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O protesto errado, no país errado – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 6, 2023

Estas últimas semanas foram reveladoras da facilidade com que, por cá, se coloca em questão o princípio básico de que numa democracia pluralista o governo tem limites ao seu poder, mas os protestos também têm limites, independentemente da bondade das causas. Vimos igualmente um grupo de jovens colocarem-se acima da lei e fora da realidade do país onde vivem.

Os militantes que atiraram tinta verde para impedir o Ministro do Ambiente de falar, e que cortaram o trânsito na Segunda Circular, não são resistentes heroicos. São mesmo os maiores inimigos de que as preocupações ambientais sejam levadas a sério. Comecemos pelo princípio: todos os protestos ilegais, sejam em nome de que causa forem, devem ser condenados, numa democracia. Por exemplo, a tentativa ilegal de impedir o lançamento de um livro em nome da defesa da família e das crianças. Quem tem críticas ou queixas, seja em nome das criancinhas ou do ambiente, que as faça, nos limites da lei. O protesto é um direito numa democracia pluralista, mas não para além da lei, ameaçando os direitos e liberdades dos outros. E neste debate faz toda a diferença estarmos a falar de um regime de liberdades. Os jacobinos na França de 1789 podiam evocar a violenta repressão da Monarquia Absolutista. Os estudantes oposicionistas em Portugal, em 1969, tinham legitimidade para corajosamente interromper o Almirante Tomás para tentar usar da palavra, porque não tinham liberdade de expressão. Hoje em dia, em Portugal, nada impede estes grupos de agirem dentro da lei para conquistar apoios, votos, chegarem ao governo. Mas é evidente que, nomeadamente, os militantes do coletivo anticapitalista Climáxico não estão interessados em conquistar apoios ou em chegar a compromissos entre os seus objetivos e os de outros setores, como é normal numa democracia. Nisso, diga-se, não andam muito longe de alguns sindicatos cuja ideia de negociação é a rendição total do país às suas exigências, custe o que custar.

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