Na quarta-feira passada, em Humvees de capota aberta, os militares israelenses escoltaram jornalistas estrangeiros para Rafah, a cidade na fronteira sul de Gaza com o Egito. Eles queriam mostrar o que conseguiram desde lançando sua ofensiva terrestre lá em maio.
Israel ignorou as objeções dos EUA, seu aliado mais próximo, ao prosseguir com seu ataque a Rafah. Mais de um milhão de pessoas estavam abrigadas na cidade antes da ofensiva, muitas em campos. Elas evacuaram novamente para evitar serem pegas na luta.
Israel disse que teve que entrar em Rafah porque os quatro batalhões restantes do Hamas estavam escondidos lá, usando túneis conectados ao Egito para contrabandear armas. Soldados israelenses nos disseram que descobriram um “ecossistema de terror” sob a cidade.
Os militares israelenses disseram ter descoberto um túnel desse tipo usado pelo Hamas nas últimas semanas.
Os israelenses também alegam que em Rafah mataram mais de 900 militantes. Mas também mataram civis. Pelo menos 45 pessoas morreram em um incêndio desencadeado por um ataque aéreo em maio, de acordo com o ministério da saúde alinhado ao Hamas.
O bairro que vimos está destruído e inabitável. Há destruição em uma escala impossível de colocar adequadamente em palavras.
Isto agora é um deserto. As únicas pessoas vistas aqui são soldados israelenses.
Não vimos nenhum dos militantes que ainda estão lutando, mas ouvimos tiros esporádicos do lado israelense, inclusive quando entrevistamos o Almirante Real Daniel Hagari, porta-voz do exército israelense.
Williams perguntou: “Como israelense, o que você acha do fato de tantos americanos estarem condenando o que Israel está fazendo em Gaza?”
“Acho que é algo que precisamos melhorar em nos explicar ao mundo”, disse Hagari em meio a tiros. “Os Estados Unidos são o maior aliado de Israel.”
Depois disso, nos disseram para nos mudar.
A luta por Rafah ainda não acabou – os líderes do Hamas ainda estão foragidos – e essa guerra sangrenta já dura nove meses.
História produzida por Paolo Marenghi. Editor: Brian Robbins.
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