Ou seja, no limite pode acontecer termos um resultado muito apertado no colégio eleitoral, 270 delegados contra 268 por exemplo, bastando a mudança de voto de um só dos super-eleitores para um empate. Improvável? Sem dúvida. Mas imaginem que um dos candidatos tem vantagem no colégio eleitoral mas perdeu no voto popular e um dos super-eleitores opta por seguir… a indicação do voto popular.
Já agora refira-se que já aconteceram cinco eleições presidenciais nos Estados Unidos em que o Presidente eleito não foi aquele que recolheu mais votos populares: aconteceu em 1824, em 1876 (uma eleição que ia reabrindo a guerra civil), em 1888 (nesse ano foi o Estado de Nova Iorque a decidir a eleição, e por uma margem estreitíssima), e mais recentemente nos anos 2000 em 2016.
Houve também uma eleição, a de 1880, em que se bateram todos os recordes de eleição apertada: a diferença no voto popular entre os dois candidatos foi de apenas 0,1%, sendo que no Estado da Califórnia a diferença foi de somente 94 votos.
Regressamos no entanto a 2024 para tentar perceber o que acontecerá caso se registe um empate no colégio eleitoral e a decisão passe para o Congresso.
Ao contrário do que sucedia no século XIX, em que o Congresso só tomava posse em março, o próximo Congresso deverá tomar posse logo a 2 de janeiro de 2025, isto é, mesmo antes de se reunir para a ratificação dos resultados, o que sucederá a 6 de janeiro.
Por outras palavras, havendo empate será já o novo Congresso a decidir qual o próximo Presidente, naquela que é designada como “eleição contingente”.
No caso da Câmara dos Representantes, que teria de escolher o novo Presidente, a votação não se faria representante a representante, mas Estado a Estado, o que também é uma originalidade, cabendo um voto a cada Estado. Isto pode significar uma vantagem para Trump, pois os republicanos até podem perder a pequena maioria de que hoje dispõem na Câmara dos Representantes, mas se contarmos Estado a Estado isso dificilmente acontecerá.
Para a vice-presidência será o Senado a votar e aí é difícil saber o que pode acontecer pois é possível que os democratas percam a maioria nestas eleições – é aliás para onde apontam as sondagens, mas sondagens são apenas sondagens.
Tudo visto e revisto não é impossível que este sistema nos dê um Presidente de um partido e um vice-presidente de outro partido, basta existirem maiorias diferentes nas duas câmaras do Congresso. É porventura o cenário mais improvável – e mais irreal – de todos, mas numa altura em que todos os cenários estão em aberto ou melhor é não descartar.