Neste momento são 15, dez homens e cinco mulheres, dos 40 aos 75 anos. A maioria com esquizofrenia, alguns com depressão severa e perturbação bipolar, estabilizados clinicamente, referenciados pelo departamento de Psiquiatria do Hospital de Braga, agora Unidade Local de Saúde de Braga. Todos os dias, de segunda a sexta, das 9h00 às 17h00, têm coisas para fazer.
A associação tem várias respostas, apoio psicológico para utentes e familiares, supervisão e gestão de medicação, um grupo de leitura e de teatro em que participam voluntários e técnicos da instituição, além de boccia, natação, expressão plástica, leitura e escrita, informática, atividades no exterior, em museus e bibliotecas, relaxamento e expressão corporal. A equipa técnica é constituída por uma psicóloga, uma educadora social, uma assistente social e uma ajudante de ação direta, uma telefonista. O financiamento vem sobretudo da Segurança Social, de donativos e das quotas mensais de um euro dos associados.
Pedro Silva é voluntário, doente psicótico, esquizoafectivo. É sócio da associação mas nunca foi utente. Há quase dois anos, todas as semanas, às segundas e quintas de manhã, dedica três a quatro horas do seu tempo aos utentes. “Até certo ponto, sou um cuidador”, admite. Sente que também tem esse papel e fá-lo com gosto, dedicação e carinho “que se tem por doentes numa situação mais complicada do que a minha”. A sua história dá-lhe outro entendimento, outra perceção de quem tem à frente. “Ajuda-me a perceber coisas deles e coisas minhas. Alguns traços deles são também coisas minhas.
É um cuidador especial, doente também, autónomo, integrado socialmente. Na associação, ajuda as técnicas no que é necessário, orienta aulas de informática com noções básicas do word e mostrar motores de buscas, dá uma ajuda na atividade da psicóloga quando ela pede para os utentes escreverem num papel qual foi o melhor e o pior momento no fim de semana. “São doenças com muito estigma, aqui sentem-se seguros”, diz ao defender uma maior atenção para a área do bem-estar emocional e psicológico e a olhar para o exemplo do Canadá — “o Rolex da saúde mental” em todo o mundo, garante.