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a frase forte de Villas-Boas entre a gratidão por Pinto da Costa – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Mai 7, 2024

O resultado das eleições não deixou margem para dúvidas, a transição não foi propriamente mais fácil. Ainda houve aquela imagem que ficou como uma verdadeira passagem de testemunho, quando André Villas-Boas foi à tribuna do Dragão Arena dar um abraço a Pinto da Costa no encontro em que o voleibol feminino fez a festa pelo último título ganho pelo líder cessante em 42 anos, mas nem por isso os dias que correram entre o sufrágio e a tomada de posse foram pacíficos em termos institucionais – e a posição mais fria entre ambos na final da Taça de Portugal de basquetebol, em Gondomar, acabou por espelhar isso mesmo da melhor forma. Ainda assim, agora tudo ia mudar. E era nesse contexto que a tomada de posse do antigo treinador, que é sobretudo um momento solene e não tanto “político”, ganhava agora uma redobrada importância.

Em termos de clube, tudo iria mudar a partir desta terça-feira. Ou seja, os órgãos sociais liderados não só por Villas-Boas mas também por António Tavares (Mesa da Assembleia Geral), Angelino Ferreira (Conselho Fiscal e Disciplinar) e Fernando Freire de Sousa (Conselho Superior) tomavam posse, ficavam com plenos poderes respetivas pastas e outros nomes fortes lançados na campanha como Mário Santos, que vai dirigir todas as modalidades dos azuis e brancos, começaria a trabalhar a 100% na próxima temporada – sendo que grande parte das decisões tomadas a nível de plantéis estão tratadas mas há sempre outros pontos a analisar mais na vertente técnica e organizacional. Na SAD, aí, a realidade era diferente e nem mesmo os encontros entre as partes desde 28 de abril desbloquearam a inevitável troca de Conselho de Administração.

Pinto da Costa, que tem continuado a acompanhar todas as equipas como se nada tivesse mudado, não fez qualquer declaração desde as eleições. Villas-Boas, que tem também surgido em vários encontros do futebol e das modalidades, mostrou-se por mais do que uma vez triste pelos bloqueios que foi encontrando para que as equipas escolhidas por si pudessem entrar em ação, nomeadamente José Pedro Pereira da Costa, novo responsável de todas as finanças dos dragões. Entre uma e outra postura, havia uma inevitabilidade: o maior reinado de sempre de um presidente entre os principais clubes mundiais chegava ao fim, com os azuis e brancos a entrarem numa nova era depois de 42 anos em que se tornaram uma potência internacional.

Pepe, capitão da equipa de futebol, dava o mote para essa passagem. “Presidente, um caminho longo de amor ao clube, de liderança e de entrega. Um líder que levou o nome do nosso clube além fronteiras, num percurso de vitórias sem igual. Acreditou no meu trabalho quando eu era um jovem de 21 anos…E com igual confiança recebeu-me no meu regresso ao Dragão, com 36 anos. Eterna honra, orgulho e gratidão por tudo o que partilhamos e por tudo o que deu ao nosso Porto. Aproveito ainda para desejar ao presidente André Villas-Boas e à sua equipa muitos êxitos e grandes conquistas! Viva o FC Porto!”, destacou nas redes sociais o defesa internacional, numa das muitas reações esperadas ao longo de um dia marcante na história do FC Porto.

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Depois, sobre a cerimónia, algumas certezas e uma dúvida. Certeza na comparência de Pinto da Costa, que vai ocupar um lugar por inerência no Conselho Superior tal como José Lourenço Pinto. Certeza na presença de todos os novos órgãos sociais que agora, mais ou menos “a gosto”, iriam ocupar os lugares para os quais foram eleitos pelos sócios. Dúvida em relação às palavras que Villas-Boas teria no contexto em que estava inserido, entre a gratidão pelo legado que recebia e a tristeza pelos bloqueios que tem vindo a sentir. E era com sala cheia que se assistiria a esse momento na tribuna do Estádio do Dragão, com presença de todas as modalidades do clube e demais convidados como Pedro Dias, Fernando Gomes, Pedro Proença, Rui Moreira, Dom Américo Aguiar, Dom Manuel Linda, Eduardo Vítor Rodrigues Nuno Botelho, Manuel Pizarro, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Maniche, Domingos ou Álvaro Magalhães, entre 450 pessoas convidadas.

Houve um ligeiro atraso de breves minutos, a forma como se ia olhando para os relógios e para os telefones “explicava” porquê: faltava ainda chegar Pinto da Costa, acompanhado por Fernando Gomes, Vítor Baía, Adelino Caldeira e Alípio Jorge. Foi cumprimentando algumas pessoas como Dom Américo Aguiar, deslocou-se depois ao lugar de André Villas-Boas para um abraço e a palavra “felicidades”. Estava tudo a postos para o início de uma cerimónia que começou com uma frase de Cesário Bonito, um dos presidentes mais marcantes do clube no pré-Pinto da Costa. António Tavares foi o primeiro a assinar o livro de honra, antes de Lourenço Pinto tomar a palavra. “Aos líderes cessantes, a minha gratidão. Ao nosso presidente maior, um abraço de gratidão profunda por tudo o que fez. Aos que vão tomar posse, uma palavra de esperança e de fé. A todos os convidados, um muito obrigado pela vossa presença neste momento solene do clube. Um abraço aos sócios e boa sorte a António Tavares, que tenha mais sorte do que tive nos últimos tempos”, destacou.

“Enquanto representante de todos os associados, queria reafirmar que encaro este lugar sendo a consciência crítica do clube para que se mantenha na senda das vitórias. Uma palavra ainda de reconhecimento, também em especial ao presidente Pinto da Costa, que continuará a ter participação na vida do clube”, destacou de seguida António Tavares, novo presidente da Mesa da Assembleia Geral, antes de os restantes membros do órgão tomarem também posse naquele que foi o primeiro momento da cerimónia. Seguiu-se o Conselho Fiscal e Disciplinar, liderado agora por Angelino Ferreira, antigo administrador da SAD dos azuis e brancos entre 2010 e 2014 com o pelouro financeiro antes da chegada de Fernando Gomes, e a Direção, com André Villas-Boas a tornar-se oficialmente presidente do FC Porto às 12h23 desta terça-feira. Houve depois a leitura do auto de tomada posse e a entrada em cena do Conselho Superior dos dragões.

Era aqui que entraria Pinto da Costa, que por inerência entrava no órgão consultivo dos azuis e brancos a par dos elementos eleitos pelas listas A, B e D, neste caso o elenco independente liderado por Miguel Brás da Cunha. Álvaro Magalhães, Dom Américo Aguiar, Eduardo Vítor Rodrigues, Fernando Freire de Sousa (que era o cabeça de lista de Villas-Boas), Manuel Pizarro, Paulo Ramalheira Teixeira e Fernando Póvoas foram alguns dos membros chamados por ordem alfabética, antes de José Lourenço Pinto, Nuno Cerejeira Namora e o líder cessante da Direção, Pinto da Costa, num momento com uma ovação de pé de toda a sala. Seguiram-se Adelino Caldeira, Alípio Jorge, Fernando Gomes, José Américo Amorim, Paulo Mendes e Vítor Baía, que faziam parte dos anteriores órgãos sociais, e alguns dos novos membros do elenco portista.

Só mesmo às 12h48 Villas-Boas usou da palavra, com um discurso preparado que levava na mão. “Foi nesta mesma sala que aos 32 anos me tornei treinador do FC Porto para um ano mágico e agora tomo posse como 32.º presidente, que muito orgulho. Ser portista é um estado de alma. Damos início a uma nova era no nosso clube para elevar o bom nome do FC Porto respeitando o seu palmarés. Vivemos um ciclo eleitoral vivo, que foi dominado pela vitalidade e com os sócios a querem uma mudança no clube. Há três pilares fundamentais: um FC Porto dos associados, respeitador da sua génese, um clube dos sócios e para os sócios; um FC Porto vencedor, indomável, imortal e temido pelos seus adversários; um FC Porto moderno, arrojado, organizado, transparente e financeiramente sustentável”, começou por dizer o novo presidente.

Este dia convoca-nos também para sentimento de grande emoção. Não existem palavras para descrever ou até agradecer tudo o que fez pelo FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa. O presidente dos presidentes não é uma metáfora, é memória, respeito, gratidão mas é sobretudo obra, vitória e glória. Uma folha de serviços única, que traz consigo um pensar vivo e presente: ‘Este é o FC Porto que vos deixo, cuidem dele’. Jorge Nuno Pinto da Costa, assim o iremos fazer. O seu legado é eterno e será sempre respeitado”, destacou.

“Neste mundo em permanente mudança é exigida rápida capacidade de adaptação e resposta. O FC Porto está numa fase muito sensível da sua sustentabilidade futura. O caminho da recuperação será longo, mas essa é uma responsabilidade maior que encaramos com a força que é marca dos portistas. O futuro é uma janela de oportunidades e crescimento sustentado onde a criação de valor terá de ser obrigatoriamente maximizada. Estamos prontos e temos uma visão clara e um projeto definido para o clube. O rigor, a excelência e competência irão afirmar-se como a marca do nosso trabalho. Estamos aqui para assumir responsabilidades com coragem e espírito de missão de forma a honrar com lealdade os valores deste clube. Exijam de mim tal como eu vou exigir de vocês. O nosso esforço tem que ser contagiante, tem de abraçar o clube, os seus funcionários e os seus associados e usar a sua força em prol do seu sucesso”, referiu.

“Este clube é nosso e vai continuar a ser. Herdámo-lo dos nossos pais e avós, orgulhosos do que eles fizeram e os valores que nos passaram. No presente, estamos aqui todos unidos a lutar para continuar a vencer. O nosso futuro, digo mesmo o nosso destino, é um dia mais tarde entregá-lo ainda maior e mais vitorioso aos nossos filhos e netos. A nossa missão é preparar equipas de uma forte identidade FC Porto, competentes, profissionais, formatadas para ganhar e que sabem superar-se e garantir que os nossos atletas entram em campo apenas e só com os olhos postos na vitória. Este é um compromisso maior. Um pacto de sangue e alma pelo FC Porto”, prosseguiu o novo líder portista, antes do momento forte do discurso.

“Não poderia deixar de terminar este discurso sem fazer um apelo ao bom senso da administração da SAD do FC Porto. A vossa renúncia não seria jamais considerada um ato de fuga mas sim um ato nobre que vos elevaria. O clube não tem dois presidentes, tem um presidente eleito pela vontade expressa dos sócios numa mudança. Atrasar o inevitável é adiar a construção de um FC Porto mais forte de futuro e estou seguro de que é isso que vossas excelências desejam. A todos os associados do FC Porto, a todos os portistas e convidados aqui presentes o meu muito obrigado por tornarem este dia, um dia histórico do futuro do FC Porto”, concluiu André Villas-Boas, que foi de seguida cumprimentar Pinto da Costa (em alguns momentos de olhos fechados a “interiorizar” o momento) antes da passagem do hino que fechou a cerimónia.

Em atualização





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