A doença pneumocócica é uma das principais causas de mortalidade evitável, afetando especialmente crianças menores de cinco anos e idosos com mais de 65 anos. Em Portugal, a pneumonia causada pelo pneumococo é a primeira causa de morte por doenças respiratórias, excluindo o cancro do pulmão5. Em 2022, foram registadas mais de 4.400 mortes por pneumonia no país, o que representa cerca de 12 óbitos diários e mais de 3% do total de mortes.1 Além do impacto direto na saúde dos doentes, a doença pneumocócica representa também uma carga económica substancial, tanto pelo seu peso nas hospitalizações, como no recurso aos serviços de urgência ou mesmo em fármacos e outros tratamentos. No total, “40% dos internamentos hospitalares por pneumonia” adquirida na comunidade são atribuídos ao pneumococo, frisa Filipe Froes.
Entre as complicações mais graves, como vimos, estão a pneumonia bacteriana, bacteriemia (infeção no sangue), septicemia (infeção generalizada) e meningite, que exigem hospitalização imediata.6 Estas complicações afetam especialmente os idosos ou outras pessoas que tenham o sistema imunitário afetado, por terem maior dificuldade em combater a infeção.1,2 Mesmo sem olhar apenas para os mais velhos, a mortalidade intra-hospitalar por DIP é sempre elevada, situando-se em 16,5%4, e o custo médio por adulto internado ultrapassa os 6.000 euros só em custos diretos.4
A prevenção é fundamental para combater a doença pneumocócica, como é, de resto, em quase todas as doenças. O pneumococo é transmitido por gotículas respiratórias, como tosse ou espirros, e a manutenção de hábitos saudáveis, como a higiene oral, o não consumo de tabaco e a moderação no consumo de álcool, ajuda a reduzir o risco de infeções. O controlo de doenças crónicas, como diabetes e problemas cardíacos, também é importante. A prevenção contra infeções virais respiratórias, como a gripe e a COVID-19, pode prevenir pneumonias e complicações graves. A prevenção pneumocócica, por sua vez, é a medida mais eficaz para evitar infeções sérias, pois prepara o sistema imunitário para responder aos serotipos mais comuns de pneumococo. Se a informação ainda estiver a parecer complexa, o pneumologista Filipe Froes propõe um acrónimo que o ajudará a recordar os principais fatores de risco ou áreas chave. Chama-se ATCHIN, ou não estivéssemos nós perante uma doença respiratória: Álcool, Tabaco, (doenças) Crónicas, Higiene, Imunossupressores, Nutrição.
Referências
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[1] INE – causas de morte 2022, Maio 2024.
[2] Direcção Geral de Saúde Norma 11/2015 — Vacinação Contra Infeções Por Streptococcus pneumoniae de Grupos Com Risco Acrescido Para Doença Invasiva Pneumocócica (DIP). Adultos (≥18 Anos de Idade). 2015. Available online: (accessed on 18 october 2024).
[3] Rodrigo Costa, Rui Costa. Prevenção da doença pneumocócica no adulto nos cuidados de saúde primários: perspetivas futuras. (2023). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(6), 601-8.
[4] Filipe Froes, et al. Comorbilidades em Adultos Internados com Doença Invasiva Pneumocócica em Portugal Continental – Estudo SPHERE. Poster apresentado na 28as Jornadas Nacionais Patient Care que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa entre 21 e 23 de fevereiro de 2024.
[5] Venceslau Hespanhol, Cristina Bárbara (2020). Pneumonia mortality, comorbidities matter? Pulmonology, Volume 26, Issue 3.
[6] Morrill HJ, Caffrey AR, Noh E, LaPlante KL. Epidemiology of pneumococcal disease in a national cohort of older adults. Infect Dis Ther. 2014 Jun;3(1):19-33. doi: 10.1007/s40121-014-0025-y. Epub 2014 Apr 12. Erratum in: Infect Dis Ther. 2014 Jun;3(1):61-2.
PT-NON-03319 11/2024
Peça revista por um clínico