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Se foi mesmo o último, Gyökeres despediu-se da única maneira que sabe (a crónica do Sporting-Nacional) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 29, 2024

Era o jogo em que interessava quase tudo menos o jogo em si. Em pouco mais de 24 horas, o Sporting passou de ter um duelo com o Nacional a uma terça-feira à noite, a contar para a Taça da Liga, para lidar com a possível e provável despedida de Rúben Amorim dos leões, dos adeptos e de Alvalade. Em pouco mais de 24 horas, o que era futuro no Sporting tornou-se um ponto de interrogação.

O carrossel começou a girar na manhã desta segunda-feira, quando o Manchester United anunciou a saída de Erik ten Hag na sequência de nova derrota contra o West Ham. O clube disse desde logo que o adjunto Ruud van Nistelrooy seria o interino, mas também deixou bem claro que já estava a estudar soluções para uma decisão definitiva — e foi aí que entrou Rúben Amorim, que quando respondeu às perguntas dos jornalistas em Alcochete, na antevisão do jogo com o Nacional, ainda mal tinha iniciado as conversações com os ingleses.

Ficha de jogo


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Sporting-Nacional, 3-1

Quartos de final da Taça da Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Hélder Carvalho (AF Santarém)

Sporting: Kovacevic, Gonçalo Inácio (Debast, 45′), Matheus Reis (Jeremiah St. Juste, 75′), Ricardo Esgaio, Iván Fresneda (Trincão, 45′), Morita, Hjulmand, Maxi Araújo, Geny Catamo (Geovany Quenda, 57′), Marcus Edwards (Gyökeres, 45′), Conrad Harder

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Daniel Bragança, Diomande, João Simões

Treinador: Rúben Amorim

Nacional: Lucas França, João Aurélio, Ulisses Wilson, Zé Vítor, José Gomes (Djibril Soumaré, 90+3′), Daniel Penha (Chiheb Laabidi, 83′), Matheus Dias, Luís Esteves, Tiago Reis (Adrián Butzke, 68′), Rúben Macedo (Nigel Thomas, 90+3′), Isaac Tomich (Dudu, 68′)

Suplentes não utilizados: Rui Encarnação, Jota Garcês, Gustavo Garcia, Léo Santos

Treinador: Tiago Margarido

Golos: Hjulmand (53′), Gyökeres (gp, 65′ e 70′), Luís Esteves (66′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Lucas França (45+2′)

“Já estava à espera dessa pergunta… Obviamente, não vou falar do meu futuro. Porque se acontecer alguma coisa, se disser que não ou que sim, vou sempre ter de comentar. Desde o primeiro dia que vos disse que não valia a pena perguntarem, não vou comentar muito de tudo. Eu tenho muito orgulho em ser treinador do Sporting. Não comento o futuro, portanto, vamos seguir”, disse o ainda treinador leonino.

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Mas terá de comentar. Nas horas seguintes, o The Athletic avançou que Rúben Amorim era o escolhido pelo Manchester United para suceder a Erik ten Hag, com o Sporting a confirmar já esta terça-feira que os ingleses pretendem bater a cláusula de rescisão de dez milhões de euros — ou seja, a deixar bem claro que a decisão estava totalmente entregue ao treinador. Contra o Nacional, os leões sabiam que entravam em campo com Amorim. Mas não sabiam se deixavam de ter Amorim assim que o jogo terminasse.

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Neste contexto, de forma natural, o treinador leonino abordava os quartos de final da Taça da Liga com muitas mudanças no onze inicial, apostando em Geny Catamo no corredor direito e Fresneda no esquerdo, com Maxi Araújo e Marcus Edwards no apoio a Conrad Harder e Matheus Reis e Esgaio a entrarem no trio de centrais com Gonçalo Inácio. Gyökeres começava no banco, onde nem sequer estava Pedro Gonçalves, e Tiago Margarido apostava em Tiago Reis no ataque de um Nacional que não vencia desde o primeiro dia de setembro.

O Nacional demorou segundos a mostrar que iria lutar pelo apuramento, com Luís Esteves a rematar de longe para uma defesa a dois tempos de Kovacevic logo nos primeiros instantes (1′), mas o Sporting assumiu rapidamente o controlo das ocorrências. Os leões dominaram por inteiro os 20 minutos iniciais do jogo e criaram várias oportunidades de golo, com o corredor esquerdo da equipa a evidenciar-se claramente enquanto filão mais inspirado.

Matheus Reis poderia ter inaugurado o marcador com um cabeceamento ao primeiro poste, na sequência de um canto na direita (3′), mas Lucas França evitou o golo com uma grande defesa. Hjulmand também ficou perto, com um cabeceamento ao lado (7′), Fresneda acertou no poste com um remate já dentro da grande área (10′), Harder obrigou o guarda-redes dos madeirenses a outra intervenção atenta (11′) e Geny Catamo atirou contra um adversário com um pontapé à meia-volta (15′). A partir daí, porém, a equipa de Rúben Amorim não voltou a aproximar-se do golo.

O Nacional aproveitou a quebra de rendimento leonina e cresceu no jogo, subindo as linhas e soltando-se do próprio meio-campo, aproveitando para colocar em prática algumas das melhores ideias de Tiago Margarido. Daniel Penha rematou por cima já na área (31′), Ulisses cabeceou ao lado depois de um cruzamento na direita (37′) e ficava a sensação de que, à medida que o tempo passava, os madeirenses ficavam cada vez mais confiantes.

Sporting e Nacional chegaram mesmo empatados ao intervalo, sem qualquer golo, e os leões não conseguiam disfarçar uma certa escassez de criatividade no último terço. Maxi Araújo era claramente o principal desequilibrador, a par de Fresneda, mas Marcus Edwards estava totalmente desaparecido e Conrad Harder parecia algo perdido — com Gyökeres e Quenda a iniciarem exercícios de aquecimento ainda durante a primeira parte.

Rúben Amorim mexeu logo ao intervalo, lançando Gyökeres, Trincão e Debast nos lugares de Edwards, Fresneda e Gonçalo Inácio, e Maxi Araújo encostou ao corredor esquerdo para abrir espaço para Harder no ataque. O Sporting ameaçou logo nos primeiros instantes, com Gyökeres a cabecear por cima depois de um cruzamento de Maxi Araújo (49′), e acabou por não demorar dez minutos a abrir o marcador.

Catamo soltou Morita na direita, o japonês cruzou atrasado já encostado à linha de fundo e Hjulmand, depois de um alívio inicial da defesa do Nacional, atirou rasteiro e em força para bater Lucas França (53′). Amorim voltou a mexer logo depois, trocando Catamo por Quenda, mas o Nacional não abdicava de procurar os espaços que ia conquistando e viu Daniel Penha testar Kovacevic com um remate forte de fora de área (61′).

Contudo, pouco depois da hora de jogo, o Sporting conseguiu mesmo aumentar a vantagem. Gyökeres foi carregado em falta por Ulisses no interior da grande área do Nacional e o mesmo Gyökeres, na conversão da grande penalidade, não falhou (65′). Os madeirenses reagiram de forma quase imediata, com Luís Esteves a reduzir a desvantagem com um pontapé de fora de área que desviou em Rúben Macedo e traiu Kovacevic (66′), mas sonharam pouco. Na cobrança de um livre direto à entrada da grande área, Gyökeres atirou forte e seco, não deu hipótese a Lucas França e bisou (70′).

Rúben Amorim ainda deu minutos a St. Juste, Tiago Margarido também lançou Laabidi, mas já nada mudou até ao fim. O Sporting venceu o Nacional em Alvalade e garantiu o apuramento para a final four da Taça da Liga naquele que poderá ter sido o último jogo do treinador leonino ao serviço do clube. Ora, se foi mesmo o último, Gyökeres despediu-se da única maneira que sabe: com dois golos, um de grande penalidade e outro de livre direto, e a ideia de que foi novamente crucial para alcançar uma vitória.





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