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como é que chegaram aqui e até onde vão chegar? – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Abr 26, 2024

Poucos meses depois das eleições, Villas-Boas veio ao Dragão jogar pelo Marselha. “Tenho o máximo de respeito pela pessoa que lá está. Andamos desencontrados na relação, fruto desse jogo. Eu já disse ao próprio o porquê dessa quebra de relação. Para mim foi jogar ao Estádio do Dragão, vazio, o sócio do FC Porto e não o treinador do Marselha. O sócio do FC Porto que por acaso era treinador do Marselha e por acaso ganhou quatro títulos pelo FC Porto. Nesse dia confirmei o meu destino, no meu regresso a casa”, contou. Pinto da Costa sabia que Villas-Boas queria ser um dia presidente do FC Porto, até por perspetivar uma carreira curta de treinador, o que não imaginava era que viesse a concorrer contra si. Sobretudo a partir de 2022, quando soube que o antigo técnico ia começando a reunir “tropas” para avançar, a relação quebrou de vez. Foi assim que ambos chegaram até aqui. É agora, este sábado, que se vai saber até onde podem chegar.

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O FC Porto teve apenas dois atos até 2020 com mais do que um candidato desde que Pinto da Costa assumiu o comando do FC Porto em 1982. O primeiro, que foi mais “culpa” do número 1 do clube do que outra coisa depois de dizer numa entrevista a Miguel Sousa Tavares que precisava sair e tinha o direito de sair após “ter cumprido o dever”, teve pouca ou nenhuma história: Martins Soares tinha como bandeira o regresso de Madjer do Valencia, Pinto da Costa foi resgatar aquele calcanhar de herói de Viena, a única coisa que ficou do ato eleitoral de 1988 foi mesmo a afluência recorde num “atropelo” de 10.196 votos contra… 535. Em 1991, aí, houve mais motivo de conversa. Porque nesse triénio os dragões não estiveram bem a nível de conquistas, porque as outras promessas eram fortes – e além dessa aposta em Kenny Dalgish, que tinha sido campeão pelo Liverpool, para substituir Artur Jorge, houve o célebre episódio do lançamento de centenas de panfletos a partir de um avião com as palavras “Pela decência”. Pinto da Costa ganhou com quase 80%.

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Passando três décadas para a frente, altura em que alguém voltou a avançar contra Pinto da Costa, 2020 teve um cenário curioso quando se olha para a lista adversária de 1988: Martins Soares, ex-rival que entrou como presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar de Nuno Lobo, fez questão de estar agora no jantar organizado pela Comissão de Recandidatura do líder portista; Lourenço Pinto, que estava nesse elenco, é presidente da Mesa da Assembleia Geral e Eleitoral e volta a concorrer ao cargo; Adelino Caldeira, que ainda nesses finais de anos 80/início dos anos 90 foi “desviado” dessa lista para se tornar um dos dirigentes com mais mandatos ao lado de Pinto da Costa, vai agora deixar a Direção e a SAD. Sinais de tempos onde tudo pode mudar.

Um dicionário para perceber os 13.925 dias de Pinto da Costa na liderança do FC Porto, do Apito Dourado ao Zé do Boné

Em 2020, o FC Porto teve pela primeira vez três candidatos numa corrida eleitoral. Tudo foi atípico nesse ano marcado pela pandemia da Covid-19, onde foram respeitados os pressupostos para este tipo de atos com um sufrágio durante dois dias no Dragão Arena com cada associado a trazer a sua caneta e a ser obrigado a usar máscara. Pinto da Costa quase não fez campanha mas foi deixando uma ou outra garantia frente a dois nomes, José Fernando Rio e Nuno Lobo, que tiveram o seu espaço mediático mas nunca foram nomes muito enraizados no universo azul e branco. O líder ganhou, como não poderia deixar de ser, mas com menos de 70% numa eleição onde tinha todas as condições para “esmagar” a concorrência. Todos olharam para outra vitória, para a festa, para todo o apoio que granjeava. Ninguém olhou para os outros mais de 30%.

Oficial: Pinto da Costa reeleito para o 15.º mandato como presidente do FC Porto com 68,65%

Ninguém, salvo seja. Muitos repararam. Uns repararam em termos de análise pura. Outros repararam numa ótica de futuro. Outros ainda repararam como um espaço que foi criado e que dificilmente iria desaparecer. Só um conseguiu agarrar esse espaço e esse foi André Villas-Boas. Mas fez mais do que isso: preparou-se para agarrar esse espaço. Como foram explicando ao longo desta campanha ao Observador, quando alguns iam começando a procurando esse espaço, ele não estava lá. O antigo técnico chegou, viu e ficou com ele.



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