A noite estava a ser sobretudo marcada pelo dérbi da Taça de Portugal entre Benfica e Sporting no Estádio da Luz mas nem por isso a campanha do FC Porto abrandou, na antecâmara da entrada da equipa em campo na primeira mão das meias-finais da prova rainha em Guimarães. Assim, e quase em simultâneo, quando André Villas-Boas estava em Lisboa a apresentar o projeto para a edificação de uma Academia na Gaia e não na Maia, Pinto da Costa marcou presença numa sessão de esclarecimento na Arrifana. E foi aí, mais uma vez, que explicou os motivos que o levaram a avançar com a 16.ª candidatura à liderança do clube mas que teve também oportunidade para responder quase em simultâneo a algumas frases ditas pelo adversário.
“O que me faz, ao fim deste tempo, candidatar, ou recandidatar, são exatamente esses que enchem a Avenida dos Aliados quando o FC Porto vence e que choram quando o FC Porto perde. É por isso que estou aqui, determinado, com um grupo completamente renovado e com o objetivo de servir o FC Porto. Temos ambições. Queremos as modalidades mais fortes, queremos o futebol mais forte e queremos que a Academia seja realmente uma realidade, porque era um desejo meu no mandato que está a terminar”, começou por referir, antes de detalhar o projeto na Maia “para que tanto trabalho e tanto dinheiro já gasto num projeto considerado fabuloso não seja rasgado e deitado para o caixote do lixo”, referiu, citado pelo Record.
“Queremos unir a massa associativa. O sucesso destes 42 anos, em que vencemos 2.566 títulos, 68 no futebol e sete internacionais… É isso que nos faz realmente avançar. Mas, terminadas as eleições, a nossa intenção, a minha primeira preocupação é que os estragos que estão a ser feitos na união da massa associativa sejam imediatamente recompostos e estejamos todos pelo FC Porto. Sabemos que neste momento é fácil dividir mas a nossa determinação será unir a massa associativa. Os treinadores mudaram, os jogadores mudaram, as direções mudaram e nós vencemos praticamente sempre. Porquê? Porque estávamos todos unidos e unidos não há ninguém que nos vença. Temos que estar todos pelo Porto. Não é por mim, é pelo Porto. Tenho certeza que irá acontecer, porque quando quem tem outros interesses vir que não conseguiu vir a desfazer o seu apetite voraz, vão ter que esperar e vão ter que se calar”, salientou Pinto da Costa.
Em paralelo, o presidente dos dragões abordou também o anúncio do apoio de José Fernando Rio, que foi um dos candidatos vencidos em 2020 com 26,44% dos votos, que o próprio desconhecia. “Peço desculpa mas hoje foi um dia atribulado. Está a dar-me uma notícia com que fico muito satisfeito. E fico porque é isso mesmo que eu quero, que é todos pelo FC Porto. Não é por acaso que um concorrente num ato eleitoral por duas vezes comigo, Martins Soares, está aqui presente e me apoia. E quando me dá essa notícia fico muito contente porque é sinal de que a mensagem todos pelo FC Porto está a passar. Foi meu adversário há quatro anos, teve até uma votação significativa, mas nunca atravessou a linha vermelha, foi sempre de uma correção e de uma lealdade que ao fim de quatro anos temos uma relação perfeitamente normal. Olhe, fico muito contente e publicamente agredeço-lhe. É isso que eu quero, todos pelo FC Porto”, destacou.
“Ações suspensas pela CMVM? Foi por coisas que eu disse ontem [segunda-feira, na entrevista à SIC], eles querem saber exatamente como é. Por isso é que o doutor João Rafael Koehler já teve o cuidado de explicar a situação sem entrar diretamente no problema, senão amanhã temos de novo as ações suspensas. Há uma coisa que posso garantir: o problema de tesouraria e financeiro de hoje a um ano, não será daqui quatro anos, estará muito melhor do que hoje”, explicou ainda a propósito da “notícia” do dia.
Mais tarde, Pinto da Costa respondeu também às acusações de Villas-Boas sobre “um candidato a vice-presidente da lista de Pinto da Costa que se indignou e maltratou o Dr. Lourenço Pinto por este estar a exigir presença de Cartão de Cidadão juntamente com cartão de associado do FC Porto no próximo ato eleitoral”. “O mesmo que impede as pessoas de se exprimirem nas suas redes sociais”, acrescentou, fazendo referência a João Rafael Koehler. “Naturalmente pode haver alguma discussão mais exaltada. Mas passa pela cabeça de alguém que alguém que faz parte da minha lista fosse tratar mal o doutor Lourenço Pinto, o meu presidente da Assembleia Geral? Mas isso cabe na cabeça de alguém?”, questionou o líder dos portistas.
“Eu acho que o candidato André Villas-Boas não esteve presente na reunião e, portanto, faz sempre de ventrículo de pessoas que lá vão e que depois lhe contam a história errada. Só para dizer que, relativamente a este assunto, da minha parte, eu dei a minha concordância à proposta da Mesa relativamente à votação. Acho que ele tem uma obsessão quase doentia, relativamente a mim, e também relativamente ao presidente, pior ainda, para nos criticar permanentemente. Mas não faz qualquer sentido e até houve um acordo entre todas as listas, relativamente à proposta”, comentou sobre o tema João Rafael Koehler.
“O FC Porto não tem um problema financeiro, ao contrário do que dizem, tem um problema de tesouraria, como tem a maior parte dos clubes. Não somos um clube brasileiro, há clubes brasileiros que se financiam a 6% ao mês. Nós temos uma taxa média e o nosso serviço de dívida está em cerca de 6,8% ao ano. Não entendemos porque é que a outra candidatura está sempre a falar sobre problemas financeiros. Aliás, houve uma Assembleia Geral para aprovar as contas e elas foram até aprovadas com vasta maioria. O FC Porto não tem um problema financeiro, tem problemas de tesouraria e, no caso da nossa esperada vitória, a instrução do presidente foi para substituirmos dívida muito vinculativa, que é uma dívida muito exigente, e uma dívida má por dívida menos vinculativa. O que é que isso significa? Refinanciar, não é reestruturar. É substituir dívida por outra dívida em que paguemos menos juros. É só isso”, acrescentou Koehler.