• Sex. Set 20th, 2024

Israel existe para proteger os judeus – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Out 14, 2023

O Estado de Israel, o Estado laico de David Ben-Gurion nasceu com um propósito: dar guarida e proteger os judeus, de modo a que não mais dependessem da boa vontade de terceiros. A ideia tinha anos e decorreu da vida infernal que a grande maioria dos judeus levou em vários países e que muitos até consideravam como sendo a sua pátria. Mas também do surgimento, no decorrer do século XIX, do nacionalismo e da ideia que cada povo devia ter um Estado. Esta última tendência percorreu a Europa, nomeadamente a de leste, e levou ao surgimento da Grécia, da Bulgária, da Roménia e por aí em diante, num processo que decorreu até à paz de Versalhes, na qual vários Estados foram constituídos.

Contrariamente a estes povos, os judeus não tinham um lugar, mas vários. Inicialmente, para a sua nova terra pensou-se na zona do actual Uganda, até mesmo em Angola, mas com o Holocausto o local onde hoje se encontra Israel tornou-se incontornável. Nesse espaço os judeus tinham a possibilidade de construir um lugar onde seriam tratados como iguais e um Estado que os protegeria de qualquer ameaça. Além disso, era no Levante, mais precisamente no local dos antigos reinos de Israel e de Judá. A terra prometida deixou de ser divina, para passar a terrena, concreta e laica. A cultura militar derivou dessa necessidade, manifestada logo na primeira hora, que era a de lutar até ao fim por algo que lhes fora negado desde sempre: um tratamento digno. Esse objectivo essencial foi alcançado e Israel chegou a acolher cidadãos israelitas não judeus, como druzos, cristãos e até árabes. O Estado é judeu, mas a democracia laica. O tema tem dado pano para mangas, mas foram os judeus laicos que conseguiram um Estado alicerçado na história, cultura e religião judaica que não fosse um Estado religioso.

Vem isto a propósito porque quando se fala no conflito Israelo-árabe raramente se menciona a natureza do Estado judeu. Por que razão existe e com que fito. Percebê-lo é indispensável para que se fale de paz. Podemos acalentar mil e um sonhos de paz e prosperidade para a região (e eu sou um dos muitos que gostaria de ver Israel lado a lado com um Estado Palestiniano), mas qualquer acordo que coloque em causa a segurança dos israelitas está condenado à partida. Não por má vontade, mas por ser impossível levá-lo por diante. Ninguém deixa de combater quando o preço da paz é a morte. O Estado de Israel não vai entregar a defesa dos seus cidadãos a nenhum outro Estado, menos ainda a promessas vãs de governos cujos povos nunca sentiram na pele o que é serem constantemente perseguidos. Essa ingenuidade ditou um triste fim a milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial e não se vai repetir, mesmo que o argumento “daquela não ser a terra do judeus” ser ter voltado a ouvir na última semana.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *