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onde começa e acaba o génio e a loucura de um ícone chamado Ronnie O’Sullivan – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Abr 20, 2024

Nascido em Wordsley, em West Midlands, Ronnie não teve um início de vida fácil. Quando tinha 16 anos, o pai, Ronald John Sr., que tinha uma cadeia de sex shops na zona de Soho, foi preso por homicídio e sairia em liberdade apenas em 2010. Anos depois, a mãe, Maria Catalano, natural da Sicília onde conheceu o então marido, cumpriu um ano na cadeia por evasão fiscal. Além de ter de gerir os negócios da família, Ronnie O’Sullivan ficou também a cuidar da irmã, Danielle, de apenas oito anos. Apesar de tudo isso, cedo começou a dar nas vistas quando tinha um taco na mão e o foco na mesa: no seguimento da carreira prometedora como amador, tornou-se profissional em 1992 e tornou-se logo no ano seguinte o mais novo de sempre a conquistar o UK Championship, tendo na altura 17 anos e 358 dias. E era apenas o início de tudo.

Em 1995, O’Sullivan tornou-se também o mais novo de sempre a ganhar o Masters, com 19 anos e 69 dias. Tanto tempo depois, bate recordes ao contrário e passou a ser o mais velho de sempre a ganhar os três eventos do Triple Crown, conquistando o sétimo e último Mundial do currículo com 46 anos e 148 dias, o oitavo UK Championship com 47 anos e 363 dias e o oitavo Masters com 48 anos e 40 dias. Pelo meio, um pouco de tudo: depressão, ansiedade, alteração dos estados de humor, adição ao álcool e às drogas, um sem número de polémicas que levaram a que tivesse algumas paragens e momentos de maior fulgor sem perder os traços de Fénix renascida que sai das cinzas para bater tudo e todos fazendo um sem número de coisas em paralelo entre as quais se incluiu também o documentário “The Edge of Everything”.

Há momentos que dificilmente se conseguem explicar. No Campeonato do Mundo de 2005, O’Sullivan rapou a cabeça depois de perder 11 de 14 frames nos quartos com Peter Ebdon. No mesmo ano, perdeu também no UK Championship onde esteve sempre com uma toalha na cabeça na cadeira. Em 2006, na mesma prova, falhou uma bola fácil, deu o jogo a Stephen Hendry e deixou o pavilhão. Provavelmente nem o próprio faz hoje ideia do que se passou. Mas é aqui que o britânico difere de todos os outros: aquilo que seria uma marca para a carreira era transformado por O’Sullivan numa espécie de cicatriz de guerra. Contra os adversários e contra si. A forma como ganhou a Judd Trump na final do Mundial de 2022 foi um espelho da capacidade regenerativa que teve ao longo da carreira, o que lhe valeu o recorde de triunfos no Crucible.



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