No cinema, o lendário Pé Grande (ou Bigfoot, ou Sasquatch), primo norte-americano do também lendário Iéti dos Himalaias, tem dado origem a comédias (Bigfoot e os seus Amigos), filmes de terror (A Lenda de Boggy Creek, Pânico na Floresta), infantis (O Meu Amigo Pé Grande) e animações (Bigfoot em Família), enquanto que na televisão não faltam os documentários (em geral delirantes) sobre a sua existência. Já O Crepúsculo do Pé Grande, dos irmãos David e Nathan Zellner, é algo completamente diferente, um misto insólito de falso documentário do National Geographic e de fantasia zoológica. Os Zellner disfarçaram um quarteto de atores (entre eles, Jesse Eisenberg e Riley Keough) de Pés Grandes, para interpretarem uma família destas criaturas, que acompanhamos numa grande floresta dos EUA ao longo de um ano. A intenção parecer ser falar da humanidade por interposto Pé Grande. Só que além de banal e evidente, e apesar dos esforços dos intérpretes, o conceito esvai-se rapidamente porque a fita não tem enredo, só uma sucessão de episódios soltos, e depressa nos fartamos dos grunhidos e das manifestações escatológicas.
A Terra Média de Tolkien está de volta ao cinema, mas agora já não pela mão de Peter Jackson, e em versão animada. Para não perderem os direitos de adaptação à tela dos livros do autor de O Senhor dos Anéis, os estúdios New Line decidiram, no âmbito das comemorações dos 20 anos da oscarizada trilogia de Peter Jackson, produzir uma longa-metragem animada que vai buscar o seu tema a um dos apêndices daquela obra e que se passa na Terra Média quase 200 anos antes dos acontecimentos ali narrados. O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim conta a história de um dos maiores monarcas do reino de Rohan, Helm Hammerhand, envolvendo também a sua filha, Héra, e culmina numa grande batalha na velha fortaleza de Hornburg, que ficará mais tarde conhecida como Helm’s Deep. A realização está a cargo do japonês Kenji Kamiyama. Peter Jackson é consultor e um dos produtores executivos desta animação narrada por Miranda Otto, que regressa aqui ao papel de Éowyn, que desempenhou em O Senhor dos Anéis.
O casal de realizadores iranianos Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha conta aqui a história de Mahin, uma mulher de 70 anos, e viúva há 30, que vive em Teerão. As duas filhas foram para o estrangeiro e Mahin, que já só vê as amigas uma vez por ano, sente-se profunda e dolorosamente só. Um dia, atreve-se a convidar para sua casa um homem, o taxista Faramarz, um antigo militar e divorciado. Ele aceita e Mahin até lhe faz o seu bolo favorito, depois de falarem, dançarem e beberem um vinho que ela guardava há muitos anos para uma ocasião como esta. Mas com este comportamento, Mahin está a violar uma série de preceitos islâmicos e arrisca-se a ser denunciada por uma vizinha bisbilhoteira à Polícia da Moralidade, das mãos das quais, ainda há poucos dias, conseguiu tirar uma rapariga que ia presa por ter o lenço mal posto na cabeça e mostrar cabelo a mais. O Meu Bolo Favorito foi escolhido pelo Observador como filme da semana e pode ler a crítica aqui.