As lágrimas de Cristiano Ronaldo depois de falhar o penálti, que poderão ter sido porque viu as da mãe na bancada, porque equacionou que Portugal iria ser eliminado ainda nos oitavos de final ou simplesmente porque sentiu que a sorte não estava do seu lado, correram o mundo. Houve quem dissesse que era inadmissível, quem elogiasse a demonstração pública de fragilidade, quem recordasse que também chorou de tristeza no Euro 2004 e de alegria no Euro 2016. Ele próprio, porém, não escondeu que foram simplesmente pelo óbvio: a responsabilidade que carrega nos ombros.
“Fico emocionado quando penso na minha família, porque são momentos únicos. Não consigo expressar em palavras. É o meu último Europeu, claro que sim. Mas não é por isso que fico emocionado. Fico emocionado por tudo o que implica o futebol, pelo entusiasmo que tenho pelo jogo, pelo entusiasmo que vejo nos adeptos, por ter a minha família aqui, pela paixão das pessoas, pelo carinho que têm por mim, os próprios companheiros… Não é por deixar o futebol. Nada se vai resumir por mais um ponto ou menos um ponto, o mais importante desta caminhada que tenho feito é o entusiasmo que ainda tenho para estar aqui. 20 anos de Seleção e jogar, alegrar as pessoas, a família, os filhos, é o que mais me motiva”, disse o avançado, ainda na zona de entrevistas rápidas, num dos momentos em que conseguiu falar sem voltar a emocionar-se.
Curiosamente, esta sexta-feira e na sequência da eliminação contra França, Cristiano Ronaldo não chorou. Festejou os penáltis convertidos, sorriu para cumprimentar Griezmann, foi saudado por Didier Deschamps e Roberto Martínez e ainda teve tempo para consolar Pepe, que o abraçou em lágrimas. Se é quase certo que o capitão da Seleção Nacional ainda irá ao Mundial 2026, também é quase certo que os Campeonatos da Europa já se despediram do capitão da Seleção Nacional — e o recorde, aquele de que todos falavam, ficou por bater.