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No dia em quase se cruzou com “Von der Meloni”, CDU sai do guião e cola políticas de Putin a AD e IL – Observador Feijoada

ByEdgar Guerreiro

Jun 7, 2024

Ao longo de quase duas semanas, a estratégia da CDU em relação à guerra na Ucrânia era simples: manter a neutralidade, lutar por uma solução pacífica do conflito e acusar as restantes forças políticas de falarem da guerra com a leviandade de quem assiste “ao longe, sentado num sofá”, e de querer atirar achas para a fogueira numa disputa em que estão envolvidas potências nucleares. A posição, mesmo não sendo a mais popular, nunca foi escondida, e o tema foi abordado em praticamente todos os comícios da coligação.

A postura, contida mas ativa, estava a resultar até agora: tirando a discórdia natural que surgiu nos debates, João Oliveira praticamente não se envolveu em bate-bocas sobre o caso. Aliás, entre os partidos da esquerda, onde a troca de recados até podia ter existido (tanto Bloco de Esquerda como Livre são vocais na defesa da Ucrânia), até foi o cabeça-de-lista comunista a puxar dos galões, acusando quem à esquerda se deixa levar “ao sabor da maré dos ventos”, que, de acordo com João Oliveira, levam neste momento à aceitação da corrida ao armamento.

O assunto ia passando entre os pingos da chuva — mais do que seria de esperar numa campanha para o Parlamento Europeu — mas a imprensa internacional mudou a situação. Esta quinta-feira, o Politico Europe divulgou uma lista com os 30 deputados mais alinhados com a Rússia nas votações do Parlamento Europeu — ou os “melhores amigos” do Kremlin, como lhe chama o jornal internacional. Nessa análise, os dois eurodeputados da CDU na última legislatura (e atuais nº 2 e 3 nas listas dos comunistas a estas eleições) aparecem destacados. Sandra Pereira está em segundo lugar, tendo votado contra todas as resoluções críticas da Rússia, tirando apenas duas, em que não participou. Já João Pimenta Lopes vem mais abaixo, em sexto, repetindo a tendência de voto da colega eurodeputada, sendo que, neste caso, não participou em quatro votações. Entre as propostas rejeitadas por ambos, está a resolução que condenava a invasão russa do território ucraniano em março de 2022.

No momento em que sai a notícia, João Oliveira prepara-se para uma arruada no Porto, na rua de Santa Catarina. É lá que é questionado pelos jornalistas, e é lá que sai pela primeira vez do guião que até aqui ia seguindo. “As políticas de Putin são privatizações, ataques aos direitos dos trabalhadores, ataques à intervenção sindical”, refere, antes de passar ao ataque à direita: “Não terão dificuldades em encontrar liberais, AD, muita gente comprometida com esse programa político que são as políticas de Putin, muito distantes das nossas”. O momento é marcante e inédito, não só pela viragem no discurso como pela menção — por si só rara por parte da CDU — e demarcação em relação ao presidente russo.

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