A iniciativa Dias do Jazz é um festival que, todos os anos, leva música às escolas do 1° ciclo, ao ensino pré-escolar da cidade e também a alunos com necessidades especiais. E desta vez, também a cadeia das Caldas da Rainha recebeu os músicos. A diretora do EPCR, Maria Helena Cardoso, salienta que a iniciativa foi bem recebida pelos reclusos e considera que é o primeiro passo para que mais eventos deste estilo possam surgir. Aquela responsável destaca que ajuda na tarefa de recuperar estes homens para a sociedade. E, por seu lado, “tentamos ao máximo que a comunidade não se esqueça destes seres humanos”, acrescenta Maria Helena Cardoso. A música ao vivo “é excelente para a saúde mental e para o bem estar de todos nós”.
A iniciativa Dias do Jazz é fruto de uma parceria entre o Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha (CCC) e o Conservatório da cidade. “É o início de uma caminhada” que o CCC quer continuar a fazer”, diz o diretor do Centro Cultural, Mário Branquinho. “A arte também cura”, acrescenta. Também a autarquia se quer associar e defende a continuação da iniciativa no futuro. Conceição Henriques, veradora com pelouro da Acção Social considera que as aulas nos EPCR são insuficientes para promover e dar bases à reintegração dos reclusos depois de cumpridas as penas.
Fernando e Delfim não escondem o sorriso nem guardam os lamentos. 2024 é o ano do cinquentenário do 25 de abril de 1974. Esperavam uma amnistia, um sinal de que a liberdade pudesse chegar mais cedo. Afinal, para quem está preso, todos os minutos contam. A vinda do Papa Francisco trouxe perdões aos jovens até 30 anos, os mais velhos não foram contemplados. Por agora, gozaram apenas 30 minutos de música tocada por um sexteto, na sala onde, inscrita nas paredes, uma frase de Torga os exorta a recomeçar.