos anteriores e sem parar para pensar, mas estes poucos exemplos bastam para documentar que não é fazendo o mesmo que se conseguem resultados diferentes. Uma palavra também sobre uma grande parte da comunicação social que se limita a repetir os temas da moda até à exaustão, ignorando as verdadeiras transformações de que o País necessita e os poucos seres humanos que se batem diariamente por essas transformações.





Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *