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Silêncio e tanta gente num festival de muito pouco (a crónica do FC Porto-Moreirense) – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 31, 2024

Até ao início de 2023, a Taça da Liga tinha um élan muito específico para o FC Porto. Os dragões nunca tinham conquistado a competição, o troféu era o único a nível nacional que não constava do Museu e Sérgio Conceição perseguia anualmente a vitória num torneio que já começava a ter contornos de maldição. Naquele início de 2023, o FC Porto venceu o Sporting e levantou a Taça da Liga. E o objetivo, naturalmente, esmoreceu.

Ainda assim, não deixava de fazer parte do plano natural do FC Porto: conquistar todos as competições internas e chegar o mais longe possível na Liga Europa. Os dragões defrontavam esta quinta-feira o Moreirense nos quartos de final da Taça da Liga, já depois de Sporting, Benfica e Sp. Braga garantirem presença na final four de Leiria, e procuravam continuar o registo vitorioso que levava quatro triunfos consecutivos e tinha como última marca uma goleada em casa do AVS.

Ficha de jogo


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FC Porto-Moreirense, 2-0

Quartos de final da Taça da Liga

Estádio Municipal de Aveiro, em Aveiro

Árbitro: Gustavo Correia (AF Porto)

FC Porto: Cláudio Ramos, João Mário, Zé Pedro, Nehuén Pérez, Francisco Moura (Rodrigo Moura, 76′), Nico González (Alan Varela, 70′), Stephen Eustáquio, Galeno, André Franco (Fábio Vieira, 66′), Danny Namaso (Gonçalo Borges, 76′), Deniz Gül (Samu, 66′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Otávio, Pepê, Martim Fernandes

Treinador: Vítor Bruno

Moreirense: Caio Secco, Fabiano, Maracás (Gilberto Batista, 76′), Carlos Ponck, Leonardo Buta, Sidnei Tavares, Rúben Ismael (Alan, 45′), Benny (Lawrence Ofori, 45′), Pedro Santos (Madson Monteiro, 70′), Gabrielzinho, Luís Asué (Guilherme Schettine, 63′)

Suplentes não utilizados: Mika, Kewin Silva, Frimpong, Dinis Pinto

Treinador: César Peixoto

Golos: Leonardo Buta (ag, 34′), Stephen Eustáquio (61′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Benny (14′), a André Franco (27′), a Sidnei Tavares (58′), a Alan (61′)

Vítor Bruno não realizou a habitual conferência de imprensa de antevisão, já que o FC Porto jogou na passada segunda-feira e volta a jogar já no domingo, e os dragões limitaram-se a comunicar oficialmente para aceitar o castigo que ditou a interdição do Dragão e obrigava a realizar o encontro em Aveiro — e que remontava a incidentes na primeira jornada da Liga da temporada passada, curiosamente contra a equipa de Moreira de Cónegos.

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Neste contexto, o treinador dos dragões aproveitava para fazer várias poupanças no onze inicial. Samu, Pepê e Alan Varela começavam todos no banco, André Franco, Danny Namaso e Deniz Gül saltavam para a titularidade e Zé Pedro surgia ao lado de Nehuén Pérez no eixo defensivo. Do outro lado, num Moreirense que também já conquistou uma Taça da Liga e que vinha de três vitórias consecutivas, César Peixoto não abdicava de Rúben Ismael e tinha Luís Asué como referência ofensiva.

Os primeiros instantes do jogo mostraram desde logo o que iria ser a primeira parte: poucos ataques, pouco perigo, pouco interesse. O FC Porto dominava, com mais bola e muita presença no meio-campo contrário, mas não demonstrava qualquer capacidade ou inspiração para chegar perto da baliza de Caio Secco. O primeiro remate chegou por intermédio de João Mário, que rematou ao lado de fora de área (13′), e só mesmo as incursões interiores do lateral é que iam provocando algum rasgo.

Já depois da meia-hora, apareceu o primeiro golo — um autogolo, como se o jogo precisasse de uma outra caricatura. Francisco Moura descaiu na esquerda e recebeu de Eustáquio, cruzou atrasado em cima da linha de fundo e Leonardo Buta, numa tentativa de interceção, atirou para dentro da própria baliza (34′). O mesmo Buta ficou muito perto de empatar logo a seguir, com uma incursão pela esquerda que acabou com um remate cruzado e rasteiro que Cláudio Ramos defendeu com dificuldade (37′), mas o lance foi mesmo um oásis num deserto de futebol ofensivo do Moreirense.

A melhor oportunidade do FC Porto acabou mesmo por surgir já perto do intervalo, com Danny Namaso a soltar Deniz Gül na área e o sueco, apenas com Caio Secco pela frente, a atirar ao lado (39′). Os dragões acabaram por não enquadrar qualquer remate ao longo de toda a primeira parte, em 45 minutos muito pobres que tiveram 17 faltas contra um total de 17 ações nas duas áreas.

O FC Porto foi mesmo para o intervalo a vencer o Moreirense, num jogo que era um espelho do marasmo que se vivia nas bancadas. O Estádio Municipal de Aveiro estava despido, com mais adeptos dos dragões do que da equipa de Moreira de Cónegos, e era possível ouvir períodos de total silêncio que faziam lembrar os jogos sem público durante a pandemia.

César Peixoto fez duas substituições ao intervalo, trocando Benny e Rúben Ismael por Alan e Ofori, e o FC Porto pareceu entrar com outra dinâmica — Danny Namaso teve mesmo três oportunidades logo nos instantes iniciais, com um remate que Caio Secco defendeu (47′), um cabeceamento por cima da trave (48′) e um pontapé rasteiro e ao lado (54′), algo que nunca conseguiu criar durante a primeira parte. O avançado inglês assumia-se como principal desequilibrador dos dragões e procurava claramente o golo.

O aumentar da vantagem, porém, apareceu por outros pés. À passagem da hora de jogo, Namaso soltou Galeno na esquerda, o brasileiro temporizou até deixar em Eustáquio e o médio passou por um adversário antes de rematar cruzado à saída de Caio Secco (61′). César Peixoto respondeu com outra substituições, trocando Luís Asué por Schettine, e Vítor Bruno mexeu pela primeira vez para lançar Samu e Fábio Vieira.

O FC Porto carregou um bocadinho mais, claramente à procura do xeque-mate, e tanto Namaso como Samu ficaram perto de dilatar o resultado em situações consecutivas (68′). Vítor Bruno voltou a mexer, trocando Nico por Alan Varela no meio-campo, e os dragões iam assumindo cada vez mais o controlo das ocorrências face ao desgaste do Moreirense. Até ao fim, Galeno ainda poderia ter marcado, com um remate de fora de área que Caio Secco defendeu (72′), Rodrigo Mora e Gonçalo Borges ainda entraram, mas já nada mudou.

O FC Porto venceu o Moreirense em Aveiro e garantiu o apuramento para a final four da Taça da Liga, onde vai encontrar o Sporting. Num jogo muito pobre, com pouco público nas bancadas e um silêncio que chegou a ser constrangedor, os dragões acabaram por conseguir capitalizar uns serviços mínimos que chegaram para seguir em frente.





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