Declarações “inaceitáveis”, que exigiam uma “atitude construtiva”. Foi desta forma que uma escola, localizada em Poissy, comuna francesa a cerca de 26 quilómetros de Paris, descreveu a queixa de bullying feita por um jovem de 15 anos que se suicidou no dia 5 de setembro, um dia após o início das aulas e depois de ter recebido a resposta à sua acusação.
As palavras vinham na carta que as autoridades educativas francesas escreveram aos pais da vítima de bullying, Nicolas, enviada em maio deste ano. Além destas declarações, a escola chamou “calúnia” à queixa do adolescente e avisou que esta era punível por lei, podendo levar a uma pena de prisão até cinco anos e uma multa de 45 mil euros.
O texto contido na carta colocou França em alvoroço e o governo já reagiu. “Esta carta é vergonhosa. Vergonhosa”, reforçou Gabriel Attal, ministro da Educação francês, que assumiu o cargo em julho, tendo como principal foco a luta contra o bullying, que já levou a diversos suicídios por todo o país.
A revelação desta carta ameaçadora da reitoria mostra os fracassos da educação nacional”, disse ao jornal Le Monde, citado pelo canal NDTV World.
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, também já reagiu, admitindo estar “chocada” com a carta e alertando para “a falha clara no tipo de resposta enviada aos pais, que estavam extremamente preocupados”.
A mãe do jovem, Beátrice, confessou estar “aliviada” com os comentários dos ministros, que diz terem “percebido o sofrimento do filho”, revela o jornal Barron’s. No entanto, pretende agir legalmente sob a carta enviada pela escola, havendo já uma investigação a decorrer.
“Nós éramos as vítimas e fomos tratados como os culpados”, disse, numa entrevista ao Journal du Dimanche .