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Presidente da Rússia? Navalnaya admite ter “ambições políticas” e quer ver Putin “preso numa cadeia russa” – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Nov 12, 2024

“Tenho ambições políticas. Quero ter um papel de liderança política.” A viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, reconheceu, esta terça-feira, que tem a intenção de candidatar-se à presidência da Rússia, opondo-se ao atual Presidente russo. Na Web Summit, em Lisboa, Navalnaya caracterizou Vladimir Putin como o “líder de uma máfia” para quem já tem um plano: “Putin cometeu muitos crimes na Rússia, começou a guerra, matou dissidentes, pôs muitas pessoas na prisão. Quero que ele assista à Rússia a transformar-se numa sociedade democrática na cadeia.”

Na sua segunda e última sessão na Web Summit em Lisboa, Yulia Navalnaya disse que não é a “irritação” ou a “fúria” que a motiva na tarefa de se opor a Vladimir Putin. É antes o sentido de “justiça”. “Eu amo o meu país. Os meus filhos adoram o país. Quero voltar ao meu país. Há um criminoso que lidera o meu país. Vi a luta do meu marido por anos”, justificou, questionando: “Porque é que vamos dar o país a Putin?”

Interrogada sobre se se sente segura no seu papel de líder da oposição russa, Yulia Navalnaya assumiu que não pensa muito sobre isso, mas reconheceu as dificuldades. “Quero uma Rússia pacífica e democrática. Continuo nessa direção. Provavelmente pode ser perigoso, pode ser muito perigoso. Não significa que tenhamos de parar. Temos de mostrar esse exemplo. O meu marido sacrificou a vida na luta contra esse regime”, afirmou a viúva de Alexei Navalny.

Foi vaiada por ucranianos e emocionou-se a recordar o marido. Na Web Summit, Navalnaya foi obrigada a falar sobre a guerra na Ucrânia

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“Peço a todas as pessoas na Rússia e no mundo: não tenham medo de ditadores. Damos-lhes o poder quando temos medo”, frisou ainda Yulia Navalnaya.

Ao lado do líder da oposição venezuelano Leopoldo López, que também participou na mesma sessão conduzida pela jornalista Ann Curry, a viúva de Alexei Navalny defende que a comunidade internacional deve apoiar o país liderado por Volodymyr Zelensky. “Foi o regime de Vladimir Putin que começou [o conflito]. Precisamos de apoiar a Ucrânia. A Ucrânia defende a sua própria independência”, frisou.

No que diz respeito ao Presidente eleito norte-americano Donald Trump e a sua alegada proximidade a Vladimir Putin, Yulia Navalnaya disse que vai “esperar para ver” como o líder do Partido Republicano vai “trabalhar” quando chegar novamente à Casa Branca. “É muito importante lembrar que os Estados Unidos têm instituições democráticas muito fortes, ao contrário da Rússia que tem apenas um Presidente”, salientou a viúva de Alexei Navalny.

Yulia Navalnaya recordou também o legado do marido. Se fosse vivo, assinalou, estaria “surpreendido” pela sua atitude. “Nunca esperei por isto. Nunca esperei estar aqui [na Web Summit] atrás de uma audiência”, destacou. E honrou a memória de Alexei Navalny, que se tornou um dos “políticos da oposição mais famosos durante uma ditadura”. “Nunca teve acesso à televisão. Mas tornou-se um dos líderes da oposição mais conhecidos do mundo.”

Na mesma sessão, Leopoldo López também prestou homenagem a Alexei Navalny. “É um herói que se sacrificou por uma ideia: a liberdade. Para mim, a memória de Alexei Navalny estará sempre presente”. Tal como acontece na Rússia, o líder da oposição indicou que não existe “liberdade” na Venezuela sob o regime do Presidente Nicolás Maduro.

Enviado uma mensagem mais ampla, o líder da oposição venezuelano, responsável pelo movimento Vontade Popular e que vive atualmente em Espanha, avisou que as democracias “estão a ficar para trás”: “Os vilões estão a ganhar. Os autocratas estão a ganhar”.

Para evitar essa tendência, Leopoldo López e Yulia Navalnaya realçaram o papel que a tecnologia pode ter. “Para ultrapassarmos a censura, precisamos de tecnologia”, reforçou o venezuelano, pedindo, no palco principal da Web Summit, às empresas de comunicação para pensarem em como podem “dar ferramentas” aos movimentos de oposição em todo o mundo para superarem as dificuldades impostas pelos regimes autocratas.





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