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UNITA denuncia novos atentados e alerta para violência política e criminalidade – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 22, 2024

O presidente da UNITA, oposição angolana, denunciou esta quarta-feira novos atos de violência contra membros de partido e alertou para a intolerância política e aumento da criminalidade originada pela pobreza e inércia das autoridades.

Adalberto Costa Júnior, que falava numa conferência de imprensa em Luanda, alertou para os atos de violência que tiveram como protagonistas membros do partido, em menos de dois meses, incluindo um ataque a uma caravana de deputados no Cuando Cubango, disparos em Malanje e, mais recentemente, no Huambo, uma escaramuça numa palestra onde deveria ter participado.

Segundo o líder da UNITA – que foi substituído na ocasião pela vice-presidente do partido devido a uma sobreposição de agenda – houve um confronto entre elementos da segurança e pessoas que se preparavam para entrar no local, porque estas vinham armadas com facas.

Realçou que é “com surpresa” que a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) assiste a este tipo de práticas, que “não têm sido comuns”.

“Não deixa de merecer preocupação, de alerta para todos nós”, afirmou Adalberto Costa Júnior admitindo que seria “o autor anunciado da palestra”, ou seja, ele próprio, o alvo do ataque.

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“Isto é novo, o facto de ocorrerem em sequência e não surgir formalmente nenhum processo visível de busca de responsabilidade”, reforçou, considerando que os comunicados públicos da Polícia Nacional são um incentivo à impunidade.

No caso de Malanje, em que uma viatura onde seguia um deputado da UNITA foi atingida a tiro, a Polícia Nacional afastou num comunicado a tese de atentado, mas que se tratava de uma tentativa de assalto que visava um comerciante que se encontrava nas proximidades.

“Estamos a viver num tempo que é novo, não é normal num país que se assume como Estado democrático e de direito começarmos a ter ilhas protegidas onde não é possível fazer a pluralidade, onde outros partidos políticos, que não o partido do regime, não podem ter atividade”, criticou o dirigente, acrescentando: “Isto atenta contra a vida de toda a gente“.

Questionado sobre se entrou em contacto com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido do poder em Angola desde 1975, adiantou que “a UNITA, enquanto instituição entrou em contacto com as outras instituições”, sem obter respostas “no plano prático, porque eles são também responsáveis pelas instituições que “não estão a cumprir o seu papel”.

O presidente da UNITA, que apresentou esta quarta-feira testemunhos dos deputados que foram alvo dos alegados atentados, quis também fazer uma “radiografia sobre o estado de segurança” em Angola, focando-se na criminalidade e insegurança.

Apontou o aumento dos roubos, violência contra mulheres e crianças e homicídios e criticou a crise da Justiça, mostrando também preocupação com a feitiçaria e outras crendices fomentadas por algumas seitas religiosas que resultam muitas vezes em assassínios que ficam impunes.

“A nossa pobreza infelizmente é galopante e não tem recebido programas de combate por parte de quem governa”, frisou o dirigente da UNITA, citando medidas tomadas “sem qualquer diálogo social” como a retirada dos subsídios aos combustíveis ou a proibição recente de venda ambulante de vários produtos.

“Isto incentiva a criminalidade porque onde não há empregos, onde não há políticas de proteção ao cidadão ou à juventude, a consequência é o desespero que se instalou”, sublinhou o político.

Embora admita que a UNITA não está contra as medidas, Adalberto da Costa Júnior defendeu que o momento de “extrema miséria e desemprego”, é o “pior” para que sejam aplicadas porque “quem governa não salvaguarda os interesses do seu próprio povo”.

“Não há diálogo institucional”, lamentou, salientando que o “orgulhosamente sós tem imperado”.

Para Adalberto Costa Júnior quem está na cadeira do poder “está a transportar para Angola um estado de intolerância” e antidemocrático. “Tirem as amarras ao país, percam o medo, vamos fazer o poder local”, apelou.



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