Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, acusou esta segunda-feira o Governo de Luís Montenegro de, à semelhança do que fizeram os “sucessivos” executivos até aqui, estar “ajoelhado” perante as imposições dos “donos disto tudo” de Bruxelas. O comunista defende que é preciso “coragem” para seguir um caminho “urgente e necessário” contra as orientações da União Europeia, cujo único objetivo é “acentuar ainda mais a injustiça, desmantelar e privatizar serviços públicos, pressionar salários e pensões, pôr as mãos no dinheiro dos trabalhadores que está na Segurança Social”.
Durante a abertura das jornadas parlamentares do PCP, na Fortaleza de Santiago, em Sesimbra, Paulo Raimundo disse ser “curioso” que os objetivos da União Europeia para Portugal estejam “contidos no programa do Governo”. “Mesmo para aqueles que alimentaram algumas ilusões quanto ao novo Governo, não é com a AD que lá vamos”, criticou.
Por tudo isto, Raimundo defendeu que só os eurodeputados comunistas “defendem só os interesses do povo e do país” e que o dia 9 de junho, data marcada para as próximas eleições europeias, é “uma importante jornada de luta, que tem agora de ser levada até ao voto na CDU”.
Sobre o novo aeroporto, Paulo Raimundo argumentou que “o processo não pode andar para trás”, que é altura de “avançar mesmo para a construção faseada” no Campo de Tiro de Alcochete e que ninguém compreenderia que tudo não passe de “mais um anúncio para o país e mais uns milhares de milhões de euros de lucros para a Vinci”.
O secretário-geeral do PCP apontou ainda o dedo ao Governo em matéria de Habitação. “Nas trinta medidas avançadas, não há uma para travar o aumento das rendas, para reduzir as prestações à banca, que belisque sequer estes interesses. Bem pelo contrário, escancara-lhes as portas e as janelas. É caso para dizer que nem Vítor Bento conseguiria fazer um plano tão bom”, critica.
De resto, Paulo Raimundo considera que Luís Montenegro está a tentar “passar uma imagem de que está a fazer em pouco o tempo o que os anteriores governos não fizeram”, quando, na verdade, está a “abrir mais espaço ao negócio dos grupos económicos”.
Para o secrétario-geral do PCP, aliás, não faltam exemplos disso mesmo. Além da Habitação, o comunista falou ainda do que se passa no setor da Saúde, onde o Governo está a querer “transferir ainda mais recursos públicos para os grupos económicos do negócio da doença”, ou da proposta de redução de IRS (que abrange também os escalões mais elevados) e de IRC (que deverá avançar no próximo Orçamento do Estado), que não passam, insistiu, de “um número para abrir caminho para reduzir impostos ao grande capital”.
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