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A prova de fogo da Boeing. Depois de anos de atrasos, empresa vai enviar pela primeira vez dupla de astronautas para o espaço – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 5, 2024

Algures numa sala cinzenta no complexo da NASA na Florida, Sunni Williams e Bill Wilmore fazem os últimos preparativos antes de seguirem na viagem inaugural na Starliner. Sentada numa cadeira de secretária, de calções e chinelos de praia, óculos de Realidade Virtual postos, Williams assume a posição de piloto. Numa cadeira um pouco à frente, de comando a postos na mão, Wilmore simula as responsabilidades de comandante num dos últimos testes antes do lançamento.

Os astronautas, ambos com um passado na marinha norte-americana, esperaram há oito anos por este momento e todos os detalhes contam numa missão em que nunca esperaram participar. “Acho que nenhum de nós alguma vez sonhou que estaria associado ao primeiro voo de uma nova nave“, reconheceu recentemente Wilmore numa conferência de imprensa.

Com 61 anos, Bill “Butch” Wilmore está prestes a embarcar na sua terceira incursão espacial. No entanto, o agora astronauta começou a sua carreira como piloto e chegou a voar em missões em apoio às operações Tempestade no Deserto e Escudo do Deserto, durante a Guerra do Golfo, e também sobre os céus da Bósnia em apoio aos interesses dos Estados Unidos e da NATO. Da Força Aérea passou a piloto da Marinha, onde chegou ao ranking de capitão, antes de ser selecionado como astronauta pela NASA em 2000.

Enquanto astronauta, passou um total de 178 dias no espaço, entre duas missões em 2009 e 2014 — a primeira como piloto e a segunda como comandante — e durante as quais teve a oportunidade de fazer quatro passeios espaciais.”Eu adorei as outras missões e fui um elo importante nelas. Mas comandar o lançamento de uma nave é verdadeiramente o motivo para ter vindo da Marinha para a NASA”, chegou a revelar numa entrevista à Universidade de Tecnologia do Tennessee, onde se licenciou e liderou a equipa de futebol americano.

Num lado mais desconhecido, Wilmore é também pastor evangélico na Providence Baptist Church, na cidade de Pasadena (Texas). Ocasionalmente, é possível vê-lo a pregar aos paroquianos, a ensinar às crianças e jovens na catequese ou à frente de um grupo de estudo da bíblia que organiza numa prisão perto da igreja. Também já participou em várias viagens pela América Central e do Sul para colaborar com médicos e dentistas no apoio às populações locais. Nas horas vagas, o pastor Wilmore dedica-se à arte da carpintaria e a ouvir música. No telemóvel, são mais de 300 as músicas de bandas sonoras de filmes, como “Remember the Titan” (em português, “Duelo de Titãs”), e que planeia pôr a tocar durante a subida até à Estação Espacial Internacional.

À semelhança de Wilmore, Sunita Williams, de 58 anos, é também uma piloto e capitã reformada da Marinha norte-americana. Foi selecionada pela NASA como astronauta em 1998 e já passou 322 dias na Estação Espacial Internacional, tendo colaborado na sua construção. A sua primeira missão foi em 2006 e nela quebrou o recorde de uma mulher com o maior número de horas em passeio espacial, com um total de 29 horas e 17 minutos — acabaria por ser superada pela astronauta Peggy Whitson dois anos depois. No total, acumulou 50 horas e 40 minutos, com uma nova missão à EEI em 2012, sendo atualmente a segunda recordista e com possibilidade de subir novamente a primeira.

Estes não são os únicos recordes que Williams alcançou durante as missões com a NASA. Foi também a primeira a participar numa maratona a partir do espaço. Depois de em 2006 se ter qualificado para a maratona de Boston, parecia que seria impossível participar, já que a data coincidia com o período de missão na EEI, mas a organização abriu uma exceção. A mais de 300 quilómetros acima da Terra, a astronauta lançou-se numa passadeira de corrida, iniciando a prova ao mesmo tempo que os corredores em terra. Não acabou em primeiro lugar, mas terminou a prova em 4 horas e 24 minutos, enquanto os colegas a incentivavam.

Não satisfeita com a conquista, ainda viria a superar-se e a participar numa prova de triatlo também no espaço, durante a sua segunda viagem até à EEI. Desta vez foi preciso mais imaginação, já que era impossível ter acesso a uma piscina, acabando por recorrer a um dispositivo para simular o esforço da natação, antes de passar à fase de ciclismo e corrida. Depois da missão de 2021, Williams não pensou que voltaria a regressar ao espaço. “Pensei que já bastava de voar, porque é a vez da próxima geração de pessoas e é assim que deve ser, mas surgiu uma oportunidade única”, afirmou em entrevista ao India Today.





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