Foram três os frente-a-frente na Rádio Observador, os únicos destas europeias, nesta que foi uma super quinta-feira de debates a dois. Tânger-Corrêa, o cabeça de lista do Chega, e Fidalgo Marques, o escolhido do PAN, foram os primeiros a debater: com cada um num polo da política nacional, houve divergência sobre todos quase todos os temas, das questões de género às dos direitos dos animais (com as touradas a dar que falar até surgiram propostas de referendos), passando pelo pacto para as migrações e acabando nos insultos machistas e misóginos no Parlamento, de que o Chega é acusado. E aqui Tânger acabou por surpreender, pedindo que se apure tudo até às últimas consequências (sem deixar de se fazer de vítima — “qualquer dia respiro e sou atacado por respirar”).
Seguiu-se o frente-a-frente da esquerda, entre Catarina Martins, do Bloco, e João Oliveira, da CDU. E apesar do muito que os une, como resumiria a ex-líder bloquista, para além dessas “convergências importantes, há divergências, nomeadamente na política externa”. E, nesta questão em concreto, o debate centrou-se na defesa da saída de Portugal do euro, que o comunista nunca concretizou, mas tem deixado subentendida. Ao Observador, Oliveira já não foi tão vago, disse que não quer que o país seja empurrado para fora da moeda única (“estamos contra”), mas que se prepare para isso, por considerar que as políticas do euro nos prejudicam. Catarina contrapôs que a acontecer “isola Portugal, isola a esquerda e isola a economia”. De resto, maior discordância apenas sobre o apoio à defesa da Ucrânia, em que o PCP insiste na cimeira da Paz e o Bloco concorda com o apoio para a defesa ucraniana, mas as mesmas ideias sobre o investimento da UE em armamento.
Já no frente-a-frente à direita, Sebastião Bugalho (AD) e Cotrim de Figueiredo acordaram em discordar em vários pontos. Sobre as sanções à liberdade de expressão, sobre o uso de fundos europeus, sobre o poder de veto nas famílias europeias. Na verdade, Bugalho tentou puxar o liberal para o seu lado, mas Cotrim foi a jogo. O cabeça de lista da AD, que começou por atacar a grande ausente destes frente-a-frente —Marta Temido e o PS —, começou por dizer que não ia “fazer o favor de aos adversários” de se “picar com o Cotrim”. Mas Cotrim de Figueiredo não aceitou a amabilidade e até disse que tinha saudades do comentador agora candidato.
Os frente-a-frente na Rádio Observador, os únicos nestas europeias continuam esta sexta-feira, às 10h00 com o debate entre o liberal João Cotrim Figueiredo e o comunista João Oliveira. Esta nossa “Super Thursday” teve, às 17h00, o debate entre o cabeça de lista do Chega, Tânger-Corrêa e o cabeça de lista do PAN, Fidalgo Marques; às 18h00 o debate entre a cabeça de lista do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o cabeça de lista da CDU, João Oliveira; e às 19h00, o debate entre a cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, e o cabeça de lista da Iniciativa Liberal, Cotrim de Figueiredo. Pode consultar o calendário completo aqui.
Também esta sexta-feira haverá o último debate a quatro nas televisões. Será na TVI, entre Marta Temido (PS), Sebastião Bugalho (AD), Catarina Martins (Bloco) e Fidalgo Marques (PAN).
Quem esteve melhor? Ao longo destes dias, um painel de avaliadores do Observador continua a dar notas de 1 a 10 a cada um dos candidatos nos frente-a-frente da Rádio Observador. O mesmo modelo que temos usado, e vamos continuar a manter, nos debates a quatro das televisões (que se manterá e estenderá ao debate a oito, quer das televisões, quer das rádios). A média surge a cada dia, no gráfico inicial, onde pode ver a classificação geral e saber quem tem estado melhor e quem lidera.
[Já saiu o segundo episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio.]
Alexandra Machado — Pedro Fidalgo Marques entrou, no debate televisivo, em que esteve em confronto com Tânger-Corrêa combativo em relação ao Chega. E quis sempre focar o seu combate neste opositor. Aqui tinha o espaço ideal para o confronto apenas com o candidato do Chega. E foi isso logo que aconteceu neste frente a frente. E bem. Fidalgo Marques tinha temas que serviam melhor o despique político com quem está no seu oposto. E até fez Tânger-Corrêa, mais uma vez, tentar afastar-se do Chega do Parlamento nacional e até de André Ventura. Tânger-Corrêa pareceu querer uma pista própria, mas acabou mergulhado nos temas criticados ao partido do qual é vice-presidente. Tal como debate televisivo entre ambos, Tânger-Corrêa caiu na armadilha de Fidalgo Marques acusando o candidato do Chega de estar a vitimizar-se. Não foi um debate surpreendente em termos de ideias. Mas como têm sido os candidatos com piores prestações acabou por captar a atenção.
Carlos Diogo Santos — António Tânger-Corrêa esteve melhor do que no primeiro frente a frente, em que enfrentou o candidato do Livre, mas desta vez o oponente, Pedro Fidalgo Marques (PAN), também ajudou. E muito. Pedro Fidalgo Marques tentou ser interventivo — e às vezes até conseguiu tirar o cabeça de lista do Chega do sério —, mas continuou sem convencer e sem ser claro em temas importantes como as migrações. O debate arrancou com a denúncia de insultos na Assembleia da República por parte de deputados do Chega a deputadas de outros partidos. E Tânger-Corrêa esteve bem, ao defender que “se aconteceu algo de negativo, que seja agressivo ou contundente, deve ser levado até as ultimas consequências.” Esteve mal, ao acrescentar que não sabe se haverá tempo para levar o assunto a reunião de direção do Chega, por causa da campanha. De seguida, Pedro Fidalgo Marques esteve melhor quando o candidato do Chega trouxe o tema da “ideologia de género” para cima da mesa. Acredito que os argumentos usados sejam eficazes para algum eleitorado, mas o conteúdo foi fraco, com o candidato do Chega a falar inclusivamente em “preferência sexual” em vez de orientação sexual. Nessa altura do frente a frente parecia que tínhamos saímos do século XXI — houve pouco de conhecimento científico. Mas logo de seguida o candidato do PAN caiu, ao ser muito confuso sobre o que defende para a imigração. Do nada já estávamos nas alterações climáticas para evitar mais fluxos migratórios… uma confusão. Tânger voltou a ganhar pontos quando o tema foi a suposta “substituição demográfica”. O candidato do Chega afirmou que se conseguirmos integrar os que cá estão isso não acontecerá. É uma evolução na posição do Chega.
Pedro Jorge Castro — O frente-a-frente entre os dois candidatos com piores prestações até aqui deu afinal um bom duelo. Fidalgo não deixou passar nada, sempre em cima de Tânger em todas as respostas e ganhou um apoiante inesperado para um eventual referendo às touradas, para o reino animal (“e não sei quê”, como ele acrescentou), o que apesar de tudo cairá bem junto de eleitores indecisos que ainda ponderem votar PAN. Tânger diz que nasceu numa comunidade de artistas (para mostrar que cresceu rodeado de gays), mas dificilmente será um artista da política. Já não se esperava praticamente nada do vice de André Ventura, mas superou afinal essas fracas expectativas e, talvez pela primeira vez nesta campanha, conseguiu responder de forma eficaz para saciar eventuais indecisos que possam votar Chega, em temas caros a esse eleitorado. De caminho, ainda mostrou alguma coragem para admitir a intenção de levar a questão dos insultos lançados por deputados do Chega aos adversários a uma reunião da cúpula do partido. Pode não dar nada de concreto, mas já significa qualquer coisa, que será cobrada mais à frente.
Miguel Pinheiro — Tanto o Chega como o PAN tinham tudo a ganhar com a divergência neste frente a frente. Por isso, discordaram com ênfase e, até, gosto. Pedro Fidalgo Marques conseguiu finalmente ser combativo em vários pontos, dos direitos das mulheres às touradas. Já Tânger-Corrêa, tocou nos pontos que interessam ao eleitorado do Chega, da defesa do mundo rural ao ataque ao wokismo. Além disso, comportou-se como se fosse um independente, o que deixou Fidalgo Marques exasperado. No caso das acusações de insultos por parte de deputados do Chega, afirmou: “Tenho uma conduta diferente disso. Sou uma pessoa educada, respeito os outros”; e defendeu que, se isso de facto aconteceu, o partido deve levar o tema “às últimas consequências”. O que correu mal aos candidatos? Pedro Fidalgo Marques teve dificuldades em explicar um argumento que levou a um dos debates, em que afirmava que qualquer turista europeu podia ser detido durante 5 dias se estivesse a passear na Suécia sem documentos. Já Tânger-Corrêa divergiu de André Ventura no caso da interrupção voluntária da gravidez: o líder do Chega sempre disse que nunca defenderia a criminalização de uma mulher que recorresse ao aborto; já o cabeça de lista às europeias afirmou que “as mulheres não têm direito a matar um ser que existe”. André Ventura vai ter de conter danos.
Filomena Martins — Era o frente-a-frente das esquerdas e interessava perceber quem marcava mais pontos e mais diferenças junto do eleitorado. Catarina Martins usou uma frase que acabou a resumir tudo: Bloco e PCP têm convergências em matérias importantes, mas também divergências, em políticas externa e não só. No pingue pongue de argumentos, que o debate foi animado, João Oliveira lá se deixou finalmente de ambiguidades e evasivas sobre a saída do euro e mostrou o plano comunista finalmente no Observador: para Portugal ser empurrado para fora da moeda única, o PCP é contra; uma coisa planeada a 8/10 anos, de preferência com muito dinheiro no bolso, é o que os comunistas querem. A líder bloquista lembrou-lhe, e bem, como o país, a esquerda e a economia ficariam isolados numa situação dessas, mas nada demoveu João Oliveira de tal ideia peregrina apesar dos exemplos falsos que teima em apontar. Mas o pior para os comunistas — por mais que João Oliveira tenha apontado as posições catavento do Bloco em matéria eurocética e desmontado o argumento de Catarina de que o mundo mudou —, continua a ser a posição sobre a Ucrânia. Não sei que livros de história leu que falam de cimeiras de paz com ditadores como solução para a paz, mas a cada vez que o repete perde mais uns votos. No final, um empate técnico.
Pedro Raínho — É preciso trabalhar para a paz, defendeu, inamovível, João Oliveira. Certo, respondeu Catarina Martins. Mas é preciso que, antes (ou ao mesmo tempo), se garanta que a Ucrânia tem capacidade de se defender de uma guerra que — é sempre importante lembrá-lo — foi iniciada por Putin. Até porque, como é óbvio, não é possível defender o direito de Kiev à integridade do seu território e logo a seguir fechar a torneira da ajuda militar europeia à Ucrânia. A consequência está fácil de antever. É preciso preparar a saída de Portugal do euro, porque a moeda única é “um entrave” às políticas de desenvolvimento nacional, voltou a defender o cabeça de lista da CDU (que, num discreto passo em frente, garante que os comunistas estariam contra a saída se o país fosse “empurrado”, de repente, para esse cenário). Resposta de Catarina Martins: o euro provocou desequilíbrios e injustiças entre os diferentes países aderentes, mas discutir a saída é contribuir para um país mais “isolado”. Só este parêntesis para nos lembrarmos do país em que estamos: uma sondagem promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, publicada no início de maio, mostrava que 72% dos portugueses — sete em cada dez! — estão convictos de que Portugal beneficiou com a adesão à moeda única. A percentagem é ainda mais elevada (91%) no balanço da adesão à União Europeia. Mais claro não podia ser. Num frente-a-frente em que era muito mais o que os unia que aquilo que os separava, a diferença estaria sempre nos detalhes. Mais realista e mais pragmática — sem abdicar das críticas ao projeto europeu que fazem parte da matriz ideológica do Bloco de Esquerda —, Catarina Martins foi a voz mais esclarecida à mesa.
Miguel Pinheiro — Catarina Martins e João Oliveira passaram todo o debate a discordar — mas no fim não quiseram ser BFF. Estão disponíveis para encontrar pontos de acordo, pertencem à mesma família europeia, mas não planeiam tornar-se BestFriendsForever através de uma “frente de esquerda” que levasse a uma coligação nas europeias. Mantiveram, disciplinadamente, as estratégias de campanha: a CDU quer “preparar a saída do euro” e acha que as flores são a resposta aos tanques russos; o BE quer mudar a União Europeia por dentro, procurando alianças que permitam dinamitar o rigor orçamental dos países do norte, e mantém-se firme no apoio (mesmo militar) a Kiev. Nestas eleições, a CDU e o BE não são Dupont e Dupond — os eleitores de esquerda vão ter que optar.
Rui Pedro Antunes — Fazem parte da mesma família europeia, mas divergem em dois grandes temas: o euro e a Guerra na Ucrânia. Na disputa pelo mesmo eleitorado, João Oliveira venceu o campeonato da esquerda, Catarina Martins o campeonato da popularidade. O cabeça de lista da CDU expôs a incoerência da mudança de posição do Bloco relativamente ao euro, apresentando-se como uma espécie de esquerda verdadeira que não cede, por “oportunismo” eleitoral, ao liberalismo de Bruxelas e de Frankfurt. Numas eleições em que conta muito o tiffosi, João Oliveira assumiu a dianteira na luta pelo voto eurocético. É uma franja mais pequena de eleitorado (Portugal é ultra-europeísta), mas é também nesses eleitores que BE e PCP disputam eleitorado. O comunista teve problemas, como sempre, ao falar da Ucrânia (onde Catarina ganhou pontos num mais popular apoio a Kiev), mas não caiu em exageros como comparar a pulsão imperialista de Putin a armas de destruição massiva no Iraque. João Oliveira perdeu votos apenas naquilo que não é ele controla: o programa da CDU. Num debate muito equilibrado, o comunista esteve ligeiramente acima da adversária.
Alexandra Machado — Um bom debate entre dois candidatos que disputam alguns dos mesmos eleitores. João Cotrim de Figueiredo acabou por ganhar ao longo do tempo que decorreu, ainda que Sebastião Bugalho, no final, tivesse voltado a vestir o fato de comentador/inquiridor para deixar duas perguntas ao seu concorrente já sem quase nenhum tempo de resposta. E isso Cotrim de Figueiredo fez notar, criticando Bugalho. Mas eram perguntas válidas e aparecerão, com certeza, em outros debates. Tinha a ver com a proposta da IL de reformular “as votações por maioria qualificada, com salvaguardas de soberania” e a “composição e dimensão do colégio de comissários e respectivo sistema rotativo”. A última ficou por responder por falta de tempo. À primeira Cotrim de Figueiredo sugeriu a política externa. Um debate dinâmico e com temas muito relevantes, a começar logo pela liberdade de expressão, e foi aqui, tal como na questão dos recursos próprios da União Europeia, que o candidato liberal expressou melhor as suas ideias e até deixou Bugalho a afastar-se do que se passa na AD nacional quando Cotrim Figueiredo o confrontou com o facto de Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, não ter dado o respaldo a Aguiar Branco no Parlamento a propósito da liberdade de expressão. Cotrim de Figueiredo foi mais assertivo sobre a aplicação de sanções a deputados por declarações que façam no Parlamento Europeu. O deputado liberal não concorda. O candidato da AD diz que perante declarações mais extremadas condenaria e sairia da sala. Cotrim foi igualmente assertivo sobre política fiscal e recursos próprios da União Europeia, recusando novos impostos. Bugalho terminou ao ataque, apesar de ter iniciado com a promessa de não “fazer um favor aos adversários de picar-me com João Cotrim de Figueiredo”. No final houve picadas, de parte a parte, e ainda bem. Sai a perder deste debate Marta Temido – o PS não aceitou participar nos debates do Observador.
Pedro Jorge Castro — Bugalho entrou neste debate determinado a não discordar, não se enervar e não se estampar. Atingiu os três objetivos. Cotrim apareceu com ganas de mostrar convicções fortes, sublinhar diferenças e manter a graça. Atingiu dois e meio: as diferenças não ficaram demonstradas de forma estonteante, mas também não podiam — como disse Bugalho a dada altura, não precisariam de simular divergências. Cotrim esteve mais ao ataque, mas Bugalho resistiu onde tinha de o fazer, corrigindo uma frase sobre a liberdade de expressão “sagrada”, dando um exemplo extremo da defesa do Holocausto para admitir as sanões a deputados no Parlamento Europeu e criando confusão no fim com as perguntas sobre a unanimidade na política externa. O resultado é um empate: nenhum dos dois perdeu muitos fiéis, mas também nenhum terá conquistado muitos indecisos. Ambos ganharam um companheiro de petiscos para os muitos fins de tarde que vão partilhar em Bruxelas.
Miguel Pinheiro — João Cotrim Figueiredo esteve sempre ao ataque e defendeu sempre intransigentemente as ideias da IL: contra o insuflar da ideia de que os fundos europeus são para sempre, contra sanções a eurodeputados que limitem a liberdade de expressão, contra o crescimento em funções e em orçamento da União Europeia. Já Sebastião Bugalho passou todo o debate a tentar encontrar convergências com o cabeça de lista da Iniciativa Liberal — alguns terão visto nisso capacidade de diálogo; outros, terão visto nisso debilidade de convicções. O problema é que esta dinâmica colocou Cotrim Figueiredo permanentemente ao ataque e Sebastião Bugalho permanentemente à defesa (exceto no final, quando criticou a proposta da IL de acabar com o princípio da unanimidade em política externa). Para a AD, vencer as europeias é uma obrigação existencial — se ficar em segundo lugar, o PS começará no dia seguinte a preparar as legislativas antecipadas. Por isso, neste frente-a-frente, Sebastião Bugalho precisava de tirar muitos votos à IL. Não conseguiu. Só não foi grave porque, nesta mesma tarde, Luís Montenegro apresentou propostas fiscais para os sub-35 que irão seguramente fazer vacilar o eleitorado jovem da IL.
Rui Pedro Antunes — Sebastião Bugalho levava no bolso a estratégia não ir ao confronto com João Cotrim Figueiredo, certamente porque acredita que isso não lhe dá votos. Mas o liberal não estava disposto a assinar pactos de não-agressão e não desperdiçou a oportunidade de ferir o adversário, mesmo com fogo-amigo. Certamente porque acredita que isso lhe dá votos. Começou logo ao ataque a dizer que tinha “saudades” do comentador Bugalho, mais “enérgico e inovador”, querendo passar uma mensagem a quem está indeciso entre os dois: Bugalho é melhor comentador do que político. É provável que tenha sido eficaz. O candidato da AD resistiu a morder o isco, mas Cotrim conseguiu forçar as diferenças. Desde logo na limitação à liberdade de expressão que devem (ou não) ter os deputados. Sebastião Bugalho acabou por dizer que há casos em que defende sanções, dando o exemplo de um deputado que faça a apologia do holocausto. Pode até ganhar votos ao centro, mas no eleitorado que disputa com Cotrim (mais liberalão, anti-woke) este foi um deslize que não conseguiu evitar. Cotrimpegou-lhe na mão até este beco e Sebastião não conseguiu sair incólume. Astuto, Bugalho ainda tentou utilizar a técnica de atacar no fim, quando Cotrim já não podia responder. E aí teve uma eficácia moderada. Desafiou Cotrim a dizer em que matérias queria abdicar do direito de veto no Conselho, ao que o liberal respondeu: “Política Externa”. O candidato da AD levou, aí, Cotrim ao lugar que queria: isso poderia condicionar Portugal na relação com países como o Brasil, o que seria bizarro. Ainda assim, o liberal foi sempre mais rápido a sacar da pistola. Bugalho jogou para o empate, o que levou Cotrim a vencer do frente-a-frente, ainda que por pouco. Ao contrário do que diz o candidato da CDU: as guerras não se ganham com flores nas armas.
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