Temos que falar sobre o ano passado. Estava à espera da reação que obteve ao seu tweet sobre Israel?
Neste momento, a meio da Web Summit, é quase difícil pensar no ano passado.
Porque é que é difícil?
Porque estou muito concentrado, em cada minuto que passo acordado, em apresentar resultados este ano, em fazer todas as alterações que fizemos, em criar meetups de dia e de noite, em fazer muitas alterações ao produto, à aplicação. Durante a noite [na madrugada desta quarta-feira] criámos um serviço de resumo de todas as palestras com recurso à inteligência artificial, que publicámos em direto. A primeira versão já está a funcionar. Estamos a pegar em todas as palestras e a utilizar a Gen AI [inteligência artificial generativa] para dar um breve resumo aos participantes. Ao longo do dia, vamos continuar a fazer melhorias, tornando-o pesquisável.
No ano passado, antes de se demitir, pediu desculpa nas redes sociais [pelos seus comentários sobre Israel]. Mantém o que escreveu ou a sua opinião mudou?
Tudo o que disse nos meses que se seguiram e no rescaldo imediato permanece inalterado. É o que é. O que eu disse no Rio [de Janeiro], quando fiz a minha primeira conferência de imprensa depois de regressar, e na conferência de imprensa em Toronto e na conferência de imprensa [horas antes da entrevista], não mudou.
Não veio à última edição da Web Summit em Lisboa. Mas assistiu ao evento? Como viu a liderança de Katherine Maher?
Sim, assisti o evento. Fiquei muito orgulhoso. Achei que a Katherine esteve absolutamente incrível. Ela é uma pessoa única e talentosa e a Web Summit teve muita sorte de encontrar alguém assim naquele momento. É uma líder de classe mundial e tivemos muita, muita sorte. E a equipa foi simplesmente incrível. Foi incrível o evento que fizeram no ano passado… e este ano está uma loucura. É simplesmente inacreditável.
A Katherine Maher disse que era desbocado [outspoken foi o termo utilizado]. Revê-se nessas palavras?
Não vi isso. Acho que ela não seria a primeira pessoa a dizer isso. Tenho a certeza que centenas de pessoas já disseram que sou desbocado.
“Todos têm direito a expressar-se” mas “o peso das palavras” conta. Na abertura da Web Summit, nova CEO não esqueceu o “desbocado” Paddy
Quando anunciou o seu regresso [à liderança da Web Summit], a imprensa irlandesa escreveu que esse tinha sido sempre o seu plano. Que Katherine Maher era apenas uma solução temporária e que Paddy acabaria por regressar. É verdade? Demitiu-se com a certeza de que ia voltar este ano?
Essa é uma teoria da conspiração de um jornalista irlandês. Mas penso que a Katherine, quando se tornou CEO, foi muito clara com os jornalistas, em particular, sobre quem estava a promover essa agenda. Foi um jornalista muito sexista e machista que trabalha para o Sunday Business Post, o Charlie Taylor, que tende a promover uma agenda profundamente misógina. Ele não podia aceitar que a Web Summit pudesse ter uma CEO mulher.
Web Summit procura CEO (outra vez) após saída de líder sem tempo para deixar marca. Segunda oportunidade para Paddy?
Então, não estava a pensar regressar quando se demitiu?
Acho que isso não fazia parte do meu processo de pensamento, na altura.
Como foi o regresso? A iniciativa de regressar partiu de si?
Tem sido incrível. É o nosso maior ano de sempre. O setor tecnológico está a atravessar uma grande, grande recessão. As receitas [da Web Summit] cresceram quase 30% este ano em comparação ao ano passado, que já era o nosso maior ano de sempre enquanto empresa. Foi um ano muito lucrativo, um dos mais lucrativos de sempre para nós.