O partido do Presidente do Senegal, o Pastef, conquistou 130 dos 165 lugares no parlamento nas eleições legislativas de domingo, cerca de 79%, segundo os resultados provisórios anunciados, esta quinta-feira, pela comissão nacional de contagem de votos.
Esta vitória, de maioria absoluta, dá ao recém-eleito Presidente, Bassirou Diomaye Faye, um mandato claro para levar a cabo as ambiciosas reformas prometidas durante a campanha, que incluem a luta contra a corrupção, a renovação do setor das pescas e a maximização dos benefícios dos recursos naturais do país, que faz fronteira com a Guiné-Bissau.
A principal coligação da oposição, liderada pelo antigo Presidente Macky Sall, obteve 16 lugares.
Sall felicitou o Pastef numa publicação na rede social X no dia das eleições, e dois outros líderes da oposição já tinham admitido a derrota horas depois do encerramento das urnas no domingo.
Antes das eleições legislativas de domingo, o Pastef detinha apenas 56 lugares na Assembleia Nacional, enquanto a coligação de Sall tinha uma escassa maioria de 83 lugares.
Faye venceu nas urnas em março, numa eleição que Sall não disputou depois de o seu limite de dois mandatos se ter esgotado e depois de Sonko, o principal líder da oposição, ter sido excluído do escrutínio devido a uma anterior condenação, que atribuiu a uma perseguição por parte das autoridades para o manter afastado da política.
Presidente eleito do Senegal compromete-se a promover reconciliação no país
O Presidente eleito tinha dito que a falta de uma maioria no parlamento o tinha impedido de executar as reformas que prometeu durante a sua campanha presidencial.
Em setembro, dissolveu o parlamento, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.
Cerca de 7,3 milhões de eleitores senegaleses foram no domingo chamados a eleger 165 deputados, que exercerão o seu mandato durante cinco anos.
Os eleitores tinham de decidir se davam ou não à dupla Faye-Sonko os meios para cumprir as suas promessas: melhorar a vida de uma população que luta diariamente para sobreviver, partilhar com ela as receitas dos recursos naturais — como os hidrocarbonetos e as pescas, que de outra forma seriam vendidas ao estrangeiro —, combater a corrupção e transformar o Estado e o seu sistema judicial.
O custo de vida continua a ser uma grande preocupação da população, tal como o desemprego, que ultrapassa os 20%.
O novo governo ver-se-á a braços com a vaga de centenas de compatriotas que partem todos os meses em embarcações, em busca de um futuro melhor na Europa.
A votação no país da África Ocidental, conhecido pela sua estabilidade, decorreu de forma calma e pacífica, apesar de uma campanha eleitoral marcada por confrontos esporádicos entre apoiantes rivais.
Os observadores da comunidade internacional, incluindo a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), elogiaram o bom desenrolar do processo de votação e a maturidade da democracia senegalesa.
Faye, de 44 anos, tornou-se o mais jovem líder africano, eleito menos de duas semanas depois de ter sido libertado da prisão.