O regresso a um trágico palco, menos de um mês depois da queda. Foi há apenas 27 dias que o FC Porto se deslocou a casa do Moreirense e disse adeus à Taça de Portugal logo na quarta eliminatória, a segunda em que participou (2-1). Os dragões caíram com estrondo em Moreira de Cónegos, num jogo em que permitiram a reviravolta depois de terem estado a ganhar e os jogadores e a equipa técnica terminaram a partida à frente dos adeptos, que não se inibiram de mostrar toda a sua frustração, levando Samu e Zé Pedro a não conseguirem conter as lágrimas. Essas foram as principais imagens que ficaram daquela tarde chuvosa de domingo.
Na noite deste sábado, o texto acabou por ser escrito de outra forma, com a formação de Vítor Bruno a conseguir voltar a triunfar no palco em que havia caído. Esta espécie de redenção aconteceu em jeito de goleada, com golos de Samu, Rodrigo Mora e André Franco. Os dois primeiros foram titulares pela primeira vez lado a lado e deram cartas, somando ainda uma assistência cada. Dragões vão dormir na liderança isolada da Primeira Liga e ficam à espera de Sporting e Benfica, que se vão defrontar na próxima semana (0-3).
Ficha de jogo
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Moreirense-FC Porto, 0-3
15.ª jornada da Primeira Liga
Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos
Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)
Moreirense: Kewin Silva; Dinis Pinto (Fabiano Souza, 81’), Marcelo, Maracás, Godfried Frimpong; Sidnei Tavares, Rúben Ismael (Lawrence Ofori, 63’); Gabrielzinho (Madson, 63’), Benny (Luís Asué, 81’), Alanzinho (Pedro Santos, 81’); Guilherme Schettine
Suplentes não utilizados: Caio Secco; Carlos Ponck, Leonardo Buta e Gilberto Batista
Treinador: César Peixoto
FC Porto: Diogo Costa; Martim Fernandes, Otávio Ataíde, Nehuén Pérez, Wenderson Galeno; Stephen Eustáquio, Nico González (Alan Varela, 72’); Pepê (Iván Jaime, 64’), Rodrigo Mora (Gonçalo Borges, 83’), Fábio Vieira (André Franco, 83’); Samu Aghehowa
Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos; Tiago Djaló, Vasco Sousa, Danny Namaso e Francisco Moura
Treinador: Vítor Bruno
Golos: Samu (16’), Rodrigo Mora (66’) e André Franco (88’)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Galeno (25’), Ismael (45’), Nehuén (51’), Iván Jaime (72’), Madson (77’), André Franco (87’) e Sidnei (89’), vermelho a Marco Couto (diretor desportivo, 52’)
A época tem sido de altos e baixos para os azuis e brancos, com os altos a surgirem, essencialmente, nos jogos em casa, e os baixos nas partidas fora de portas, onde o FC Porto colecionou recordes negativos que não aconteciam há mais de uma década nas últimas partidas. Ainda assim, os dragões venceram o único troféu disputado até ao momento, a Supertaça, e já chegaram a esta 15.ª jornada à procura da estabilizada, que estava mais perto do que acontecera no passado. Depois de ter somado apenas uma vitória e um empate nos cinco jogos realizados em novembro, o FC Porto entrou em campo com duas vitórias seguidas e a apenas dois pontos do líder do Sporting.
“[O Moreirense] é um adversário que está muito bem montado e organizado, com uma identidade muito própria. Vai obrigar-nos a estar com um olhar muito atento, mas queremos muito ganhar porque é um momento muito importante no campeonato. Queremos ganhar sempre. Jogar em casa ou fora representa o mesmo: três pontos. O último ciclo de jogos fora não abonou a nosso favor. Também percebemos que já jogámos contra cinco dos seis primeiros classificados e fizemos nove pontos em 15 possíveis”, analisou Vítor Bruno na antevisão à partida.
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— FC Porto (@FCPorto) December 21, 2024
Do outro lado estava um super Moreirense que, com César Peixoto no comando técnico, chegava a esta partida invicto em casa em 2024/25 — a última derrota datava de abril — e com cinco vitórias nos sete jogos realizados no Joaquim de Almeida Freitas. Os números impressionavam, mais ainda se se tiver em conta que já tinham passado por ali Benfica (1-1), Famalicão (0-0) e Sporting (2-1), juntando-se ainda o duelo com os azuis e brancos na Taça de Portugal. O registo permitia sonhar.
“A nossa margem [de erro] é a mesma. Acreditamos no que temos feito e temos sido fortes em casa. Acreditamos na equipa. Temos de melhorar o que não esteve tão bem no último jogo, com o Nacional (fora, 1-0). Vamos defrontar um FC Porto que está melhor e que tem toda a obrigação de ser o principal candidato a vencer o jogo. Sabemos que temos a possibilidade de acreditar que podemos mais uma vez surpreender, sendo humildes e organizados. Vamos sofrer em alguns momentos, mas temos qualidade com bola e temos organização. Não é só alma porque não é só com isso que se vencem estes jogos”, perspetivou Peixoto, assumindo que o Moreirense podia “conquistar pontos” em casa.
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Os dados estavam lançados e Bruno acabou por surpreender no onze inicial, ao dar a primeira titularidade oficial na equipa principal a Rodrigo Mora, que entrou por troca com Danny Namaso, o que “obrigou” Fábio Vieira a regressar ao corredor. Do outro lado, Peixoto também fez uma mexida, com Gabrielzinho a entrar para o flanco direito do ataque, por troca com Madson. O técnico cónego procurou assim surpreender os dragões na profundidade, tentando tirar proveito de Galeno jogar naquele lado como lateral.
Os primeiros minutos revelaram um FC Porto à sua imagem, a dispor de mais posse de bola e em ataque posicional. Por outro lado, o Moreirense apresentou um futebol mais direto, virado para o contra-ataque e organizado, mas a estratégia acabou por se desmoronar na primeira tentativa de golo dos azuis e brancos. Nico encontrou Mora solto de marcação na esquerda e colocou-lhe a bola na profundidade, o jovem recebeu, passou por Maracás e cruzou para Samu que, com um movimento à ponta de lança, cabeceou para o fundo da baliza (16′).
A partir daí manteve-se a tendência, com a formação portista a continuar com mais bola e a jogar com precaução, procurando não se expor às transições de um Moreirense que prosseguiu confortável com o rumo do desafio. Já na reta final do primeiro tempo, os cónegos subiram as linhas e, a espaços, conseguir encostar o FC Porto à sua área, mas a partida acabou por chegar ao intervalo equilibrada, sem ocasiões de perigo e com apenas três remates enquadrados — um deu golo.
A etapa complementar não alterou o rumo dos acontecimentos, ainda que as primeiras ocasiões tenham pertencido ao Moreirense que, através de um livre de Schettine (53′) e um remate de Alanzinho à entrada da área, criaram muito perigo junto da baliza de Diogo Costa. Com Rodrigo Mora mais uma vez em destaque, os portistas fizeram o segundo golo e deram a estocada final na partida (66′). O menino de 17 anos recebeu a bola a meio-campo e arrancou para a área, falhou um primeiro remate mas não desistiu e ganhou o ressalto, atirando depois para o fundo das redes de Kewin.
Com o resultado praticamente consumada, os cónegos não se resignaram e continuaram à procura de marcar, mas o FC Porto continuou mais perigoso e, depois de uma recuperação de Fábio Vieira, Iván Jaime falhou o golo quando tinha tudo para marcar (75′). Pouco depois, Frimpong cruzou com perigo para a área azul e branca, Schettine falhou o desvio e Dinis Pinto, à entrada da pequena área, rematou por cima (81′). A fechar, André Franco recebeu, combinou com Samu e, à entrada da área, desferiu um remate em arco para o terceiro golo (88′).
Um regresso em grande para André Franco ????
O terceiro golo do FC Porto! ????#sporttvportugal #LIGAnaSPORTTV #ligaportugalbetclic #moreirense #fcporto #betanolp pic.twitter.com/MQkzQw67ot
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