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Presidenciais renhidas? Com candidatos “pouco óbvios” e o pós-Marcelo em mente, PS prevê segunda volta – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Set 2, 2024

Feitas as contas ao leque possível de candidatos — falta saber se Chega e Iniciativa Liberal terão candidatos próprios, sendo certo que, se o PS avançar com um perfil mais ao centro como o de Mário Centeno ou Augusto Santos Silva, o apoio do Bloco de Esquerda cai e o do Livre pode ficar em risco — fica em cima da mesa um cenário em que as votações se mostrem divididas, o que também favoreceria, na lógica do PS, uma segunda ida às urnas.

O Bloco de Esquerda e o Livre avisaram, desde logo, que estariam disponíveis para apoiar um candidato que reunisse consenso à esquerda, abdicando de avançar com candidatos próprios e contribuindo para uma candidatura mais sólida. No entanto, para já, o PS parece desvalorizar o peso que esses apoios representariam e chuta a conversa para uma segunda volta em que os partidos de esquerda poderiam ser obrigados a apoiar, por exclusão de partes, o candidato do PS.

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Ou seja, os socialistas parecem não fazer, pelo menos à partida, do apoio do resto da esquerda um critério para a escolha do nome que escolherão apoiar — isto apesar de no passado a esquerda já ter juntado forças e mostrado a utilidade de uniões neste plano, fosse para “engolir o sapo” e ajudar Mário Soares a derrotar Freitas do Amaral, para eleger Jorge Sampaio (Jerónimo de Sousa desistiu, ajudando a abrir caminho para o socialista) ou para, no caso do Bloco, apoiar Manuel Alegre.

Já o PCP está fora destas contas, devendo avançar com um candidato próprio — Paulo Raimundo não exclui encabeçar uma eventual candidatura, mas diz que é cedo para tomar decisões.

O fim do ciclo de Marcelo Rebelo de Sousa traz outra novidade: será a primeira vez desde a última candidatura de Mário Soares que o PS assumirá o apoio a um candidato, fazendo questão de se envolver diretamente nas eleições presidenciais. Isso mesmo foi garantido por Pedro Nuno Santos quando se candidatou à liderança do PS, e repetido ainda na semana passada: “O que é claro para nós é que o Partido Socialista, ao contrário do que aconteceu nas duas últimas eleições, vai ter e vai apoiar um candidato”.

Ora este fator também baralha as contas, que nas duas corridas que deram a vitória a Marcelo Rebelo de Sousa tinham deixado a área socialista enfraquecida. Em 2016, os socialistas não apoiaram oficialmente nenhum nome, embora boa parte do aparelho estivesse com António Sampaio da Nóvoa, e a votação acabou por partir-se entre o professor universitário (23%) e a antiga presidente do PS Maria de Belém Roseira (4,24%), além dos nomes apoiados pelos restantes partidos de esquerda (com Marisa Matias a conseguir uns históricos 10%).

Já em 2020, aquando da reeleição do Presidente da República, o PS deu ainda mais por perdida a corrida e António Costa encarregou-se mesmo de lançar a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita conjunta à Autoeuropa oito meses antes das eleições. Como o próprio Marcelo viria a admitir, ficava nesse momento visto como um candidato que era também do PS, apesar de contar com o apoio oficial de PSD e CDS. Da área socialista avançaria Ana Gomes, mas sem o apoio do partido (e com o apoio individual de Pedro Nuno Santos), conquistando 12,96% dos votos. Nesse tabuleiro já entraria André Ventura, com 11,93% dos votos; o candidato liberal Tiago Mayan Gonçalves (3,23%); e uma esquerda mais diminuída (somados, João Ferreira e Marisa Matias não chegariam aos 10%).

Com o fim do ciclo Marcelo e um Governo de direita no poder (é sempre repetida nos corredores a teoria de que os portugueses não gostam de pôr os ovos todos no mesmo cesto e aproveitam estas eleições para equilibrar os poderes, exceção feita à dupla Jorge Sampaio/António Guterres), os socialistas acreditam que têm em mãos uma oportunidade de acabar com um jejum de duas décadas e voltar a Belém. Mas não antecipam uma corrida fácil — nem, a esta distância e com os nomes que vão surgindo nos bastidores da política, um resultado imediato.





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