O líder do PS já parece estar arrependido de ter juntado à lista de presidenciáveis o nome de António José Seguro. Quando o ouviu, numa entrevista à CNN Portugal, o antigo líder acabou mesmo por posicionar-se no terreno para Belém e agora, quando Pedro Nuno Santos é questionado sobre se se anima com algum dos presidenciáveis que já se alinham, tenta pôr travão ao assunto: “Cometi o erro de uma vez falar de nomes na CNN por isso não vou falar em nomes.”
Numa conferência organizada pela CNN Portugal, o líder do PS foi questionado sobre o perfil de Presidente da República que prefere e a única coisa que disse foi que o PS tem “dois grandes exemplos do que acha que deve ser um Presidente”, apontando Mário Soares e Jorge Sampaio.
“Dois monstros, com estilos muito diferentes”, referiu o líder socialista, defendendo mais uma vez que “o PS deve apoiar um candidato presidencial da sua área política” na corrida a Belém de 2026. “É preciso dar espaço a que as pessoas se disponibilizem.”
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O painel onde o socialista falou era sobre o “papel da esquerda na Europa onde cresce o populismo”. O socialista foi questionado sobre o artigo de Ricardo Leão sobre os que “ignoram o elefante na sala”e não escondeu que concordava com o atual presidente da Câmara de Loures pelo menos neste ponto concreto.
“Não podemos ter a cabeça debaixo da areia, concordo com Ricardo Leão”, atirou o socialista, defendendo que se aborde o tema com “coragem” e não fazer a “ligação com a imigração” que “outros” fizeram — uma clara referência ao artigo de opinião polémico assinado por António Costa, Pedro Silva Pereira e José Leitão a criticar Leão.
Ainda assim, acabou mesmo por falar de imigração que acabou por ficar a falar para dizer que o PS deve “encarar de frente” o assunto. “Se para ganhar eleições preciso dizer o que a extrema direita diz eu prefiro perder. Temos de falar de imigração com inteligência e seriedade“, defendeu o líder socialista. “O país precisa, a economia precisa. Se mantivermos o travão que temos estamos a criar travão à economia”.
“O Governo, ao disputar eleitores com a extrema-direita colocou problemas a si próprio na economia portuguesa”, afirmou o socialista, que considera que o país não pode “fazer de conta de que a economia portuguesa não precisa desses trabalhadores”. “Neste momento há um vazio na lei”, acrescentou ainda, defendendo que se “adapte o Estado e o estado social à entrada de um numero tão grande de trabalhadores estrangeiros”.
O socialista falou também muito sobre economia, com críticas à falta de “estratégia” do Governo nesta área e à “incapacidade de perceber o problema da economia e de como ela pode ser transformada”. Mas, a dada altura, falou também da “alteração do PS no IRC na especialidade”, garantindo — depois de meses de negociações com esta como uma das principais linhas vermelhas — que afinal “não é um dogma para o PS a questão do IRC”.
Ainda sobre a economia, Pedro Nuno traçou um retrato pouco positivo do país. “Não temos capacidade transformadora de coisa nenhuma e tem sido problema que tem atravessado inúmeros governos em Portugal incluindo o do PS”. O socialista assumiu parte da responsabilidade e apontou o Norte do país como exemplo.
“Os ministros normalmente são de Lisboa. Se calhar precisamos de um ministro da Economia do Norte do país”, provocou. “Se tivermos consciência da economia que temos no Centro e do Norte percebemos que temos ali potencial”, referiu ainda Pedro Nuno, apontando o sector metalo-mecânico e da energia como exemplos.
O socialista aproveitou também para falar na aplicação do dinheiro público em sectores com potencial transformador e em “área com potencial de arrastamento”. “Os liberais ficam chocados e zangados quando digo que um empresário faz com o seu dinheiro o que bem entende mas que o Estado também deve fazer o melhor que sabe e aplicar os recursos para apoiar áreas com potencial de arrastamento”.
Aqui introduziu o tema dos privados na Saúde para, mais uma vez, louvar o que se faz no Norte. E isto porque para Pedro Nuno Santos considera que apoiar os privados neste sector “é dar incentivos errados“, defendendo antes que se “privilegie quem investe o seu capital em sectores expostos à concorrência internacional, bens transacionáveis, que têm de correr o mundo como correm os empresários do Norte e Centro do país”.
Na relação com o tópico do populismo, Pedro Nuno diz que “desenvolver economia a um ritmo maior” acaba por “facilitar a vida aos portugueses” e isso permite “combater a direita populista”.
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