O PS acusou esta terça-feira o Governo de trazer “instabilidade ao Serviço Nacional de Saúde” ao ter interrompido a reforma que a anterior direção executiva tinha em curso, recusando “lições de moral do PSD” nesta matéria.
“Ao longo dos últimos meses, aquilo que nós temos visto é o Governo trazer instabilidade para o SNS, em vez de cuidar de ultrapassar as dificuldades e, quando no início deste mandato, o Governo procurou questionar as funções da direção executiva, mudar a direção executiva e a sua forma de trabalhar, criou uma pressão adicional sobre o verão, que é agora hoje visível, com muito pouca transparência no funcionamento das urgências e muita instabilidade na resposta aos cidadãos”, defendeu a deputada socialista Mariana Vieira da Silva.
A ex-ministra falava aos jornalistas no Hospital Santa Maria, em Lisboa, depois de uma comitiva de deputados socialistas se ter reunido esta tarde com a administração daquela instituição.
Interrogada sobre o desafio feito pelo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que aconselhou o PS a “meter a mão na consciência” e a aceitar que é preciso unidade para recuperar o Serviço Nacional de Saúde do “colapso que resultou dos últimos oito anos” de governação, Mariana Vieira da Silva rejeitou lições.
“Eu peço desculpa, mas eu não aceito lições do PSD nesta matéria. Porque o que nós estamos a viver é um agravar da situação face ao ano passado. E esse agravar da situação face ao ano passado decorre de se terem desmontado as estruturas e a organização que o professor Fernando Araújo e a direção executiva estavam a fazer das urgências”, insistiu.
A ex-ministra nos governos de António Costa e agora deputada afirmou que nunca fugirá a responsabilidades que o Governo do PS tem, “mas era o que faltava não poder acompanhar a forma como os problemas são resolvidos no terreno e não poder criticar”.
Mariana Vieira da Silva salientou que “há na perspetiva do PSD uma dimensão de investimento na relação com o setor privado e não de reforço no investimento do setor público e o PS não acompanha”, contudo, os socialistas estão disponíveis para falar sobre questões de carreiras dos profissionais de saúde.
“Agora, não podemos esconder que aquilo a que assistimos a partir de março foi um desmontar do que estava feito, o afastamento de pessoas, a criação de instabilidade que começa na direção executiva e acaba no INEM”, sublinhou.
Na opinião da socialista, o Governo criou a expectativa de resolução de um problema complexo em 60 dias, cabendo-lhe agora responder pelas expectativas que criou “e não cumpriu” deixando os serviços “pior do que estiveram no verão passado”.
“Sabemos que o problema não é novo, mas o problema tem instrumentos para ser enfrentado, como seja a dedicação plena, os centros de responsabilidade integrada, mecanismos que permitam pagar mais aos profissionais para assim os poder fixar nos territórios”, defendeu.