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Vida dupla – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jan 21, 2024

O filho de Pedro Nuno Santos frequenta o Colégio Moderno. António Costa escolheu o mesmo colégio privado (excelente, por sinal) para os filhos. José Sócrates idem acrescentando a Escola Alemã ao leque das escolas privadas escolhidas pelos dirigentes socialistas para matricularem os seus filhos. A lista prossegue com o caso politicamente notável da socialista Alexandra Leitão que enquanto secretária de Estado Adjunta e da Educação no governo da geringonça perseguiu os contratos de associação celebrados entre o Ministério da Educação e vários colégios privados, apesar do bom desempenho desses colégios, da satisfação de famílias e alunos e das poupanças que esses contratos permitiam ao contribuinte: sim o custo por aluno era mais baixo nas escolas com contrato de associação do que nas escolas públicas. Toda esta cruzada contra o ensino privado, sobretudo aquele em que era maior a diversidade social, não suscitou qualquer questão moral à então secretária de Estado cujas filhas frequentavam então a privadíssima Escola Alemã e muito menos a penalizou politicamente à época ou agora, pois encontramo-la presentemente como a figura mais destacada na liderança e no programa de Pedro Nuno Santos.

Alguém devia traduzir para francês esta lista das preferências dos socialistas portugueses pelas escolas privadas e enviá-la à imprensa francesa e também a Amélie Oudéa-Castéra, a actual ministra da educação de França. Mal chegou ao cargo Amélie Oudéa-Castéra viu-se envolta numa polémica por ter colocado os seus três filhos numa escola privada, para mais a muito católica escola Stanislas, o que numa França enredada na armadilha do activismo laicista ainda agrava mais a polémica. Ora a senhora Amélie Oudéa-Castéra, em vez de andar a tentar arranjar justificações para o que é mais ou menos óbvio – queria uma boa escola para os seus filhos – devia pura e simplesmente dizer que segue os melhores exemplos da esquerda politicamente melhor sucedida na Europa, a esquerda portuguesa, aquela que ergueu um muro entre a forma como governa o povo e como se governa a si.

A óbvia preferência dos dirigentes da esquerda portuguesa em geral e dos socialistas nacionais em particular pelas mais reputadas escolas privadas e também pela medicina privada e por tudo aquilo que os poupe de ter de frequentar os mesmos serviços públicos que eles impõem aos demais cidadãos (sempre em nome da justiça e da igualdade), sem que sejam questionados por isso, é um óptimo exemplo do sucesso da demagogia em política.

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